Cinema Kuir apresenta: Cuceta e Cordel Pornô

Quinta, 19.10.2017

O Cinema KUIR está à frente da curadoria do nosso cineclube durante os meses de setembro, outubro e novembro, como parte da programação estendida do Arte e Ativismo na América Latina (um projeto da Despina com suporte do Prince Claus Fund).

Nesta sessão, que acontece na próxima quinta-feira, dia 19 de outubro, serão exibidos dois curtas-metragens realizados pela cordelista, escritora e artista visual baiana Tertuliana Lustosa: “Cuceta” e “Cordel Pornô”.

ATENÇÃO! A projeção terá início pontualmente às 20 horas. Logo após, rola um debate com a presença da realizadora, que também irá disponibilizar alguns de seus cordéis para venda no local. Esperamos todxs a partir das 19:00. 0800!

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SINOPSE E FICHA TÉCNICA DOS FILMES

CUCETA (11’02”, 2017)
Cuceta aconteceu enquanto arte e ritual de transição, enquanto comida baiana, tatuagem, modificação corporal. Uma travesti vai ao encontro de Dr. Elton Panamby para realizar o procedimento que mudaria a sua vida: a cuceta, uma tatuagem sobre a região anal e perianal. Muito mais que um risco no corpo, a sua vida se transformaria completamente.

Performance: Tertuliana Lustosa e Sara Elton Panamby
Camera: Matheus Araújo e Helena Assanti
Montagem: Tertuliana Lustosa

CORDEL PORNÔ (11’56”, 2017)
Vídeo-performance Manifesto traveco-terrorista*, realizada no programa “Nós, os fashionistas”, de Dudu Bertolini, na TV Fashion, com roupa assinada por Fernando Cozendey.

Xilogravuras: Tertuliana Lustosa
Fotografias Shoots: Mayara Velozo
Direção: Sertransneja (cordelista pornô)

* Link do texto integral do manifesto na Revista Concinnitas por aqui: http://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/concinnitas/article/view/25929/18560

TERTULIANA LUSTOSA é cordelista, escritora e artista visual baiana. Também atua como professora de artes do PreparaNem.

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SOBRE O CINEMA KUIR
É um cineclube que opera como um espaço de reflexão sobre questões que orbitam em torno do anarquismo e dos modos-de-vida-e-estar-junto, desprendido dos circuitos normativos e institucionalizados da arte e do audiovisual. Começa suas atividades no ano de 2016 na Galeria Índica, em Ipanema, onde permanece por uma temporada até migrar para a Casa Nem, espaço de resistência e acolhimento da população trans. Em 2017, o Cinema Kuir assume uma estratégia mais itinerante e pensa seu funcionamento através da autogestão. A curadoria busca estabelecer laços com espaços ligados à arte e à política, estabelecendo situações de parcerias e colaborações. As sessões do Cinema Kuir são sempre compostas por um ou mais filmes, seguidas de debates, tensionando temas suscitados pelas obras, a partir das pesquisas e vivências pessoais dos seus realizadores. As sessões acontecem sempre de forma gratuita e colocam-se como um dispositivo aberto. Cinema Kuir é Vinicius Nascimento, Calí dos Anjos, Daniela Avellar e Helena Assanti.

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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o projeto tem como tema o CORPO e se estende de maio a outubro. Mais informações, por aqui.

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SERVIÇO
Cinema Kuir apresenta: “Cuceta” e “Cordel Pornô”
Quando: Quinta-feira, 19 de outubro, a partir das 19:00
(os filmes começam pontualmente às 20h00)
Onde: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado – Centro
Entrada gratuita

Noite de conversas e projeções de filmes

Terça, 26.09.2017

Nesta terça, dia 26 de setembro, a paritr das 19 horas, vamos nos reunir para uma noite de conversas e projeções de filmes, com a participação de Iain Morrison (The Fruitmarket Gallery), o artista Cristiano Lenhardt e o curador Victor Gorgulho.

Iain Morrison irá apresentar o seu trabalho como gerente de empreendimentos da The Fruitmarket Gallery (Edimburgo, Escócia) e compartilhar a sua experiência na organização de eventos ao vivo que ocorrem em torno dos projetos expositivos da instituição. Também irá falar sobre o seu interesse particular no nosso projeto Arte e Ativismo na América Latina, bem como sobre a sua experiência no atual programa de intercâmbio com a Despina, que conta com o suporte do British Council.

Logo em seguida, o curador Victor Gorgulho se une a Cristiano Lenhardt para a conversa “Imagens Insubordináveis”, que percorre a produção audiovisual do artista, iniciada nos anos 2000.

Segundo Gorgulho, “na obra em vídeo de Cristiano Lenhardt a imagem parece operar em um estado de insubmissão constante. Sua produção escapa facilmente de classificações implacáveis, passando por temáticas como a espiritualidade e a noção de brasilidade, sem fazer concessões a denominações levianas”.

Serão projetados os seguintes filmes:

_Chafarizes, 2006, 12′

_Retratante e retratado, 2007, 2’01”

_Filmes de Studio, 2009, 7’21”

_Solenidade de hasteamento da bandeira ‘Ao Vivo’, 2009, 5’42”

_Polvorosa, 2012, 2’50”

_Meu Mundo Jegue, 2014, 3’04”

_Superquadra-Saci, 2015, 9’41”

_Guaracys, 2016, 10’17”

Esperamos vocês!

SOBRE OS PARTICIPANTES

CRISTIANO LENHARDT tece sua prática artística como um jogo ilusório entre o plano bidimensional e o espaço tridimensional. A partir de vídeos, performances, observações, fotografias, desenhos e gravuras, o artista brasileiro radicado no Recife busca na realidade ordinária e mundana ferramentas para construir uma obra que acontece por atração e transformação dos materiais e símbolos.

IAIN MORRISON é gerente de empreendimentos da The Fruitmarket Gallery, responsável pela atividade comercial e pelas ações multi-plataformas da instituição. Desde o início de setembro, ele tem vivenciado as nossas atividades, em especial o projeto Arte e Ativismo na América Latina. Neste processo imersivo, a ideia é compreender o contexto político atual brasileiro, tendo como referência o circuito de arte independente da cidade. Por meio desse recorte, emerge o interesse da The Fruitmarket Gallery em compartilhar as suas experiências na esfera da arte e da política, além de identificar formas com que recebemos públicos marginalizados (migrantes, população LGBT, etc.) e de que maneira respondemos às suas expectativas.

VICTOR GORGULHO é curador e jornalista, formado pela Escola de Comunicação da UFRJ. Curou as exposições “Vivemos na melhor cidade da América do Sul”, com Bernardo José de Souza (Átomos, Rio de Janeiro, 2016) e “O terceiro mundo pede a bênção e vai dormir” (Despina, Rio de Janeiro, 2017). Colabora com veículos como Jornal do Brasil e VICE e atualmente trabalha na produção artística da Carpintaria, espaço experimental da galeria Fortes D’Aloia & Gabriel no Rio de Janeiro.

