Maga Berr

Artistas em Residência
16.05.2019 - 31.07.2019

Nascida em Lima (Peru), vive e trabalha em Amsterdã (Holanda). A sua prática artística é influenciada por testemunhos pessoais das diversas lutas pelo poder e pela emancipação de seu país de origem. Seu objetivo no momento é realizar o projeto “Uma casa para o desconhecido”, que será desenvolvido durante a sua participação no nosso programa de residências e na cidade em que vive, Amsterdã (dentro do contexto de residência do CBK Zuidoost).

Neste projeto, Berr está interessada em observar as desigualdades sociais dentro dos sistemas urbanos de habitação, planejamento urbano e design. Como as pessoas são excluídas ou incluídas? E porque? Parte do problema é devida à gentrificação, uma conseqüência das nossas sociedades desiguais. Em sua prática artística, a artista geralmente explora e desafia as desigualdades sociais ou históricas através de um processo escultórico. Para desenvolver seu projeto no Rio, a artista conectou-se com pessoas afetadas positiva ou negativamente por essa situação de desigualdade urbana. Durante o processo, utilizou materiais locais (encontrados) em combinação com suas próprias construções. Também coordenou uma oficina de esculturas com moradores de áreas vulneráveis da cidade, cujo resultado foi compartilhado no espaço da Despina junto com a mostra final de residências.

A residência de Maga Berr na Despina teve o suporte do Mondriaan Fund e da Fundação Stichting Stokroos.

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Texto crítico, por Laura Burocco

A palavra vulnerabilidade ecoa várias vezes na fala de Maga Beer apresentando-me seu trabalho. A vulnerabilidade que Maga descreve é de um lado o reflexo da distância dos mundos, apesar de Maga ser Latino Americana, vive e trabalha há muitos anos na Europa; e do outro, da progressiva desumanização pela qual a nossa sociedade está passando. A cidade se torna o cenário mais cru de diferentes formas de violência. Uma violência que vai além da força física, e que encontra no dia a dia das pessoas necessárias reações à invisibilidade e negação. Maga surpreende-se de como as pessoas no Rio estão anestesiadas. Também se surpreende de quanto as pessoas nas favelas estão reativas. O trabalho, inicialmente pensado por ser originado ‘nas favelas’ do Rio, perde ao longo do tempo aquele imaginário romantizado, tão típico das intervenções de arte propostas por artistas residentes por breves períodos, por entrar na realidade de uma cidade em desmoronamento. Assim também por Maga, torna-se claro que não existe o Rio e as favelas do Rio. Os dois são profundamente um único corpo, embrutecido e maltratado. É nesse momento que o mapa da cidade perde os seus contornos nítidos, o caos toma conta dela, o cortiço se dilui e a vulnerabilidade emerge nas obras. São os artistas das comunidades com quem Maga trabalhou que restituem a ela humanidade, através das próprias histórias. O dialogo faz com que múltiplas existências sejam reconhecidas. A atenção nas palavras das pessoas convidadas resgata à empatia, que por sua vez faz os trabalhos terem vida, na cartilagem de corpos presentes. O trabalho de Maga Beer existe pelo encontro de uma vivência temporânea da artista com a vivência cotidiana de Aline Mendes, André Rongo, Antonia Ferreira Soares, Luana Vieira, Monique Dayane de Amaral Wermelinger, Nathalia Macena, Nelma Manhaes, Pamella Magno, Ricardo Rodrigues, Rosalina Brito e Sidney Tartaruga.

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Mais informações
Website: https://magaberr.net/

Galeria de Fotos (navegue pelas setas na horizontal)
por Frederico Pellachin