Agrippina R. Manhattan

Agrippina R. Manhattan
01.08.2019 - 31.08.2019

“Me chamo Agrippina R. Manhattan, sou artista, professora e travesti. Sinto que estas são as palavras que mais se aproximam daquilo que entendo por mim mesma. Me interesso em me interessar pelas coisas, desconfiar das palavras e entender o que já estava em mim antes delas. Me interesso em entender como esse mundo já existia antes de mim, como as coisas já foram organizadas e onde me insiro, minha experiencia é tanto única quanto banal, e pela infinidade do ser me conectando a tudo o que é maior. É isso que me interessa e creio que meu trabalho parta daí. Tenho muito desejo de reorganizar o mundo, destruir e criar, gênesis e apocalipse em 1,78 cm com longos cabelos negros.

Autoficção tornada imaginação se infiltrando no real, criei a mim mesma e posso criar o que for. Meu trabalho às vezes se materializa, me interesso muito por poesia, acho um jeito honesto de lidar com a mentira das palavras, as coisas ficam mais próximas do coração (isso mesmo é uma mentira, mas posso crer). Gosto de escutar, por mais que nem sempre consiga. Aprender leva tempo, ainda aprendo e quero aprender sobre tudo. Eu posso, faço parte. Saí de São Gonçalo no dia 17 de março de 2019, realizei ali um salto ontológico que nunca me pareceu sequer possível imaginar, parecia um sonho. Agora entendo que o sonho é real, ele é futuro, profecia e palavra. Acredito que quanto mais conhecer mais sonharei, e quando mais estiver junto com outras pessoas mais aprenderei. Por isso entendo hoje que a posição de professora se coloca como única possibilidade para o meu ser (entendendo ensinar como um processo de ensinar-aprender)”. 

Mais informações
http://agrippmanhattan.wordpress.com

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A residência de Agrippina R. Manhattan foi comissionada por meio de uma doação organizada por Alexander e Chantal Maljers-van Erven Dorens em homenagem à Matheusa Passareli, dentro do programa Corpos Estranhos, concebido em conjunto pela Despina e Sabine Passareli. Mais informações, por aqui.

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Galeria de Fotos
em breve

Iah Bahia

Iah Bahia
01.08.2019 - 31.08.2019
[bio atualizada em janeiro de 2024]

São Gonçalo, 1993 (RJ). Trabalha com diferentes materialidades, buscando a forma desde a experimentação, processo e abstração. Desenvolve sua prática-pesquisa com base na observação do espaço habitado e em sua relação transdisciplinar com a matéria-tecido, matéria-lixo, matéria-papel e outros elementos compositivos e transitórios. Suas obras evidenciam tensões e conflitos entre matéria, forma, texturas e planos cromáticos a partir de proposições imaginativas e processuais, convocando o rearranjo das matrizes polinizadoras em poéticas ecossistêmicas.
Tendo iniciado seus estudos artísticos em cursos livres na Escola de Artes Spectaculu e na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, é formada no curso técnico em Design de Moda pela Anhanguera. Atualmente, cursa a Graduação em Escultura na Escola de Belas Artes da UFRJ. Como artista selecionada, esteve presente na Elã, residência formativa no Galpão Bela Maré (2022), e no programa de residência do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (2020).

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A residência da artista Iah Bahia foi comissionada por meio de uma doação organizada por Alexander e Chantal Maljers-van Erven Dorens em homenagem à Matheusa Passareli, dentro do programa Corpos Estranhos, concebido em conjunto pela Despina e Sabine Passareli. Mais informações, por aqui.

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Jade Maria Zimbra

Jade Maria Zimbra
01.08.2019 - 31.08.2019

Nascida e moradora do Jardim Catarina, São Gonçalo (RJ), iniciou suas pesquisas artísticas no teatro e encontrou desdobramentos na música, na dança, nas artes plásticas, na poesia e no audiovisual, reunindo suas descobertas através de experimentações performáticas.

Por meio dessas diversas linguagens, a artista busca elos e diálogos com memórias ancestrais e futuristas, tensionando questões que atravessam e ultrapassam corpo-mente-espírito sob a perspectiva de gênero e raça.