SERVIÇO

Noite de conversas e projeções de filmes
com Iain Morrison (The Fruitmarket Gallery), Cristiano Lenhardt e Victor Gorgulho
Quando: terça-feira, 26 de setembro, 19:00
Onde: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2- Sobrado
Centro, Rio de Janeiro, RJ 
Entrada grauita

CRÉDITO DA IMAGEM
Frame de “Guaracys” (super 8, 10’17”, 2016) – Cristiano Lenhardt

Programa de Intercâmbio – British Council

2017 - 2018

British Council selecionou um projeto de colaboração entre a Despina e a Fruitmarket Gallery (localizada em Edimburgo, Reino Unido) para participar do seu Exchange Programme – Programa de Intercâmbio em 2017/2018.

Este programa incentiva a colaboração através da troca de conhecimentos e melhores práticas para o desenvolvimento do setor cultural, fornecendo recursos às instituições para promover a capacitação das equipes de profissionais e aumentar a compreensão intercultural, resultando em parcerias.

British Council buscou candidaturas interessadas no intercâmbio mútuo de profissionais de instituições do Brasil e do Reino Unido, permitindo que os selecionados desenvolvam uma residência com a instituição parceira ou universidade por um período mínimo de duas semanas e máximo de um mês. Foram mais de doze projetos colaborativos contemplados; conheça as demais organizações selecionadas por aqui.

1ª FASE

The Fruitmarket Gallery > Despina

A primeira fase do Programa de Intercâmbio do British Council aconteceu em setembro de 2017, com a chegada de Iain Morrison ao Rio de Janeiro. Iain é gerente de empreendimentos da The Fruitmarket Gallery, responsável pela atividade comercial e pelas ações multi-plataformas da instituição. Durante o período em que esteve no Rio de Janeiro, Iain acompanhou praticamente todas as atividades realizadas pela Despina, em especial o projeto Arte e Ativismo na América Latina, que conta com o suporte do Prince Claus Fund.  Aqui emerge o interesse da The Fruitmarket Gallery em compartilhar as suas experiências na esfera da arte e da política, além de identificar formas com que recebemos públicos marginalizados (migrantes, população LGBT, etc.) e de que maneira respondemos às suas expectativas. Nesse sentido, a vivência de Iain no dia-a-dia da Despina foi de extrema relevância para a sua compreensão do atual contexto político brasileiro, tendo como referência o circuito de arte independente da cidade.

Iain também visitou outras instituições e espaços de arte no Rio de Janeiro, tais como: Museu de Arte Moderna (MAM), Museu de Arte do Rio (MAR), Museu de Arte Contemporânea de Niterói (MAC), Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, Escola de Artes Visuais do Parque Lage, ArtRio Feira Internacional – Marina da Glória, Athena Contemporânea, Casa Museu Eva Klabin, Solar dos Abacaxis, Projeto FOZ, Galeria Nara Roesler, Fabrica Behring, A Gentil Carioca, Capacete, Galpão Bela Maré e Carpintaria. Além disso, visitou ateliês de importantes artistas locais – Laura Lima, Cadu, Marcos Chaves, Carlos Zilio – e também participou de encontros com curadores – Pablo Leon de la Barra (MAC), Pablo Lafuente (freelance, previously São Paulo Biennial), Bernardo da Souza (Fundação Iberê Camargo, Porto Alegre), Ulisses Carrilho (Parque Lage), Luiza Mello (Galpão Bela Maré) e  Julia Baker (MAR).

Na sua última semana no Rio, aconteceu uma noite especial de conversas na Despina, que também contou com a participação do curador Victor Gorgulho e do artista Cristiano Lenhardt.  Durante o evento, Iain apresentou as ações da The Fruitmarket Gallery para o público e compartilhou a sua experiência na organização de eventos ao vivo que ocorrem em torno dos projetos expositivos da instituição. Também falou sobre o seu interesse particular no nosso projeto Arte e Ativismo na América Latina, bem como sobre a sua experiência no Programa de Intercâmbio do British Council. Ao final, recitou um poema. Vale destacar que Iain também é músico e poeta; atualmente está escrevendo uma série inspirada em conversas realizadas em galerias de arte e que responde à maneira como nos agrupamos e aprendemos através da participação na vida de um espaço. Este projeto faz parte de uma residência que ele participa na Galeria John Hansard, da Universidade de Southampton, no Reino Unido.

Galeria de Fotos (navegue pelas setas na horizontal)

2ª FASE

Despina > The Fruitmarket Gallery

A segunda fase do Programa de Intercâmbio do British Council aconteceu em dezembro de 2017 com a visita da diretora artística e de projetos da Despina, Consuelo Bassanesi, à The Fruitmarket Gallery, localizada em Edimburgo (Reino Unido). A participação da Despina nesse intercâmbio priorizou duas frentes de interesse: (1) imersão no funcionamento e conceito da The Fruitmarket Gallery, com conversas sobre parcerias possíveis e (2) entendimento da cena cultural e artística escocesa, especialmente relacionada a espaços independentes ou geridos por artistas. Uma serie de visitas a espaços independentes, galerias e instituições foi realizada durante a estadia em Edimburgo. Além dessa agenda de visitas, foi central acompanhar o dia-a-dia e a dinâmica da The Fruitmarket Gallery.

As trocas e os encontros são importantes para a Despina e têm sua força justamente na rede que se cria, nas pontes entre lugares e iniciativas que permanecem como possíveis parceiros e colaboradores para além do tempo de intercâmbio. Muito se realiza em rede nesse meio independente e ampliar conexões é essencial.

Galeria de fotos (navegue pelas setas na horizontal)

Arte e Ativismo na América Latina – ano II (2017)

Ano II - 2017

ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, oficinas, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o tema escolhido foi Corpo.

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Apresentação do tema
por Bernardo José de Souza e Consuelo Bassanesi

I
A um só tempo, o corpo constitui a instância essencial de nosso vínculo com a natureza e a possibilidade mesma de transcendê-la, avançando assim rumo àquilo que as civilizações ocidentais entendem por esfera cultural ou segunda natureza. Por outro lado, este mesmo corpo (que fique claro, corpo = corpo + mente) está sempre a relembrar-nos de sua condição orgânica e perecível, muito embora nossa inteligência e capacidade de superação dos limites impostos pela biologia nos tenham levado a investi-lo tanto de qualidades simbólicas e de predicados políticos e morais, quanto de atributos externos à sua constituição primeira, quais sejam, um conjunto de tecnologias que parecem emancipar-nos – vale dizer, apenas parcialmente – de nossa inafastável natureza animal.

Ao longo da história, inscreveram-se nos corpos e suas biografias as marcas das tantas e sucessivas batalhas entre o homem e a natureza e entre o homem e o próprio homem. Mas a esta unidade básica de contato com o mundo, sucederam outras formas de articulação da espécie humana, estruturas avançadas na relação dos homens entre si, e deles com o ambiente no qual lograram desenvolver-se: bandos, tribos, sociedades e civilizações emergiram para conformar um corpo maior, capaz de fazer face ao conjunto de desafios impostos pelo medo e pelo risco da morte e da extinção.

Eis que à certa altura do processo civilizatório, o homem entendeu que poderia submeter outros homens ao seu próprio jugo através da força e do Estado, estabelecendo a partir de então relações desiguais de poder que não mais seriam afastadas do curso de nossa trajetória sobre o planeta. Na esteira dessas “conquistas”, muitos foram os povos, as raças, os gêneros e as culturas a serem subjugadas por certos grupos no afã de alcançarem as instâncias máximas de poder. E assim chegamos ao estágio atual, quando a arquitetura das relações humanas desobedece às leis da civilidade supostamente alcançada, ora nos remetendo, em ritmo de retrocesso, ao tempo em que vivíamos como povos bárbaros, submetidos à lei do mais forte, ora nos capturando nas solertes e insidiosas instâncias do biopoder.

