Danitza Luna

Danitza Luna
01.05.2018 - 30.06.2018

Arte e Ativismo na América Latina – ano III (2018)

Vive e trabalha em La Paz, Bolívia. Cartunista e designer gráfica, formada em Artes Visuais pela Universidad Mayor de San Andrés, com especialização em escultura. Desde 2011, integra o movimento político anarco-feminista “Mujeres Creando”, uma das plataformas de arte e ativismo mais importantes e influentes do seu país, que desenvolve projetos artísticos de intervenção e performance em espaços públicos, além de oficinas de arte e serigrafia e programas educacionais em universidades e sindicatos de mulheres.

Dentre as exposições recentes que participou como parte do movimento, destaque para a mostra “Muros Blandos”, no Museu da Solidariedade Salvador Allende, em Santiago do Chile (2017), onde desenvolveu, junto com as artistas Esther Angollo e Maria Galindo, uma série de murais provocativos e irônicos que ressaltaram algumas polêmicas políticas e religiosas. Já em 2016, desenvolveu especialmente para a Bienal Internacional de Artes da Bolívia (também com Esther e Maria) os projetos de intervenção pública “Altar Blasfemo” e “Escudo Anarco-Feminista Antichauvinista”, que ocuparam o muro externo do Museu Nacional de Arte da Cidade de La Paz. E em 2015, participou do Encontro Internacional de Arte de Medelín – “Historias Locales / Prácticas Globales”, na Colômbia, onde ministrou com demais membros do coletivo a oficina de serigrafia “Grafica Feminista, No acepto ser cosificada”, no Museu de Antioquia. Os resultados dessa experiência foram exibidos em um mural público na ruas de Medelín.

Durante a sua residência no Rio de Janeiro, Danitza irá coordenar um oficina gráfica feminista, que acontece em 7 datas diferentes durante os meses de maio de junho. Os resultados gráficos desses encontros estarão compilados em uma memória impressa com tiragem gratuita (número de exemplares a serem definidos durante o processo). Mais informações, por aqui.

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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Para a terceira edição (2018), o projeto tem como tema “DISSENSO E DESTRUIÇÃO” e acontece entre maio e junho. Para saber mais, clique aqui.

Ana Lira

Ana Lira
01.05.2018 - 30.06.2018

Arte e Ativismo na América Latina – ano III (2018)

Vive e trabalha em Recife (Pernambuco, Brasil). As suas experiências artísticas buscam discutir vivências políticas e ações coletivas como processos de mediação. Relações de poder e implicações nas dinâmicas de comunicação estão entre os seus principais interesses no desenvolvimento de projetos, que articulam narrativas visuais, material de imprensa, mídias impressas e publicações independentes. É especialista em Teoria e Crítica de Cultura e, nos últimos anos, também desenvolveu trabalhos independentes de pesquisa, curadoria, além de projetos educacionais articulados com projetos visuais. Participou de mais de sete coletivos durante duas décadas. É articuladora dos projetos educacionais Cidades VisuaisEntre-Frestas e Circuitos Possíveis, este último relacionado à elaboração de fotolivros e fotozines.

Recebeu o Prêmio Funarte Arte Contemporânea 2015 pela exposição Não-Dito, que foi apresentada no MABEU/CCBEU em Belém (2017) e no Capibaribe Centro da Imagem, em Recife (2015). É autora do livro Voto, publicado pela editora independente Pingado Prés, em 2014 (1ª ed.) e 2015 (2ª ed. – traduzida), que hoje integra o acervo da Pinacoteca de São Paulo e a coleção de fotolivros do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia, no Museu da UFPA (Belém do Pará). Também é pesquisadora em projetos audiovisuais – atualmente está iniciando uma pesquisa para o projeto Terrane, uma narrativa visual sobre as mulheres pedreiras do semiárido brasileiro, a partir da experiência da Casa da Mulher do Nordeste.

Durante a sua residência na Despina, Ana pretende investigar as relações e dinâmicas entre visibilidade e poder, por meio do mapeamento de saberes e compartilhamento de informações-em-cultura que não passam pelos grandes circuitos de comunicação. A artista irá coordenar a oficina “Sobre um sentir insurgente”, que acontece no nosso espaço durante 5 segundas-feiras, a partir do dia 28 de maio. Mais informações, por aqui.