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A residência de Jade Maria Zimbra foi comissionada por meio de uma doação organizada por Alexander e Chantal Maljers-van Erven Dorens em homenagem à Matheusa Passareli, dentro do programa Corpos Estranhos, concebido em conjunto pela Despina e Sabine Passareli. Mais informações, por aqui.

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Linda Marina

Linda Marina
01.08.2019 - 31.08.2019

Nasceu no Jardim Apurá, periferia da Zona Sul de São Paulo, e mudou-se ainda nova com a sua família para Campo Grande, Zona Oeste do Rio de Janeiro, onde começou cedo a desenvolver suas primeiras ações artísticas e a movimentar seu entorno. Foi uma das integrantes do Movimento Nefelista, grupo de jovens que se reuníam para fortalecer a cena local na região, deixando uma marca registrada na produção artística da Zona Oeste. Dá um giro por vários cantos da cidade, estudando, fazendo e produzindo teatro.

Em 2014, chega ao Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro e lá começa a fazer parte da UPAC – Universidade Popular de Arte e Ciência e a atuar no Teatro de DyoNises, ambos com sede dentro da ocupação artística Hotel da Loucura, projeto que transformou dois andares de enfermarias desativadas dentro do antigo Hospital Psiquiátrico Pedro II, conhecido inicialmente pelo terrível nome “Hospital das Alienadas” e atualmente chamado de Instituto Municipal Nise de Silveira, uma homenagem à doutora Nise da Silveira, que trabalhou no lugar e foi a precursora na humanização do tratamento psiquiátrico dentro do campus, deixando um grande legado que até hoje tem inúmeros desdobramentos.

Durante três anos atuou em diversas frentes dentro da proposta da UPAC, desenvolvendo inúmeras ações, e no período de um ano morou dentro do hospital, totalmente imersa na luta de transformação da lógica manicomial, que ainda se faz presente, hoje por meio da alta dopagem de medicação. É uma das criadoras do Jornal ReorgaNise – impresso pela luta antimanicomial – e que nasceu com o objetivo de ser um canal de comunicação para os internos do Hospital e de preencher um lugar de diálogo entre os arte-cientistas – interessados nas propostas de mudanças – e os que por inúmeros motivos fazem a manutenção da lógica manicomial, médicos e trabalhadores que não buscavam uma transformação nas formas de “tratamento da saúde mental”.

Formada em realização e produção audiovisual na Escola de Cinema Darcy Ribeiro, Linda possui uma formação interdisciplinar que passa por jornalista independente, atriz, performer, pesquisadora e cineasta. Atua também nas áreas de direção criativa, roteiro, produção, edição de vídeos e comunicação.

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A residência de Linda Marina foi comissionada por meio de uma doação organizada por Alexander e Chantal Maljers-van Erven Dorens em homenagem à Matheusa Passareli – dentro do programa Corpos Estranhos, concebido em conjunto pela Despina e Sabine Passareli. Mais informações, por aqui.

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Ben Gooding

Ben Gooding
01.07.2019 - 31.07.2019

Vive e trabalha em Londres, Reino Unido.  É artista visual e professor do Camberwell College of Art – em colaboração com a University of the Arts London. Graduado com distinção em Artes Plásticas (Gravura) pela Cambridge School of Art, terminou seu mestrado em 2008 na Central St. Martin’s School of Art and Design. É membro do Saturation Point Projects, um coletivo curatorial e editorial de artistas cujas práticas são reducionistas, sistemáticas e geométricas.

Seu trabalho é baseado principalmente em uma prática sistemática de desenho que explora como um simples conjunto de regras iniciais pode gerar uma alta complexidade de estruturas e composições. Muitas vezes ele usa a repetição de uma linha idêntica como ponto de partida, mas o resultado final é sempre baseado em certos princípios matemáticos que sustentam cada peça.