II
O corpo foi domesticado. Cultura, religião, moral, política, sucessivas colonizações, gênero-normatizações, prisões e manicômios, psiquiatria, moda, medicina plástica, maquiagens virtuais e perfumarias afins, há muito vem determinando como o corpo deveria ser ou se comportar. Este corpo, via de regra, se apresenta como macho, branco, ocidental, produtivo, reprodutivo, são, eficiente, higienizado. E é esse mesmo corpo que produz – e a partir dele que são construídas – as narrativas históricas totalizantes. Os demais corpos são inferiorizados, reprimidos, marginalizados, criminalizados. Poucos são os que nascem nesse corpo ideal, muitos outros tentam nele se encaixar, e há, ainda, aqueles que expõem seus corpos não convencionais de maneira frontal, aberta e radical.

Diante de um mundo em que moralismo e política estão cada vez mais vinculados, o que propomos é lançar luz sobre esses corpos radicais: o corpo negro, queer, transgressor, político, feminista, libertário, sujo, dissidente, amoral, pervertido, modificado, não binário. Corpos que são potentes e afirmativos. Corpos que resistem.

Procuramos por corpos e mentes rebeldes que, ao não se sujeitarem aos dispositivos de dominação construídos ao longo da história, carreguem uma força dinâmica e contestadora capaz de abalar, através de micropolíticas de resistência, as estruturas consolidadas de controle e subordinação. Procuramos por corpos-sujeitos para que novas narrativas – mais democráticas, transgressoras e multiculturais – sejam assim difundidas, amplificadas e, portanto, ouvidas.

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Esta segunda edição do projeto Arte e Ativismo na América Latina teve início em maio de 2017, com uma primeira ação de ocupação intitulada “Corpo Presente”, que contou com a participação dxs artistas brasileirxs Lyz Parayzo e Rafael Bqueer. Em seguida, no final de junho, abrimos a exposição “Os corpos são as obras” – com curadoria de Guilherme Altmayer e Pablo León de la Barra -, que reuniu mais de 30 artistas e coletivos, além de uma programação extensa de oficinas, performances e cine clubes. Em agosto, começou a residência dos artistas selecionados para essa edição: Carlos Martiel (Cuba), Cristiano Lenhardt (Brasil) e Mariela Scafatri (Argentina). Durante dois meses, a ideia foi trabalhar em uma variedade de modos informais de educação, como oficinas, seminários, visitas a escolas / universidades, ações performáticas e uma exposição. Além disso, uma série de eventos públicos aconteceu simultaneamente ao período da residência, com a participação da escritora e performer Jota Mombaça, da jornalista e ativista Marta Dillon, entre outros artistas e coletivos locais. Os custos de participação dos artistas residentes e convidadxs foram totalmente cobertos pelo Prince Claus Fund como parte de seu Network Partnership Programme, do qual Despina faz parte.

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PROGRAMAÇÃO

MAIO E JUNHO

2 maio a 30 de junho
Corpo Presente – ocupação dxs artistas Lyz Parayzo e Rafael Bqueer.

27 de junho / 19h
Abertura da exposição: “Os corpos são as obras”. Curadoria: Pablo Leon de La Barra e Guilherme Altmayer. Com obras e registros de: Andiara Ramos, Ana Matheus Abbade, Anitta Boa Vida, Biancka Fernandes, Bruna Kury, Camila Puni, Carlos Motta, CasaNem, Coletivo Xica Manicongo, Eduardo Kac, Evelyn Gutierrez, Fabiana Faleiros, Fabio Coelho, FROZEN2000, Gabriel Junqueira,  Indianare Siqueira, Katia Flávia, Kleper Reis, Lampião da Esquina, Luana Muniz, Lyz Parayzo, Maurício Magagnin, Mayara Velozo, Matheusa Passareli, Nathalia Gonçales, Odaraya Mello, Raquel Mützenberg, Ricardo Càstro, Tertuliana Lustosa, Turma Ok, Uhura Bqueer, Vagner Coelho, Ventura Profana & Jhonatta Vicente, Victor Arruda, Vinicius Rosa, Vítor Franco, Wescla Vasconcellos e Xanayanna Relux. Mais informações, por aqui.

JULHO

01 de julho / 10.30h
Oficina com princípios básicos de autodefesa a partir da técnica tailandesa Muay Thai. Com os mestres Vagner Coelho e Fabio Coelho (programação parte da exposição “Os corpos são as obras”).

04 de julho / 16h
Performance: “Maiêutica”, com Raquel Mützenberg, no Largo de São Francisco. Subjetividades femininas: sobre a capacidade de renascer, de se re-parir (programação parte da exposição “Os corpos são as obras”).

04 de julho / 19.30h
Pós-pornografia: Cine Clube Despina. Curadoria de Andiara Ramos, Nathalia Gonçales e debate-papo com Kleper Reis e Érica Sarmet (programação parte da exposição “Os corpos são as obras”).

25 de julho / 19h
Noite dos corpos nus: naturismo. Cine Clube Despina exibe “A Nativa Solitária”, sobre Luz del Fuego, com Guilherme Altmayer. Fuxicu e ioga do cu, liberdade radical com Kleper Reis (programação parte da exposição “Os corpos são as obras”).

27 de julho / 19h

NAVALHA: Manicure show com Ana Matheus Abbade, Uhura BQueer, Vinicius Pinto Rosa,Ventura Profana & Jhonatta Vicente, Frozen 2000, Gabriel Junqueira, Ricardo Càstro (programação parte da exposição “Os corpos são as obras”).
AGOSTO E SETEMBRO

01 de agosto a 30 de setembro
Residência dos artistas selecionados para esta edição: Carlos Martiel (Cuba), Cristiano Lenhardt (Recife, Brasil) e Mariela Scafati (Argentina).

04 de agosto / 20h
Encerramento da exposição “Os corpos são as obras”: encontro com artistas e marcha para o “Turma OK”  – noite de bingo e show com os melhores da casa em homenagem a Luana Muniz.

08 de agosto / 19h
“Desmontando a caravela queer na vida após a morte do colonialismo”.
Fala pública com Jota Mombaça.

O contexto particular de emergência de um cânone queer no Brasil não pode ser pensado fora de uma analítica da colonialidade do saber, que evidencie o que a pensadora, performer e ativista chilena Hija de Perra certa vez descreveu como um efeito simultaneamente colonizador de “nosso contexto sudaca, pobre de aspirações e terceiro-mundista”, mas que perturba “os sujeitos encantados pela heteronorma”. Se queer coloniza perturbando, é porque adere ao processo histórico no qual as bases do projeto corpo-político da colonialidade, que predica a universalidade do sujeito eurobranco heteronormal (seu saber, sua política, sua performance e sua ontologia), colapsa. Mas qual o sentido das perturbações queer no contexto sempre já colonizado do mundo que conhecemos como Brasil (ex-colônia? Neo-colônia? Pós-colônia?), e em que medida, ao proliferar-se globalmente, os cânones queer não reestruturam a lógica das caravelas coloniais, servindo de suporte e plano de inscrição dos fantasmas do colonialismo no presente imediato do colapso da colônia? Como performar e pensar as desobediências de gênero e dissidências sexuais sem reestruturar lógicas elitistas que reencenem a situação colonial? Como desmontar a caravela queer? E como fazer vir as corpo-políticas mais-que-coloniais capazes de ultrapassar a vida após a morte do colonialismo e as supremacias branca, hétero e cisgênera rumo a outras formas de existir e de fazer mundo?