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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta terceira edição (2018), o projeto tem como tema “DISSENSO E DESTRUIÇÃO” e acontece entre maio e junho. Para saber mais sobre o projeto, clique aqui.

Christian Danielewitz

Christian Danielewitz
01.03.2018 - 30.04.2018

Artista e escritor dinamarquês, mestre em Artes Visuais pela Royal Danish Academy of Fine Arts. Seu trabalho gira em torno da degradação ambiental, com foco particular nas repercussões ecológicas da indústria mineral global, em outras palavras, extração e processamento de minerais utilizados na produção de imagem contemporânea e tecnologias de comunicação. Um tipo insólito de viajante, Danielewitz usa seu status de artista para se aventurar em território contestado, trazendo imagens, objetos e substâncias tóxicas que, de certa forma, apontam verdades inconvenientes da engenharia humana: explosão, escavação, exclusão, exaustão e finalmente, extinção. Ele está particularmente interessado em territórios ocultos de contaminação e formas invisíveis de manifestação, como a natureza estranha da radiação.

Recentemente, o artista participou de exposições individuais no 3331 Arts Chiyoda, em Tóquio; no Black Sesame Space, em Pequim; e no Fotogalleriet [format], em Malmö (em colaboração com Anu Ramdas). Também participou de exposições coletivas no Herning Museum of Contemporary Art, Den Frie Centre of Contemporary Art, Fotografisk Center e Tranen Contemporary Art Center – todas instituições dinamarquesas.

Durante a sua residência na Despina, que contou com o suporte da Danish Arts Foundation e L.F.Foghts Fond, Danielewitz desenvolveu um projeto de instalação intitulado “Bento Rodrigues Steel Displacements (after Robert Smithson)”, que remete a um trabalho de 1969 do artista norte-americano Robert Smithson (1938-1973) em sintonia com a geografia pós-desastre ecológico causado pela Samarco em Minas Gerais, em 2015.

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por Frederico Pellachin

 

 

Sofia Geld

Sofia Geld
01.02.2018 - 31.03.2018

Diretora e produtora brasileira que vive e trabalha em Nova York, EUA. Sua prática explora lugares onde a arte e o ativismo se cruzam. Sofia é Bacharel em Antropologia pelo Bard College e, desde então, vem se dedicando ao campo do documentário. Foi selecionada para ser residente do UnionDocs Collaborative Studios e, de forma independente, dirigiu e produziu vídeos musicais e curtas-metragens. Seu primeiro curta, Hush, foi exibido em Nova York e Moscou. Atualmente, está dirigindo um documentário em longa metragem chamado Beba, e é produtora da série #RESIST, realizada no bairro novaiorquino do Brooklin, em colaboração com UnionDocs, Skylight inc. e Remezcla.

Durante a sua residência na Despina, Sofia desenvolveu um projeto de vídeo-instalação intitulado Palavras Cruzadas. Por meio das vozes e histórias de mulheres de diferentes classes, raças e idades, o projeto investiga as formas como as experiências dessas mulheres se cruzam numa cidade tão contraditória como o Rio de Janeiro. A vídeo-instalação ocupou um dos espaços expositivos no sobrado da Despina, durante a noite mensal de ateliês abertos “Senado Tomado”, que aconteceu em 27 de abril. Confira a cobertura do evento por aqui. Abaixo, o trailer de Palavras Cruzadas e um pequeno texto de Raphael Fonseca, um dos curadores que acompanharam Sofia durante a sua residência na Despina.

 

 

Durante o período em residência no Rio de Janeiro, Sofia Geld pesquisou e se interessou pelas diferenças na população feminina no município. Uma cidade partida socialmente e geograficamente em diversas zonas, economias, raças e sexualidades como o Rio, definitivamente é um laboratório para estudos de gênero antropológicos – como o seu filme em dois canais aqui mostrado. Em um deles, mulheres de diferentes idades são entrevistadas e relatam episódios sobre suas vidas e observações sobre a cidade. Privilégio, conflito, perdas e elogios são tecidos à essa cidade que é maravilhosa para poucas. Em outro canal, imagens de detalhes e da paisagem da cidade fazem pendant com essas falas. Na incapacidade física de olhar as duas imagens ao mesmo tempo, o corpo do público ativa sua própria imaginação e se lembra de suas próprias histórias ou de palavras ouvidas por outras mulheres de seu convívio social. (por Raphael Fonseca)