Esta residência na Despina é a continuação de um corpo de trabalho iniciado em 2018 na residência Bakkali Tasarim em Istambul, onde a sua prática de desenho foi “elucidada” em 3 dimensões. No Rio, Gooding desenvolveu uma instalação que utiliza fios coloridos conectados a uma série de paredes geométricas desenhadas previamente. As obras de Istambul foram todas realizadas com fio preto, mas as estruturas que surgiram na Despina são processadas em um movimento de três cores, que se fundem e se misturam entre si. Após a residência, quando retornar a Londres, o artista estará à frente da curadoria de uma grande exposição coletiva na galeria Arthouse1, intitulada “Iterações”, que explora as diversas maneiras que os artistas utilizam a repetição de formas para gerar obras de arte apuradas e sedutoras.

Recentemente, o artista participou de exposições individuais em Istambul, Vancouver e Londres, além de inúmeras exposições coletivas como “8 lines”, na Platform A Gallery (Middlesborough); “Momentum”, na Angus-Hughes Gallery (Londres); “In Line”, na Griffin Gallery (Londres); “Static / Kinetic”, na Alice Black Gallery (Londres) e “From Center”, na Loud & Western Building (Londres).

A residência de Ben Gooding na Despina teve o suporte de um fundo de desenvolvimento profissional da University of The Arts London.

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Texto crítico, por Victor Gorgulho

Há uma relação óbvia entre os trópicos e a cor. Na história da arte, não são poucos os episódios em que artistas nascidos no hemisfério norte deslumbram-se com a sensualidade da luz das bandas do sul, em seu infindo espectro de nuances e tons. De Gauguin e suas incursões pela América Central a diversos outros casos da contemporaneidade, a cor apresenta-se como elemento chave nos experimentos de artistas que aterrissam nas bandas de cá. Durante seu período de residência na Despina, Ben Gooding deu prosseguimento a sua pesquisa escultórica de caráter minimalista e sistemática. Subvertendo aquele que parece ser um código típico deste tipo de produção – usual e fartamente vista em tons de preto, cinza e afins – o artista inglês apresenta o último de seus experimentos, nesta edição do Senado Tomado. Nele, fios em tons de rosa, roxo e pêssego entrelaçam-se e tomam o espaço, fundindo-se em uma exuberante arquitetura que conjuga materialidade e leveza, sombra e luz.

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por Frederico Pellachin

Ania Reynolds

Ania Reynolds
01.07.2019 - 31.07.2019

Compositora e música que vive em Melbourne, na Austrália. Seu amor pela música em suas muitas formas e como uma linguagem universal levou a artista a trabalhar em uma ampla gama de estilos, desde composição para teatro e cinema, passando por apresentações em bandas, e culminando com o lançamento de seu primeiro álbum solo como artista da música eletrônica, Synthotronica. Como compositora de trilhas sonoras, ela colaborou em projetos que vão desde instalações de áudio até dança contemporânea, teatro infantil e videoarte, além de uma recente performance solo no Planetário de Melbourne.

Seu projeto de residência na Despina é intitulado This City This Sound (“Esta Cidade / Este Som”), uma peça sonora que apresenta os sons da cidade do Rio de Janeiro, construída através de uma experiência psicogeográfica. O interesse da artista está nos sons e ruídos que compõem uma cidade – quais são as características sonoras de uma cidade e quais são os sons que contribuem para sua identidade? A partir dessa paleta diversificada, a artista cria uma composição, incorporando as gravações com outros elementos musicais em uma peça sonora apresentada no espaço da Despina durante a mostra final de residências. Após essa apresentação no Rio, Ania planeja construir uma serie de outras composições utilizando o mesmo processo, empreendendo o seu projeto This City This Sound em outras cidades ao redor do mundo.

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Texto crítico, por Victor Gorgulho

This City This Sound, peça sonora que Ania Reynolds apresenta nesta edição do Senado Tomado, pode ser definida como um compêndio de sons, ruídos e vozes coletadas pelos arredores do Rio de Janeiro, durante o período de residência da artista australiana na Despina. No entanto, mais do que apenas uma justaposição destes elementos diversos, a obra arquiteta, em sua sutileza e riqueza de detalhes, uma verdadeira topografia sonora da cidade. Assim, sons prosaicos transmutam-se em melodia; trechos de conversas evocam narrativas urbanas interrompidas; ruídos compõem atmosferas ora sombrias ora oníricas. Ao longo de seus dezessete minutos de duração, a cidade desenrola-se, revela-se nova: familiar e também estranha, corriqueira e sempre fascinante, em si.