Jota Mombaça é uma bicha não binária, nascida e criada no Nordeste do Brasil, que escreve, performa e faz estudos acadêmicos em torno das relações entre monstruosidade e humanidade, estudos kuir, giros descoloniais, interseccionalidade política, justiça anti-colonial, redistribuição da violência, ficção visionária e tensões entre ética, estética, arte e política nas produções de conhecimentos do sul-do-sul globalizado. Trabalhos atuais são a colaboração com Oficina de Imaginação Política (São Paulo) e a residência artística junto ao Capacete 2017 na Documenta 14 (Atenas/Kassel).

15 de agosto / 19h
“Tornar-se um corpo”
Fala pública com Marta Dillon.

Nas histórias feministas, a experiência não é suficiente para forjar uma voz. É necessário também um corpo, que é feito de sangue e lágrimas, fezes e babas, músculo, pele, maquiagem. Um corpo como o que possuímos. Todos os dias e em todos os lugares. Sustentamos esse corpo com palavras, o erguemos, o adornamos com acessórios e tatuagens; envolvemos esse corpo em coisas escolhidas a dedo e o levamos às ruas. Sem nunca esquecer de que há sangue correndo ali. Sim, somos feministas. Nós dispomos esse corpo para transformá-lo em algo nosso, que goze seus próprios gozos, que inscreva o tempo ao seu ritmo, que se expanda e se contraia de acordo com seu desejo. Porque nossos corpos são escritos antes mesmo que possamos vivenciá-los. É sobre essa superfície tangível que regras são cunhadas por outros para o seu funcionamento adequado: que não tenha cheiro, que tenha apenas algumas partes destacadas, que seja limpo, que procrie, que abrigue e cuide. E se não, o quê? Se não, abjeção: prostitutas, lésbicas, feminazis, gordas, estéreis, péssimas mães. A fala “Tornar-se um corpo” percorre desde os corpos desaparecidos pela ditadura até a criação do corpo coletivo nas manifestações feministas que permitem outras formas de ser e estar no mundo.

Marta Dillon é uma jornalista e ativista que vive e trabalha em Buenos Aires, Argentina. Dirige o suplemento feminista Las12, no jornal Página12 e é participante ativa dos coletivos Ni Una Menos e Emergentes – comunicación y acción. Publicou os seguintes livros: Aparecida(2015), Vivir con virus (2004 e 2016) e Corazones Cautivos (2008). Marta também escreve roteiros para filmes de ficção e documentários. Atualmente está filmando o documentário La Línea 137.

22 de agosto / 19h
Conversa pública com os artistas em residência Carlos Martiel, Cristiano Lenhardt e Mariela Scafati + performance “Lamento Kayapó”, com o artista cubano Carlos Martiel na Despina.

26 agosto e 2 setembro
Circuitos de falas, escutas e trocas. Programação completa e horários, por aqui.

13 de setembro / 17h às 20h
“QueerCuirKuir” – Workshop público de serigrafia com a artista em residência Mariela Scafati.

14 de setembro / 19h
Cine Clube Despina especial com curadoria do Cinema KUIR.

21 de setembro / 19h
Abertura da exposição “Este mesmo corpo”. Mais informações, por aqui.

26 de setembro / 11 h
“Bala Perdida”,
performance com o artista cubano Carlos Martiel nas ruas do centro do Rio de Janeiro.

26 de setembro / 19 h

“Imagens Insubordináveis”. Conversa pública com o artista Cristiano Lenhardt e o curador Victor Gorgulho.

OUTUBRO

19 Outubro / 19h
Cine Clube Despina especial com curadoria do Cinema KUIR.

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SOBRE OS ARTISTAS EM RESIDÊNCIA

carlos_martielCarlos Martiel nasceu em Havana, Cuba, em 1989. Vive e trabalha entre Nova York e Havana. Graduou-se em 2009 pela Academia Nacional de Belas Artes “San Alejandro”, em Havana. Entre os anos 2008-2010, estudou na Cátedra Arte de Conducta, dirigida pela artista cubana Tania Bruguera. Martiel é conhecido por suas ações performáticas viscerais que expõem críticas sobre questões contemporâneas associadas ao seu país de origem e ao resto do mundo. Seu trabalho aborda temas relacionados à injustiça, repressão, discriminação, censura e imigração. Martiel usa seu corpo como um espaço para o discurso, refletindo sobre as relações de poder e o contexto social.

As suas obras foram incluídas na 57ª Bienal de Veneza, na Itália; Bienal de Casablanca, no Marrocos; Bienal “La Otra”, em Bogotá, Colômbia; Bienal de Liverpool, no Reino Unido; Bienal de Pontevedra, em Galiza, Espanha e Bienal de Havana, em Cuba. Já realizou performances no Walker Art Center, Minneapolis, EUA; no Museu de Belas Artes de Houston (MFAH), EUA; no Museu de Arte Contemporânea de Zulia (MACZUL) em Maracaibo, Venezuela; na Padiglione d’Arte Contemporanea, em Milão, Itália; na Robert Miller Gallery, em Nova York, EUA; no Museu Nitsch, em Nápoles, Itália. Também foi contemplado com vários prêmios, incluindo o “Franklin Furnace Fund” em Nova York, EUA, 2016; “Prêmio CIFOS Grants & Commissions Program” em Miami, EUA, 2014; “Arte Laguna” em Veneza, Itália, 2013. Seu trabalho já foi exibido no Museu de Arte Latino-Americana (MOLAA), Long Beach, EUA; Zisa Zona Arti Contemporanee (ZAC), Palermo, Itália; Patricia e Phillip Frost Art Museum, Miami, EUA; Benaki Museum, Atenas, Grécia; Museu Nacional de Belas Artes, Havana, Cuba; Museu Tornielli, Ameno, Itália; Museu Estoniano de Arte e Design, Tallinn, Estônia; Museu de Arte Moderna de Buenos Aires, Argentina; entre outros.

 

mariela_scaMariela Scafati nasceu em 1973, em Olivos, Argentina. Vive e trabalha em Buenos Aires. Estudou Artes Visuais na E.S.A.V. Bahia Blanca e participou das oficinas de Tulio de Sagastizábal, Pablo Suárez e Guillermo Kuitca. Considerada uma das mais importantes artistas argentinas de sua geração, seu trabalho faz parte de coleções importantes, como a coleção permanente do Malba (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires). Desde 2010, Scafati é uma agente da C.I.A – Centro de Investigação Artística. Scafati também tem participado de vários projetos coletivos e colaborativos ligados à serigrafia, educação, rádio e teatro.

Em 2002, ela co-fundou a T.P.S. * – “Taller Popular Serigrafía”. Desde 2007, ela é membro de “Serigrafistas Queer” **. Fez parte da equipe da Galeria Belleza y Felicidad, foi fundadora do Proyecto Secundario Liliana Maresca, na Escuela Secundaria Nº349 Artes Visuales, Fiorito, Lomas  de Zamora. Também coordenou uma oficina de serigrafia para a Cooperativa y Editorial Eloísa Cartonera e participou de várias intervenções da “Brigada Argentina por Dilma”, com Roberto Jacoby, na Bienal de São Paulo em 2009.