 

Mais informações
www.bebafilm.com
BEBA Film | @bebafilm

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por Frederico Pellachin

Haidar Mahdi

Haidar Mahdi
01.01.2018 - 31.03.2018

Vive e trabalha em Estocolmo, Suécia. Graduado em Konstfack, com mestrado na Royal Academy of Fine Arts de Estocolmo. A prática de Haidar traz a marca do seu multiculturalismo (mãe polonesa, pai iraquiano), que se manifesta através de um amplo interesse em uma diversidade de materiais e técnicas, principalmente a argila e a cerâmica. Seus objetos e esculturas zombam do pomposo e do opulento e beiram o kitsch. Reunir materiais “baratos” que imitam objetos reais também tornou-se parte do seu processo. Durante a sua residência de três meses na Despina, o artista pesquisou novos materiais e novas formas de combiná-los.

A residência de Haidar Mahdi na Despina contou com o apoio do fundo internacional para artistas visuais da Iaspis (www.konstnarsnamnden.se)

Mais informações
webiste: www.haidarmahdi.tumblr.com
instagram: @mahdihaidar

Texto curatorial
por Raphael Fonseca

O uso da cerâmica, da cor e de uma linguagem visual próxima ao kitsch caracteriza grande parte da pesquisa de Haidar Mahdi até agora. Sua vinda ao Brasil, curiosamente, o levou a respostas opostas a esse percurso. No lugar de explorar a tropicalidade e o cromatismo muitas vezes associado de maneira cliché a certas concepções da brasilidade, o artista desenvolveu obras com caráter industrial e com repetição de cores pretas e metálicas. Com o olhar atento a padrões geométricos encontrados em tetos de edifícios e igrejas, Mahdi criou peças feitas com couro e metal em que essas estruturas geométricas são centrais e se apresentam ao público como imagens no limite entre a escultura e a fruição bidimensional. Mais próximos da música eletrônica e do sadomasoquismo do que do samba, são obras que apontam para outras camadas em sua pesquisa e que contrastam de maneira interessante com suas peças anteriores. Silêncio e simetria são seus protagonistas – ao menos por agora.

Captação e edição: Frederico Pellachin
Música: “Metal on Metal” (Kraftwerk, 1977)

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(por Frederico Pellachin) 

Nina Wöhlk

Nina Wöhlk
01.01.2018 - 31.01.2018

Vive e trabalha em Copenhague, Dinamarca. Desde 2012, Wöhlk trabalha como curadora independente e também na produção de conhecimento em campos expandidos da arte contemporânea. A sua pesquisa lida com a inseparabilidade que existe entre o trabalho de arte e o seu contexto. No momento, ela investiga práticas performativas na arte contemporânea e as suas relações com o pensamento discursivo emergente. Cultura indígena nórdica e trauma como experiência passada reincidente são temas que percorrem a sua pesquisa.

No Rio de Janeiro, ela pretende se familiarizar com as práticas performativas do movimento neo-concreto brasileiro e a sua presença na produção artística atual.

Como curadora do triênio 2016-2018 da instituição de arte Læsø Kunsthals (localizada na pequena ilha de Læsø, no norte da Dinamarca), Wöhlk tem destacado o trabalho inovador e de vanguarda dos artistas dinamarqueses Per Kirkeby, Jørgen Haugen Sørensen e Asger Jorn, através de exposições individuais que estão se ramificando em muitos contextos e situações diferentes, tornando estes artistas relevantes e atraentes novamente. Em 2018, ela irá organizar uma exposição com Asger Jorn, membro fundador dos movimentos Situationist Ideale, CoBRA e Bauhuas Imaginiste e também do Scandinavian Institute for Comparative Vandalism – este último enfatizado na sua próxima exposição, que irá reunir artistas contemporâneos envolvidos em diálogos com o legado das obras de arte, teorias e idéias de Jorn.