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Mais informações
https://www.aniareynolds.com/
https://www.facebook.com/synthotronica/
https://synthotronica.hearnow.com/


Galeria de fotos
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por Consuelo Bassanesi e Frederico Pellachin

 

Paul Setúbal

Paul Setúbal
27.05.2019 - 30.06.2019

Natural de Aparecida de Goiânia (GO), vive e trabalha entre Goiânia, Brasília e São Paulo. É Doutor, Mestre e Licenciado em Arte e Cultura Visual pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Suas obras fazem parte de coleções públicas como o Museu de Arte do Rio, Museu de Arte de Brasília, Museu de Arte Contemporânea de Goiás e Casa do Olhar Luiz Sacilotto. É integrante do Grupo EmpreZa de performance.

O corpo é uma dimensão constantemente explorada em sua produção, um importante suporte material, social e geográfico de discussões que permeiam situações de conflito, seja como modo de vivenciar e testar seus limites físicos, ou como uma forma de traduzir relações de poder. Sua pesquisa se desenvolve em diversos meios como escultura, instalação, desenho, pintura, vídeo, fotografia e performance, abordando as problemáticas e simbologias do corpo na sociedade contemporânea, seu uso, controle, relações de violência, resistência, abuso e poder.

Durante a sua residência na Despina, o artista irá desenvolver trabalhos que lidem com a situação política e social do país, sempre atento aos acontecimentos cotidianos que rondam a cidade do Rio de Janeiro e o entorno da residência.

Exposições individuais
Corpo Fechado, na C Galeria, Rio de Janeiro, Brasil [2018]; Dano e Excesso, Galeria Andrea Rehder, São Paulo, Brasil [2016]; Aviso de Incêndio, Elefante Centro Cultural, Brasília, Brasil [2015].

Exposições coletivas
29ª Edição do Programa de Exposições do Centro Cultural São Paulo, São Paulo, Brasil; 36º Panorama de Arte Brasileira, Museu de Arte Moderna, São Paulo, Brasil [2019]; Arte Democracia Utopia: Quem não luta tá morto!, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil; Demonstração por Absurdo, Instituto Tomie Othake, São Paulo, Brasil [2018]; As Bandeiras da Revolução, Fundação Joaquim Nabuco, Recife, Brasil; 13° Verbo, Galeria Vermelho, São Paulo, Brasil; Osso, Instituto Tomie Ohtake, São Paulo, Brasil [2017]; Dark Mofo, Museum of Old and New Art, Tasmânia, Austrália; Behind the sun, HOME, Londres, Inglaterra; A Cor do Brasil, Museu de Arte do Rio, Rio de Janeiro, Brasil [2016]; Terra Comunal: Marina Abramovic + MAI, Sesc Pompéia, São Paulo, Brasil [2015].

Prêmios/Residências
7º Prêmio de Residência SP-Arte, Delfina Foundation, Londres, Inglaterra [2019]; Prêmio Foco Bradesco ArtRio, Residência Despina, Rio de Janeiro, Brasil; Pivô Arte Pesquisa [2018]; 45° Salão de Arte Contemporânea Luiz Sacilotto, Prêmio Aquisição [2017].

Mais informações
Facebook: https://www.facebook.com/paul.setubal
Website: https://www.paulsetubal.com
Instagram: @paulsetubal

Esta residência é resultado da premiação recebida pelo artista na 6ª edição do Prêmio FOCO Bradesco ArtRio em 2018.