Em 1998, ela participou da exposição coletiva “Três Paredes”. Em 2000, realizou sua primeira exposição individual “Pinturas e parede.” Em seguida, “Show Me Your Pink (2001)” na Galeria Bis, Rosario, Santa Fé; “He venido para decirte que me voy” (2001); “Mariam Traoré” (2004) e “Scafati, un cuadro” (2005), todas na Galeria Belleza y Felicidad, Buenos Aires; “Pintura gustosa” (2001), na Casona de Los Olivera, Buenos Aires; “Sos un sueño” (2009), na Galeria Abate, Buenos Aires; “¡Teléfono! en diálogo con Lidy Prati” (2009), no CCBorges, Buenos Aires; “Windows” (2011), na Galeria Abate, Buenos Aires; “Ni verdaderas ni falsas” (2013), no Instituto de Investigaciones Gino Germani, Buenos Aires; “Pinturas donde estoy 1998-2013”, na CCRecoleta, Buenos Aires;  “Las palabras vienen después” (2014) na Maria Casado Home Gallery, Buenos Aires e “Las cosas amantes” (2015), junto com Ariadna Pastorini, na Galeria Isla Flotante, Buenos Aires. Ainda este ano, a artista vai apresentar um projeto individual na Art Basel, em Miami (EUA).

Entre as suas experiências ligadas ao teatro, estão as séries Kamishibai, Yotiteretú e uma companhia de fantoches com Fernanda Laguna; além de seu trabalho como cenografista para os biodramas dirigidos por Vivi Tellas, no Museo de la paloma y Las personas, com os funcionários do Teatro San Martin (2014).

* A “Taller Popular Serigrafía” (TPS) funcionou em Buenos Aires entre 2002 e 2007. Foi fundada por Scafati e outros artistas em uma das muitas assembleias populares que surgiram a partir da insurreição popular de dezembro de 2001. A partir desse momento, o coletivo passou a intervir no contexto dos movimentos sociais, diretamente na rua, com o objetivo de socializar o processo de produção gráfica, produzindo todos os tipos de vestuário com imagens relacionadas ao clima político de cada evento.

** “Serigrafistas Queer” (SQ), auto-intitulado como um “não-grupo”, nasceu em 2007. O coletivo tem sediado reuniões periódicas em que são pensados e discutidos slogans e screenprints e stencils são montados em varias formatos de impressão para serem usados na Parada do Orgulho LGBT, que é realizada anualmente em diferentes cidades da Argentina. Os materiais produzidos são mantidos e re-utilizados livremente em outras acções.

 

cris_lenhardtCristiano Lenhardt nasceu em Itaara (Rio Grande do Sul) em 1975. Vive e trabalha em Recife, Pernambuco. Formado em Artes Plásticas pela Universidade Federal de Santa Maria (1996-2000), participou da Orientação Artística Torreão, em Porto Alegre, de 2001 a 2003. Dentre as exposições individuais que participou, destaque para “O habitante do plano para fora” (2015) e “Litomorfose” (2014), na Galeria Fortes Vilaça, em São Paulo; “Matéria Superordiária Abundante” (2014) e “Planalto” (2013), na Galeria Amparo 60, em Recife; Bienal Naifs do Brasil (2016); 32ª Bienal de São Paulo (2016); “Cruzamentos”, Wexner Center for the Arts, Ohio/EUA (2014); Rumos Visuais Itaú Cultural, São Paulo (2012) e Mythologies – Cité Internationale des Arts, Paris (2011).

Recebeu diversos prêmios nacionais, dentre eles: Bolsa Iberê Camargo – Programa de Artistas Universidad Torcuato Di tella, Buenos Aires, 2011; Prêmio Projéteis da Arte Contemporânea, Funarte, Rio de Janeiro (2008); Prêmio Concurso Videoarte, Fundação Joaquim Nabuco, Recife (2007); SPA das Artes, Recife (2007 e 2004); Bolsa Prêmio do 26º Salão de Artes Plásticas de Pernambuco (2006), entre outros. Também participou de residências artísticas em importantes espaços e instituições como Phosphorus, em São Paulo (2013); Gasworks, em Londres, Reino Unido (2013) e Made in Mirrors Foundation, em Guangzhou, China (2011).

Cristiano tece sua prática artística como um jogo ilusório entre o plano bidimensional e o espaço tridimensional. A partir de vídeos, performances, observações, fotografias, desenhos e gravuras, o artista busca na realidade ordinária e mundana ferramentas para construir uma obra que acontece por atração e transformação dos materiais e símbolos.

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GALERIA DE FOTOS (navegue pelas setas na horizontal)
por Denise Adams, Frederico Pellachin e Raquel Romero-Faz

ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA – ANO II (2017)

Concepção e direção do projeto
Consuelo Bassanesi

Concepção e desenvolvimento do tema
Consuelo Bassanesi e Bernardo José de Souza

Interlocução Curatorial
Bernardo José de Souza e Pablo León de la Barra

Produção, Comunicação e Documentação
Frederico Pellachin

Gestão Financeira e Jurídica
Clarice Goulart Correa

Assistente de Produção
Pablo Ferretti

Comitê de Seleção (Programa de Residências)
Consuelo Bassanesi, Bernardo José de Souza e Pablo León de la Barra

Logomarca e Design Gráfico (publicação)
Pablo Ugá

Fotos (performances e aberturas)
Denise Adams, Vinícius Nascimento e Raquel Romero-Faz.

“Os corpos são as obras” (curadores)
Guilherme Altmayer e Pablo León de la Barra

Agradecimentos
Alexandre Rodolfo de Oliveira, Alexandre Sá, Ana Matheus Abbade, Bertan Selim, Bianca Bernardo, Eduardo Montelli, Laura Lima, Marcelo Velloso, Prince Claus Fund, Raphael Fonseca.

 

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Cinema Kuir apresenta: “Normal Love” (1963), de Jack Smith

Quinta, 14.09.2017

Cinema KUIR está à frente da curadoria do nosso cineclube durante os meses de setembro e outubro, como parte da programação paralela do Arte e Ativismo na América Latina (um projeto da Despina com suporte do Prince Claus Fund).

Para a primeira sessão, que acontece nesta quinta-feira, dia 14 de setembro, será exibida uma cópia restaurada do filme NORMAL LOVE (EUA, 1963, 16mm, 105′), de Jack Smith, um dos pioneiros do cinema underground e da arte performática nos Estados Unidos. Em seguida à projeção, rola uma conversa com Vinicius Nascimento e Daniela Avellar (do Cinema Kuir) e o escritor e crítico cultural Max Jorge Hinderer Cruz.

Esperamos vocês a partir das 19:00. 0800!

ATENÇÃO, A PROJEÇÃO TERÁ INÍCIO PONTUALMENTE ÀS 19:30!!!