Em 2017, Wöhlk organizou a exposição Khôra – Arcades, em Læsø – fruto da pesquisa de cinco artistas contemporâneos que, durante um ano, realizaram um trabalho de campo com visitas à ilha, entrevistas, práticas de estúdio e colaborações. As obras de arte individuais abrangiam a exibição de quadros ao vivo, um guia de áudio, instalações para performance e arte sonora e se estendeu por várias locações ao ar livre na ilha.

Também em 2017, ela foi assistente de curadoria de Bruno Corà, Lars Kærulf Møller e Eli Benveniste no projeto The Crowd / La Folla, uma exposição individual de Jørgen Haugen Sørensen no Museo dei Bozzetti, em Pietrasanta, na Itália.

Ao longo dos anos de 2011-2014, Wöhlk co-organizou o festival de música e arte Sejerø Festival, que transgrediu fronteiras entre os gêneros e promoveu múltiplas colaborações e experiências entre os artistas participantes.

Além dos projetos mencionados acima, Wöhlk esteve envolvida no processo de várias comissões de arte pública e na organização de seminários e palestras nacionais e internacionais sobre arte performática. Também trabalhou como assistente de curadoria no Overgaden – Instituto de Arte Contemporânea, e como assistente de pesquisa para o grupo de artistas Superflex.

A residência de Nina Wöhlk na Despina conta com o apoio da Danish Arts Foundation e Knud Højgaards Fund, Dinamarca.

Mais informações:
www.ninawoehlk.dk

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Lorna Bauer

Lorna Bauer
01.11.2017 - 30.11.2017

Nascida em Toronto, vive e trabalha em Montreal (Canadá). Recentemente, apresentou seu trabalho no The Loon, Toronto; Galeria CK2, Nova York; The Darling Foundry, Montreal; Model Projects, Vancouver; no Musée d’Art Contemporain de Montréal, entre outros espaços. Já participou de inúmeras residências nacionais e internacionais, incluindo estadias no The Couvent des Récollets, Paris; Residência Quebec-Nova Iorque (financiada pelo Conselho das Artes e Letras do Québec); o Banff Center, Alberta e o Atlantic Center for the Arts, na Flórida (trabalhando com o artista Josiah McElheny). Também é responsável pela gestão do espaço L’escalier (juntamente com os artistas Jon Knowles e Vincent Bonin), localizado em Montreal.

Sua prática artística transita pela fotografia, instalação e, mais recentemente, pela utilização de materiais como vidro e bronze. Sua linguagem formal e uso de materiais aludem a idéias desenvolvidas através do planejamento urbano e da teoria urbana. Seu trabalho está centrado em exemplos específicos de arquitetura, planejamento urbano e psicopatologias do século XX.

Os projetos de Bauer geralmente são caracterizados como relacionados ao espaço, levando a um resultado final que respondeu a um local e contexto específicos. Seus interesses são amplos e variam de tópicos que vão da planta urbana da cidade de Paris – em particular as velhas arcadas e o cultivo subterrâneo de cogumelos nas catacumbas parisienses -, “Haussmannização”, jardins utópicos da costa oeste norte-americana dos anos 70 até as cartas de Walter Benjamin para o amante, descrevendo a ilha de Ibiza durante seu exílio. Todos esses projetos tratam de espaços e a maneira com que eles moldam as percepções individuais e a correlação entre o ambiente natural e o ambiente construído.

O centro de arte contemporânea Diagonale e o Conseil des arts de Montréal, em parceria com a Despina,  contemplaram Bauer com uma bolsa integral para participar do nosso programa de residências. No Rio de Janeiro, a artista pretende pesquisar e fotografar a paisagem urbana da cidade e como esta se cruza e se encaixa no ambiente natural exuberante, que inclui as florestas tropicais. Em particular, a artista irá concentrar a sua pesquisa em um dos mais proeminentes nomes da arquitetura paisagística do Brasil, Roberto Burle-Marx (e seus contemporâneos). A filosofia de Burle-Marx é contígua a dos modernistas canadenses, Arthur Erickson e Cornelia Oberlander, ambos já pesquisados pela artista em projetos passados. Todos esses visionários do design paisagístico utilizaram plantas nativas e materiais naturais locais, o que é revelado na continuidade entre espaços construídos e naturais, na atenção plena sobre como nos movemos pelo espaço e no interesse peculiar por reflexo e materiais que refletem. Tendo como ponto de partida seus projetos anteriores, Bauer deseja examinar assuntos relacionados ao desenvolvimento urbano e renovação urbana e, em última análise, questionar sobre o que escolhemos construir ou destruir em nosso ambiente local (tanto natural quanto artificial) e como isso pode refletir na nossa ideologia e no inconsciente coletivo.