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Texto crítico, por Victor Gorgulho

Como um artista-flâneur, Paul Setúbal utilizou seu período em residência na Despina para explorar o Rio de Janeiro em seu locus essencial: a rua. Em suas andanças pela antiga sede do império português, deixou-se fisgar por detalhes de ordens diversas, de detalhes arquitetônicos nos sobrados coloniais a símbolos militares espalhados por ruas, prédios, objetos, instituições e mais. Tais vestígios coloniais do balneário – enraizados em nosso imaginário e cotidiano – são a base da série de trabalhos iniciados durante a residência, em que o arista utiliza suportes como cintos e adornos de cela de cavalo para tecer (e subverter) as estórias neles inscritas. Valendo-se da ambiguidade destes objetos – usualmente peças de autoria desconhecida – o artista transforma-as em esculturas dotadas de narrativas, ainda que sutis. Paul coloca em cheque, então, a própria natureza destes ornamentos: entre a brutalidade e a torção, entre a história oficial e as histórias ocultas. O adorno colonial, entre o enfeite e a violência.

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por Frederico Pellachin

 

Maga Berr

Maga Berr
16.05.2019 - 31.07.2019

Nascida em Lima (Peru), vive e trabalha em Amsterdã (Holanda). A sua prática artística é influenciada por testemunhos pessoais das diversas lutas pelo poder e pela emancipação de seu país de origem. Seu objetivo no momento é realizar o projeto “Uma casa para o desconhecido”, que será desenvolvido durante a sua participação no nosso programa de residências e na cidade em que vive, Amsterdã (dentro do contexto de residência do CBK Zuidoost).

Neste projeto, Berr está interessada em observar as desigualdades sociais dentro dos sistemas urbanos de habitação, planejamento urbano e design. Como as pessoas são excluídas ou incluídas? E porque? Parte do problema é devida à gentrificação, uma conseqüência das nossas sociedades desiguais. Em sua prática artística, a artista geralmente explora e desafia as desigualdades sociais ou históricas através de um processo escultórico. Para desenvolver seu projeto no Rio, a artista conectou-se com pessoas afetadas positiva ou negativamente por essa situação de desigualdade urbana. Durante o processo, utilizou materiais locais (encontrados) em combinação com suas próprias construções. Também coordenou uma oficina de esculturas com moradores de áreas vulneráveis da cidade, cujo resultado foi compartilhado no espaço da Despina junto com a mostra final de residências.

A residência de Maga Berr na Despina teve o suporte do Mondriaan Fund e da Fundação Stichting Stokroos.

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Texto crítico, por Laura Burocco

A palavra vulnerabilidade ecoa várias vezes na fala de Maga Beer apresentando-me seu trabalho. A vulnerabilidade que Maga descreve é de um lado o reflexo da distância dos mundos, apesar de Maga ser Latino Americana, vive e trabalha há muitos anos na Europa; e do outro, da progressiva desumanização pela qual a nossa sociedade está passando. A cidade se torna o cenário mais cru de diferentes formas de violência. Uma violência que vai além da força física, e que encontra no dia a dia das pessoas necessárias reações à invisibilidade e negação. Maga surpreende-se de como as pessoas no Rio estão anestesiadas. Também se surpreende de quanto as pessoas nas favelas estão reativas. O trabalho, inicialmente pensado por ser originado ‘nas favelas’ do Rio, perde ao longo do tempo aquele imaginário romantizado, tão típico das intervenções de arte propostas por artistas residentes por breves períodos, por entrar na realidade de uma cidade em desmoronamento. Assim também por Maga, torna-se claro que não existe o Rio e as favelas do Rio. Os dois são profundamente um único corpo, embrutecido e maltratado. É nesse momento que o mapa da cidade perde os seus contornos nítidos, o caos toma conta dela, o cortiço se dilui e a vulnerabilidade emerge nas obras. São os artistas das comunidades com quem Maga trabalhou que restituem a ela humanidade, através das próprias histórias. O dialogo faz com que múltiplas existências sejam reconhecidas. A atenção nas palavras das pessoas convidadas resgata à empatia, que por sua vez faz os trabalhos terem vida, na cartilagem de corpos presentes. O trabalho de Maga Beer existe pelo encontro de uma vivência temporânea da artista com a vivência cotidiana de Aline Mendes, André Rongo, Antonia Ferreira Soares, Luana Vieira, Monique Dayane de Amaral Wermelinger, Nathalia Macena, Nelma Manhaes, Pamella Magno, Ricardo Rodrigues, Rosalina Brito e Sidney Tartaruga.