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SOBRE O CINEMA KUIR
É um cineclube que opera como um espaço de reflexão sobre questões que orbitam em torno do anarquismo e dos modos-de-vida-e-estar-junto, desprendido dos circuitos normativos e institucionalizados da arte e do audiovisual. Começa suas atividades no ano de 2016 na Galeria Índica, em Ipanema, onde permanece por uma temporada até migrar para a Casa Nem, espaço de resistência e acolhimento da população trans. Em 2017, o Cinema Kuir assume uma estratégia mais itinerante e pensa seu funcionamento através da autogestão. A curadoria busca estabelecer laços com espaços ligados à arte e à política, estabelecendo situações de parcerias e colaborações. As sessões do Cinema Kuir são sempre compostas por um ou mais filmes, seguidas de debates, tensionando temas suscitados pelas obras, a partir das pesquisas e vivências pessoais dos seus realizadores. As sessões acontecem sempre de forma gratuita e colocam-se como um dispositivo aberto. Cinema Kuir é Vinicius Nascimento, Calí dos Anjos, Daniela Avellar e Helena Assanti.

SOBRE JACK SMITH e “NORMAL LOVE”
O diretor, ator e artista performático Jack Smith (1932-1989) foi um dos precursores da estética conhecida como “camp-trash”, fortemente influenciada pelo “kitsch” de Hollywood e pela cultura oriental. Sua obra teve forte ressonância no trabalho de Andy Warhol e John Waters. É também reverenciado por artistas como Laurie Anderson, Cindy Sherman e Mike Kelley, o cineasta Matthew Barney, a fotógrafa Nan Goldin, os músicos John Zorn, Lou Reed e David Byrne e o diretor de teatro Robert Wilson. “Normal Love” é uma grande homenagem aos filmes B e uma afirmação vívida do papel de Smith como a força motriz do cinema experimental e da arte performática do pós-guerra nos Estados Unidos. O elenco inclui alguns ícones da cena underground da época como Mario Montez, Diane de Prima, Tiny Tim, Francis Francine, Beverley Grant e John Vaccaro.

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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o projeto tem como tema o CORPO e se estende de maio a outubro. Mais informações e programação completa, por aqui.

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SERVIÇO
Cinema Kuir apresenta: “Normal Love” (EUA, 1963, 16mm, 105′), de Jack Smith
Quando: Quinta-feira, 14 de setembro, a partir das 19:00
(o filme começa pontualmente às 19h30)
Onde: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado – Centro
Entrada gratuita

Aula inaugural com Arte e Ativismo na UERJ

Quinta, 14.09.2017

Temos o prazer de convidar todxs para a aula inaugural do curso “Trágico New Look (fontes alternativas de conformidades renováveis)” – ministrado e coordenado pelo Prof. Dr. Alexandre Sá dentro do Programa de Pós-Graduação em Artes da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro) – e que acontece na próxima quinta-feira, dia 14 de setembro, das 13 às 16 horas, no auditório do Instituto de Artes da UERJ.

Para esta primeira aula, aberta ao público, os artistas Carlos Martiel, Cristiano Lenhardt e Mariela Scafati – que participam da segunda edição do Arte e Ativismo na América Latina (um projeto da Despina com suporte do Prince Claus Fund) – irão conversar sobre suas trajetórias, práticas e a experiência de suas residências, atualmente em curso no Rio de Janeiro.

Esperamos vocês!

SOBRE O CURSO “TRÁGICO NEW LOOK”
Ementa: Qual o devir-trágico do contemporâneo em seu esgotamento? Haveria alguma relação direta entre o esgotamento e a solidão? E se tal conjunto clichê fosse capaz de compor uma paisagem apática new look que invadisse a intimidade e pasteurizasse o processo de vida? Existiriam rotas e fontes alternativas? Em que medida é possível pensar um processo de criação que consiga escapar de tais minas plantadas em um campo não tão ampliado?

SOBRE OS ARTISTAS CONVIDADOS

_CARLOS MARTIEL é conhecido por suas ações performáticas viscerais que expõem críticas sobre questões contemporâneas associadas ao seu país de origem (Cuba) e ao resto do mundo. Seu trabalho tem no corpo um espaço para o discurso, refletindo sobre as relações de poder e o contexto social.

_MARIELA SCAFATI é considerada uma das artistas argentinas mais importantes de sua geração. Seu trabalho é muitas vezes pautado por questões de gênero e transita pela pintura, bordado, escultura, instalação, serigrafia e educação.

_CRISTIANO LENHARDT tece sua prática artística como um jogo ilusório entre o plano bidimensional e o espaço tridimensional. A partir de vídeos, performances, observações, fotografias, desenhos e gravuras, o artista brasileiro radicado no Recife busca na realidade ordinária e mundana ferramentas para construir uma obra que acontece por atração e transformação dos materiais e símbolos.

SOBRE O ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA
É um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o projeto tem como tema o CORPO e se estende de maio a outubro. Mais informações e a programação completa, por aqui.

SERVIÇO
Aula inaugural do curso “Trágico New Look (fontes alternativas de conformidades renováveis)” na UERJ
– com a participação dos artistas Carlos Martiel, Cristiano Lenhardt e Mariela Scafati.
Quando: quinta-feira, 14 de setembro
Onde: Auditório do Instituto de Artes da UERJ
Rua São Francisco Xavier, 524 – 11º andar – bloco E
Maracanã – Rio de Janeiro, RJ
Horário: 13 às 16hrs
Entrada gratuita

ORGANIZAÇÃO
Alexandre Sá, Consuelo Bassanesi e Frederico Pellachin

REALIZAÇÃO

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Despina e UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), com o apoio do Prince Claus Fund, Instituto de Artes da UERJ, Programa de Pós-Graduação em Artes da UERJ, Grupo de estudo “Arte Contemporânea e o estádio do espelho” e Concinnitas – Revista do Instituto de Artes da UERJ.

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Oficina de serigrafia queercuirkuir

Quarta, 13.09.2017

Atenção desobedientes, monstxs, travestis, trans, bichas, ​​sapas, prostitutxs, artistas, não artistas, pedestres, dançarinxs, professorxs, caminhantes, sonhadorxs, designers, escandalosxs, tímidxs, solitárixs e acompanhadxs! Para participar, você só precisa se dispor a estar juntx! 😉

Esta oficina acontece na próxima quarta-feira, dia 13 de setembro, das 16 às 20 horas no nosso sobrado da Rua Luis de Camões, 2 (Centro). Será coordenada pela artista argentina Mariela Scafati, que participa do coletivo “Serigrafistas Queer” e está atualmente em residência no Rio de Janeiro para a segunda edição do Arte e Ativismo na América Latina, um projeto da Despina com suporte do Prince Claus Fund.

Tendo como ponto de partida a serigrafia – uma técnica que multiplica ideias, desejos e modos de fazer coletivo – , vamos pensar, trabalhar em conjunto em espaços públicos, compartilhar estratégias de trabalho coletivo, parcerias e alianças fluidas. Se existe afeto, existe a serigrafia!

Axs interessadxs em participar, é importante trazer papéis, tecidos, camisas, tudo o mais que você deseja estampar.

A ideia é continuar o trabalho com algumas telas, que já foram criadas na semana passada durante oficina realizada na Casa Nem – em preparação para a próxima “Marcha das Vadias”. Algumas frases já foram cunhadas, como “Nemhuma a menos”, “Cadela o dia todo” e “Meu corpo, minhas regras”, entre outros slogans antecipados pelo coletivo “Serigrafistas Queer”, como “Lucha ama a Victoria”, “Poder para as vaginas trans masculinas”, “Corpos desobedientes, produção paralisada”. A partir daí, vamos pensar coletivamente novas proposições. Mariela também irá compartilhar parte de seu arquivo de camisetas, realizando a performance “Nem verdade, nem falso”.