Mais informações
www.lornabauer.com

Texto curatorial
por Alexandre Sá

Lorna Bauer é canadense e tem uma trajetória que conjuga múltiplas linguagens e que conta com a fotografia como eixo norteador. Para essa residência a preocupação primordial foi intercalar as relações entre a arquitetura, a paisagem e a natureza. Se no começo havia o desejo de investigar as proposições e o legado de Burle Marx, aos poucos a artista redescobre o trabalho de Margareth Mee e suas ilustrações que surgem aqui como um fio condutor para o estabelecimento de uma relação performática com o público, num jogo sagaz que questiona nossas heranças, nosso processo catalográfico e botânico, além da nossa ignorância diante daquilo que nos erige. Embora a elegância e o refinamento visual sejam elementos identificáveis em sua trajetória, o diálogo direto com o espectador e a abertura poética representam inquestionavelmente um giro em sua produção. Importante considerar que o tempo curto e a pluralidade de referências não foram um impedimento para a pesquisa da artista. Embora tenham ocorridos alguns giros dentro de tal processo, o desejo fundamental de pesquisar as relações de aproximação e distanciamento entre a paisagem e a arquitetura estabelecendo vínculos minimalistas foi mantido.

Apesar de ter conseguido ultrapassar todas as exigências feitas pelo Sítio Burle Marx e ter finalmente conseguido registrar pequenos instantes e composições no espaço, a artista termina por compreender que a lógica fotográfica estabelecida ali não era suficiente para uma apresentação a ser feita para o público. Talvez seja possível considerar que o mais interessante deste processo, é, no caso de Lorna Bauer, o fato de uma certeza empírica muitíssimo potente que não faz concessões ao público. Embora isto possa parecer em um primeiro momento, um problema na relação entre obra e espectador, aqui, o que surge, é um inquestionável poder de manter-se como estrangeira dentro de uma lógica entrópica que eventualmente deseja tornar sempre o artista, parte de um exercício antropológico ou etnográfico. Provocando por consequência, a falsa sensação de que tal figura seria capaz de compreender o lugar do outro. E mais, estar diluída na figura do outro-cultural. Esse sintoma contemporâneo, surgido a partir de outros trabalhos nos anos 2000, pode ser sempre uma cilada extremamente complexa para a nova geração, principalmente no caso de viagens e residências; inevitavelmente influenciadas por todo o histórico de pintores viajantes e pela relação onipresente e perigosíssima estabelecida entre colonizados e colonizadores.

Por outro lado, a ausência de interação e permeabilidade de experiências, pode desembocar em uma sensação de neutralidade mútua que termina por não justificar um processo de residência. Se como já havia defendido em um texto chamado A obra de arte na era da reprodutibilidade turística, somos atualmente, turistas de turistas de nós mesmos, em que medida o processo de deslocamento entre estados, países e continentes, ainda é relevante para o processo de formação do artista-pesquisador?

Para Lorna Bauer, tal processo de transferência, incluindo suas reverberações psicanalíticas, é e foi fundamental para um processo de transmutação do olhar e inversão de uma lógica de adestramento que toda a produção poética, quando ligada ao sistema, é capaz de provocar. Apesar de percebermos uma postura ligeiramente distanciada, quase brechtiana, diante do seu objeto de pesquisa e neste caso, da própria brasilidade, tal posicionamento termina por promover um certo tipo de clausura epistêmica que reinventa o seu trabalho, apontando para novas questões e novas linguagens. Importante destacar que aqui, no Despina, a artista optou por idealizar uma performance, tendo um botânico como realizador. Tal exercício nunca havia ocorrido dentro de sua trajetória e considerando sua tendência inquestionavelmente formalista, trata-se de uma pequena revolução. Íntima. Pessoal. E vizinha do torpor micropolítíco.