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Mais informações
Website: https://magaberr.net/

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por Frederico Pellachin

 

Verônica Vaz 

Verônica Vaz
01.06.2019 - 30.06.2019

Natural de Pelotas (RS), vive e trabalha em Porto Alegre (RS). É Bacharela em Publicidade e Propaganda pela ESPM-RS. Atualmente é pós-graduanda em “Práticas Curatoriais” pelo Instituto de Artes da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) em Porto Alegre. É uma artista multidisciplinar que também já desenvolveu curadorias e acompanhamento de artistas. Também foi educadora da Bienal do Mercosul e assistente de curadoria do Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli e do MAC-RS.

Seu trabalho se desenvolve principalmente nos suportes da arte performática por meio de fotografias, vídeos, registros e ações presenciais. Sua produção é marcada por questões auto-biográficas que exploram o universo feminista em co-relação com as geografias dos espaços que visita e viaja a trabalho. Suas obras são contextuais e surgem da experiência real decorrente desses deslocamentos. A geografia dos espaços, as questões culturais dos diferentes países que percorre em residências e viagens influenciam seu olhar acerca do mundo, da arte, e das questões inerentes ao universo feminino.

Durante o período de sua residência na Despina, a artista deu continuidade à sua pesquisa que tem como norte a patologia da Endometriose, uma doença iminentemente feminina da qual é portadora. Verônica decidiu investigar os estágios da doença em seu próprio corpo, os focos deixados por ela em sua memória corporal, as consequências físicas e psicológicas de conviver com essa patologia sem cura, cujo tratamento é extremamente evasivo e agressivo. Muitas mulheres sofrem com essa doença, mas muito pouco se ouve falar sobre ela e suas consequências, que compreendem dificuldades de engravidar (ou até mesmo inviabilização da gravidez), além da convivência com dores e cólicas muitas vezes insuportáveis.

Exposições individuais
Os Azuis de Verônica na Sala de Exposições Angelita Stefani, na Universidade Franciscana, Santa Maria/RS, Brasil [2018]; A Little White Chapel, no Centro Histórico-Cultural Santa Casa, Porto Alegre/RS, Brasil [2019].

Exposições coletivas
Graças às Deusas na Perestroika e Plataforma Artkin, Porto Alegre/RS, Brasil [2019]; II Pega no Centro Municipal Hélio Oiticica, Rio de Janeiro/RJ, Brasil [2018]; Placentária no Museu de Arte Contemporânea do RS, Porto Alegre/RS, Brasil [2018]; Água Essência da Vida no Palácio do Ministério Público do RS, Porto Alegre/RS, Brasil [2018]; Mestre Reinventados na Galeria de Arte do DMAE, Porto Alegre/RS, Brasil [2018]; Bienal Internacional de Performance, Bogotá, Colombia [2018-19]

Residências artísticas
Afecto Societal, Curatoria Forense, Guanajuato, México [2018]; Acción/Transacción, Curatoria Forense, Buenos Aires, Argentina [2018]; ECO residência de arte sonora, Casero Residência, Parque Nacional do Itatiaia, Rio de Janeiro, Brasil [2018]

Mais informações
Facebook: veronicapvaz
Website: http://www.veronicavaz.com
Instagram: @veronicavaz

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Texto crítico, por Ulisses Carrilho