Esperamos todxs vocês!

INFO

MARIELA SCAFATI é considerada uma das artistas argentinas mais importantes de sua geração. Seu trabalho é muitas vezes pautado por questões de gênero e transita pela pintura, bordado, escultura, instalação, serigrafia e educação.

SERIGRAFISTAS QUEER (SQ), auto-intitulado como um “não-grupo”, nasceu em 2007. O coletivo tem sediado reuniões periódicas em que são pensados e discutidos slogans. Screenprints e stencils são montados em vários formatos de impressão para serem usados na Parada do Orgulho LGBT, que é realizada anualmente em diferentes cidades da Argentina. Os materiais produzidos são mantidos e re-utilizados livremente em outras ações.

ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o projeto tem como tema o CORPO e se estende de maio a outubro. Mais informações e programação completa por aqui.

SERVIÇO
Oficina de serigrafia queercuirkuir
(com a artista argentina Mariela Scafati)
Onde: Despina | Largo das Artes
(Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado – Centro)
Quando: quarta-feira, 13 de setembro
Horário: das 16 às 20 horas
Entrada gratuita

CRÉDITO DA IMAGEM
Mídia Ninja (Registro da oficina de serigrafia realizada no dia 2 de setembro na Casa Nem, no Rio de Janeiro, em preparação para a próxima “Marcha das Vadias”).

Saara Nights #18

Quarta, 30.08.2017

Esperamos tod@s na próxima quarta, dia 30 de agosto, para mais uma SAARA NIGHTS, nossa noite mensal de ateliês abertos. Nesta 18ª edição, as artistas Mariana Sameiro (Portugual) e Alexa Eisner (EUA) encerram suas residências na Despina e expõem alguns trabalhos, que reúnem objetos, pinturas e instalações. Já os artistas Carlos Martiel, Cristiano Lenhardt e Mariela Scafati, que participam da segunda edição do ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA (um projeto da Despina com suporte do Prince Claus Fund), abrem seus ateliês ao público e exibem alguns trabalhos em processo. No telão, vamos exibir com exclusividade o vídeo da performance MEDITERRÂNEO, concebida por Martiel para o pavilhão cubano na última Bienal de Veneza. E, especialmente convidados para esta edição, os artistas Liana Padilha e Bruno Mendonça apresentam mais uma ação do projeto TIRO NO ESCURO, que explora a linguagem do spoken word e uma ideia expandida de narrativa de texto. Para esta noite, a dupla conta com a participação do músico e artista Lucas Freire.

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SOBRE “MEDITERRÂNEO”
Documentação em vídeo (31’18”) de performance concebida pelo artista Carlos Martiel para o pavilhão cubano durante a 57ª Bienal de Veneza (2017). Em um mundo tão dividido, no meio de tanta morte e indiferença, a xenofobia parece ir se acomodando na agenda política de muitos países. “Mediterrâneo” é um trabalho que ilustra perfeitamente a situação atual da imigração africana para a Europa. Quem realmente faz algo por esses imigrantes? (Cortesia: Rossmut).

SOBRE “TIRO NO ESCURO”
No 17 de junho de 2016, um dos dias mais fatídicos para a continuação do processo do golpe vivido no Brasil, os artistas Bruno Mendonça e Liana Padilha se reuniram pela primeira vez, de maneira inédita, para realizarem uma performance chamada “Tiro no Escuro”. Colaborando já de outras maneiras há algum tempo com textos, composições, entre outros – como no contexto da exposição “À Meia-Noite Levarei sua Alma”, sobre o artista José Mojica Marins (realizada no MIS-SP em 2015) -, a performance ou ação ao vivo em dupla era ainda algo novo. “Tiro no Escuro” se tornou então uma maneira de formalizar este processo de interlocução em um projeto de performance que, de certa maneira, reúne questões que perpassam seus trabalhos de uma forma geral. Ambos trabalham com a exploração de uma ideia expandida de narrativa e de texto, muitas vezes a partir de colagens. Os artistas também apresentam em suas trajetórias produções transdisciplinares e híbridas, normalmente de caráter colaborativo.

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SOBRE OS ARTISTAS EM RESIDÊNCIA

<< Programa de Residências Despina >>

ALEXA EISNER vive e trabalha em São Francisco (EUA). Seu trabalho está centrado na exploração do corpo e do ambiente, com ênfase na construção da identidade e nos limites entre as coisas. Seu processo é multidisciplinar e incorpora performance, pintura, vídeo, fotografia e instalação. Graduada em Comunicações pela U.C. Berkeley, com mestrado em Comunicação Retórica pela Universidade Syracuse, Eisner também se dedica à dança contemporânea. Mais informações, por aqui.

MARIANA SAMEIRO nasceu em Portugal, vive e trabalha em Londres. Artista e designer multidisciplinar, é mestra em Comunicação Visual e graduada pelo Royal College of Art, onde atualmente é professora visitante. Sua prática artística explora narrativas sobre o Antropoceno, em que geologia e arqueologia futuras tornam-se narrativas da cultura humana. Também trabalhou como curadora independente, organizando exposições sobre utopias e distopias, bem como sobre ambientes digitais e físicos. Durante a sua residência na Despina, a artista ministrou um workshop gratuito com os alunos do coral “Uma Só Voz”, no Museu do Amanhã, localizado na região portuária do Rio de Janeiro. Nesta atividade, os participantes puderam conceber objetos que se assemelham a “fósseis do futuro”, tema que faz parte da sua pesquisa mais recente. Além dos trabalhos autorais desenvolvidos para a residência, o público poderá conferir alguns objetos produzidos pelos membros do coral e que estarão expostos no ateliê ocupado por Mariana na Despina. Mais informações, por aqui.

<< Arte e Ativismo na América Latina – ano II >>

CARLOS MARTIEL é um artista cubano conhecido por suas ações performáticas viscerais que expõem críticas sobre questões contemporâneas associadas ao seu país de origem e ao resto do mundo. Seu trabalho tem no corpo um espaço para o discurso, refletindo sobre as relações de poder e o contexto social.

MARIELA SCAFATI é considerada uma das artistas argentinas mais importantes de sua geração. Seu trabalho é muitas vezes pautado por questões de gênero e transita pela pintura, bordado, escultura, instalação, serigrafia e educação.

CRISTIANO LENHARDT vive e trabaha em Recife, Pernambuco. A sua prática artística é como um jogo ilusório entre o plano bidimensional e o espaço tridimensional. A partir de vídeos, performances, observações, fotografias, desenhos e gravuras, o artista Lenhardt busca na realidade ordinária e mundana ferramentas para construir uma obra que acontece por atração e transformação dos materiais e símbolos.

Mais informações sobre a segunda edição do projeto Arte e Ativismo na América Latina, por aqui.

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SERVIÇO

Saara Nights #18 + Tiro no Escuro
Quando: quarta-feira, 30 de agosto
Horário: 19 horas
Onde: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado
Centro – Rio de Janeiro, RJ
Entrada gratuita

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CRÉDITO DA IMAGEM
Guilherme Falcão
Desenho, 2016
(concebido para o projeto “Tiro no Escuro”)

Circuitos de falas, escutas e trocas

26.08 e 02.09.2017

Arte e Ativismo na América Latina – ano II (2017)

PRESENTE! CORPOS-SUJEITOS, RESISTÊNCIA E INSUBORDINAÇÃO

Quando escolhemos o CORPO como tema do segundo ano do projeto ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA, nos deparamos com uma imensidão complexa e bela, e ao mesmo tempo desafiadora. Como dar conta de corpos que são maiores do que qualquer projeto, maiores do que eles próprios? Como dar voz à diversidade de narrativas diante das limitações inerentes ao desenho de um projeto específico? A resposta foi a construção coletiva de uma programação paralela, possível graças ao engajamento e às proposições de artistas e pesquisadores que trabalham e pensam o corpo a partir de seu potencial micro-político e transgressor.