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(por Frederico Pellachin)

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Britt Dorenbosch

Britt Dorenbosch
01.11.2017 - 30.11.2017

Vive e trabalha em Utrecht, Holanda. Graduada em 2013 pela HKU University of the Arts Utrecht.

Na sua prática, que engloba pintura e desenho, Dorenbosch revela de modo direto e objetivo o ambiente que a circunda. Ao pesquisar os objetos com os quais se depara em sua vida cotidiana, ela procura, além das características materiais, investigar as histórias e memórias que estão embutidas neles. É neste encontro que a artista legitima o poder e o prazer do seu fazer artístico.

Algumas questões que irrompem na sua prática:  o quão bem conhecemos as coisas que nos cercam e como elas definem nosso senso de lar? Sua pesquisa é muito individual e pessoal, mas seu trabalho é renderizado de maneira abstrata, o que permite ao espectador se relacionar com ele.

No Rio de Janeiro, desgarrada de seu ambiente familiar, Dorenbosch é forçada a procurar outras maneiras de se sentir em casa.

Mais informações
mail@brittdorenbosch.nl
www.brittdorenbosch.nl
instagram: @britt_dorenbosch

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(por Frederico Pellachin)

Mariona Lloreta

Mariona Lloreta
01.10.2017 - 30.11.2017

Vive e trabalha entre Nova York e Barcelona. Na sua prática, que combina cinema, artes visuais e escrita, Mariona está interessada em compartilhar a beleza e a complexidade de diferentes culturas. Neste processo, ela busca desafiar qualquer noção preconcebida e contribuir para a construção de um mundo mais aberto e tolerante. Um desejo ávido em documentar comunidades pelo mundo permitiu que a artista transcendesse os limites de sua Barcelona natal para trabalhar e viver em países como Nigéria, Brasil, China, Itália ou Estados Unidos.

Seu trabalho exige uma conversa entre si e o espectador sobre identidade, comunidade, autonomia, transição, espiritualidade, tradição e liberdade. Mariona procura superar as diferenças e celebrar o fio universal que liga a experiência humana. Seu objetivo é encontrar um terreno comum em todas as culturas para capturar experiências comuns, transmitindo um senso de união e honrando nossas histórias.

Seu último curta-metragem, “Amenze, entre dois mundos”, recebeu o prêmio de melhor cinematografia no Reel Sisters Film Festival (Nova York), além de ter sido indicado na categoria melhor filme internacional no Festival de Cinema de BronzeLens (Atlanta). Também faz parte da seleção oficial de vários festivais de cinema de renome, incluindo Zinebi (festival de qualificação para o Oscar em Bilbao, Espanha) e BlackStar Film Festival (Filadélfia, EUA).

Mais informações
Email: hello@marionalloreta.com
www.marionalloreta.com
Instagram: @marionalloreta.com

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(por Frederico Pellachin)

Amanda Coimbra

Amanda Coimbra
01.10.2017 - 31.10.2017

Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formada em Artes Visuais pela School of the Art – Institute of Chicago (2007-2011). Participou das exposições individuais: Memoria de un álbum de viaje – URQUIZA, Buenos Aires, Argentina, 2016; Between the Moon – Photobastei, Zurique, Suíça, 2015; Brasil en la conciencia colectiva – Proyecto ‘ace, Buenos Aires, Argentina, 2012. Entre as principais exposições coletivas das quais participou estão: Temporada 26 – Espacio de Arte Contemporáneo, Montevidéu, Uruguai, 2017; Semillero – Proyecto ‘ace, Buenos Aires, Argentina, 2016; Reunion – Lehrter Siebzehn, Berlim, Alemanha, 2014; Horizontes transmutados – Centro Cultural Brasil-Argentina, 2014; Plan de Juego 3 – El Ojo Errante, Buenos Aires, Argentina, 2014.

Participou das residências artísticas Espacio de Arte Contemporáneo, Montevidéu, Uruguai (2017) e Picture Berlin, Berlim, Alemanha (2009). Depois de 10 anos morando no exterior, Amanda está de volta ao Brasil e durante a sua residência na Despina desenvolverá o projeto colaborativo “Brasil na consciência coletiva”.

Mais informações
http://www.amandacoimbra.net

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(por Frederico Pellachin)