Se a investigação em torno da endometriose torna pública uma questão de ordem pessoal, da saúde do corpo da artista, é por esta mesma via que se alia à história da arte. A investigação em curso de Veronica Vaz revela uma prática recente, que tateia uma constelação de artistas que confiaram no corpo da mulher artista como plataforma de seus trabalhos. A plasticidade e uma perversidade com o próprio corpo sugerem uma constelação de artistas como Carolee Schneemann, Gina Pane, Marina Abramovic, Ana Mendieta e Orlan. Tais nomes encontraram na relação consigo mesmas um dispositivo radical para uma denúncia feminista que trazia à tona a dimensão pessoal, particular, para a esfera pública. Por meio de um questionamento da arte como instituição que se desdobra a partir da lógica patriarcal, o corpo da mulher legitima-se enquanto sujeito criador. No metro cúbico de vidro, eleito como forma a ser habitada pela artista em sua ação, ecoam em contraste as formas rígidas do minimalismo norte americano. Nos trabalhos desenvolvidos por Veronica na Despina, no entanto, uma camada sutil apresenta-se: a temporalidade. O volume de sangue coletado para a performance responde a um ano de fluxo menstrual, bem como a quantidade de pílulas antinconcepcionais reunida pela artista. O vídeo, apresentado em loop, corrobora para a hipótese de uma preocupação com a dimensão temporal do trabalho. É na repetição e no retorno que as dores apresentam-se no corpo da artista e assim são apresentados ao público.

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por Frederico Pellachin

Hilda de Paulo

Hilda de Paulo
01.05.2019 - 31.05.2019

Hilda de Paulo (Inhumas-GO, Brasil, 1987) vive e trabalha entre Brasil e Portugal. É mulher travesty artista e curadora, princesinha do cerrado transfeminista decolonial autora do projeto Arquivo Gis, membra fundadora da Cia. Excessos e da eRevista Performatus, e organizadora e diretora da Mostra Performatus. Atualmente é mestranda em Artes Plásticas com percurso em Escultura na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto em Portugal. Também, nessa mesma faculdade, fez uma especialização em Práticas Artísticas Contemporâneas e, na Faculdade de Letras dessa mesma universidade, licenciou-se em História da Arte.

Tem integrado exposições coletivas nacionais e internacionais, e algumas de suas obras integram permanentemente o acervo de alguns museus, como o do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (Rio de Janeiro-RJ, Brasil), o do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (Niterói-RJ, Brasil) e o da Fundação Memorial da América Latina (São Paulo-SP, Brasil). Participou das seguintes residências artísticas: Programa de Residências Despina (Rio de Janeiro-RJ, Brasil, 2019); Fjúk Arts Centre (Húsavík, Islândia, 2015-16); e Casa do Sol – Instituto Hilda Hilst (Campinas-SP, Brasil, 2014).

Desde 2010, tem explorado uma série de procedimentos artísticos com ênfase na pintura expandida, mesclando a sua autobiografia com outras histórias reais e ficcionais, reunindo elementos da literatura, da cultura contemporânea, da história da arte e de mitologias de civilizações diversas.

Mais informações
Web site: www.ciaexcessos.com.br/hilda-de-paulo/biografia/
Instagram: @hilda.de.paulo
Facebook: www.facebook.com/eu.hilda.de.paulo

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Texto crítico, por Ulisses Carrilho

Nem a cor amarela presente na série de pinturas em pequeno formato apresentadas por Hilda de Paulo, nem o dourado que dá cor a outros trabalhos e detalhes da mesma série apaziguam a busca pelo sol vindouro citado pelo artista na frase pintada sobre a parede do espaço de seu ateliê, como intervenção. Muito embora os trabalhos em tela tenham se constituído numa lógica processual, de livre investigação da cor — o que contrasta com a metodologia projetiva de vários trabalhos seus, pensados como capítulos de um longo romance — arriscaria de antemão relacionar estas pinturas com o auxílio de uma palavra inscrita em uma delas: caos. De caráter informe, como poderiam também sugerir as bordas vacilantes da tipografia empregada pelo artista, este vazio primordial, tanto indefinido quanto ilimitado, propiciou o nascimento de todos os seres e realidades do universo. Mesmo a ordem é precedida pelo caos e desta relação temporal mais complexa — note que a palavra “serão” resguarda um futuro que acontecerá em breve, uma promessa sem escalas, em pouco tempo — surge esta epígrafe, cujas tintas tornam-se provocadoramente políticas à luz do contexto político recente.

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por Frederico Pellachin