Tendo em vista esse desafio, criamos um evento multidisciplinar que será realizado em dois sábados: 26 de agosto e 2 de setembro. Não esperamos com isso esgotar o assunto, ao contrário. A conversa está só começando.

Todxs os corpos são bem vindxs!

PROGRAMAÇÃO DO DIA 26 DE AGOSTO

16h00
NÓS SOMOS PORQUE ELXS SÃO
Eu-Você-Nós-Elxs: disposições precárias, temporárias e em constantes conformações através de encontros e desencontros. O que está em jogo para os corpos dissidentes, fora das hegemonias de cor, raça e classe (listando apenas os principais sistemas estruturantes da diferença) quando seus campos de atuação cultural se inscrevem em um dos mais, senão o mais elitizado e excludente de todos? Como as políticas neoliberais descoladas e ao mesmo tempo marginalizantes que envolvem o circuito da arte contemporânea acabam por influenciar a produção de artistas negrxs? Como a gente faz nossos corres de arte, diante de tantos outros corres, que nos deixam em condições precarizantes? Esses fatores nos colocariam em desvantagem ou daí produziríamos também nossa potência? A presente proposição tem como objetivo estimular uma conversa pluriversal com todxs os presentes sobre as condições sempre adversas de ser artista visual afrodescendente no maior país negro da diáspora forçada africana. Para tanto, como disparadores de nossa dinâmica de partilhas contaremos com 7 artistas que se dispõem de saída como ativadores de reflexões a partir de suas vivências. São elxs: Aline Besouro, Jandir Jr., Lyz Parayzo, Marina .S. Alves, Millena Lízia, Rafa Éis e Renata Sampaio. Contudo, todxs estão convidadxs para dividir suas experiências, pois o formato de nossas falas fluirá através da composição ancestral-utópica da roda de conversa: em que ninguém está atrás ou na frente de ninguém, estamos todxs um ao lado dx outrx.

18h00
O MANIFESTO FREAK E OUTRAS CONVERSAS SOBRE O CORPO MODIFICADO
Partindo de vivências e experiências nos meios das modificações corporais do Brasil e inspirado no body hackitivism, na teoria queer, teoria crip e em todas as teorias em curso sobre possibilidades de vidas desviantes, a educadora, historiadora, artista e ativista T. Angel discorre sobre aquilo que podemos chamar de teoria freak ou a teoria dos anormais.

19h00
A COMPLEXIFICAÇÃO DOS CORPOS: ESPREMIDOS RELATOS ENTRE A FAVELA E A CADEIA
Thainã de Medeiros e Samuel Lourenço conversam sobre as sanções à mobilidade dos moradores dos bairros periféricos. O aprisionamento destes corpos acontece em diversas esferas: no encarceramento em massa de jovens negros, na dificuldade de mobilidade social, nas limitações de locomoção e na falta de liberdade de trânsito pela cidade.

21h00
PERFORMANCE “INAPTO” (30′)
com T. Angel
Inapto – Adj. Que não possui nem demonstra capacidade e/ou aptidão.Que não é capaz; sem habilidade.
Como se operam os sistemas de segregação e exclusão do acesso de determinadas pessoas ao mercado de trabalho. O que está debaixo do véu da hipocrisia que acoberta e faz girar essa velha roda é um sistema normativo, controlador, reacionário e autoritário por onde se selecionam não apenas quem entra no mercado de trabalho, mas sim, quem deve ou não existir. Eles dizem com um sorriso cordial cínico que não estão contratando, que as vagas foram todas preenchidas, que não temos o perfil para o cargo ou para a empresa ou, ainda, debruçados no discurso médico, carimbam em nossas testas que somos inaptos. Nós dizemos com o rosto lavado de sorriso que eles são capacitistas, cisterroristas, heteronormativos, racistas, gordofóbicos, meritocráticos e eugenistas. O que de fato está inapto?

***

PROGRAMAÇÃO DO DIA 02 DE SETEMBRO

16:00
APROVEITE SUA PRÓSTATA – CINEMA KUIR
A questão é bem simples e direta. Como uma parte da anatomia masculina pode ser renegada em nome de uma suposta virilidade? Ainda mais essa parte sendo o equivalente ao ponto G masculino. Debate com o Vinicius Nascimento e Daniela Avellar, que formam o coletivo CINEMA KUIR.

17h30
ESBOÇANDO PLATAFORMAS: CORPO COLETIVO E ENTIDADE
Em um mergulho profundo entre instituições psiquiátricas e terrenos baldios, o artista Jefferson Andrade traça uma análise teórico-prática de formas de vida que estão na borda da produção de narrativas. Transdisciplinaridade e inteligência coletiva como mecanismos de produção de conhecimento. Através de uma nova gestão do corpo, como podemos evocar uma comunidade por vir ou mesmo uma entidade?

19h00
MAIS DADOS, MENOS INVISIBILIDADE
Quantas pessoas trans ocupam cargos públicos no país? Que porcentagem de mulheres empresta seus nomes a ruas e praças? A maioria masculina na chefia da mídia impacta a forma como as mulheres são retratadas? A jornalista Maria Lutterbach apresenta “Gênero e Número”, uma iniciativa independente de jornalismo que garimpa, analisa e difunde dados em resposta a perguntas como essas para qualificar o debate sobre os direitos das mulheres e da população LBTQIA+ no país e na América Latina. Tornar dados acessíveis é estratégico não só para embasar discursos de mudança e construção de políticas públicas, mas sobretudo para revelar corpos e sujeitos repetidamente invisibilizados.

20h30
PRAZER É RESISTÊNCIA
A artista visual e dj Susana Guardado encontra na música e na sua experiência sensorial a “possibilidade de construir narrativas coletivas sem palavras”. Na pista de dança, local de participação e partilha onde se desenvolvem momentos rituais sem transcendência, formula-se as questões que irão servir de base ao seu trabalho visual: as relações interpessoais na sociedade ocidental contemporânea; a música como elemento agregador, contaminador, condutor, gerador de imagens e momentos, capaz de produzir e convocar memórias; e, sobretudo, a vivência pessoal da artista destas mesmas realidades, numa incessante procura de identidade e auto-conhecimento. Por isso, o trabalho de Susana Guardado não define, apenas sugere; sugere a sua própria história que se pode, ou não, identificar com outras histórias, abrindo campo à estimulação da memória, convidando à viagem e à criação de novos sentidos. Nas ruas, nas festas híbridas e construídas coletivamente (fora dos mecanismos tradicionais), arte, hedonismo e contracultura se encontram. Prazer é poder que emana do corpo.

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SOBRE OS PARTICIPANTES

26 DE AGOSTO

ALINE BESOURO
Sua atuação artística tem como conexão o interesse em alguém e a possibilidade de narrar alguma coisa tendo como suporte diversas materialidades e possibilidades. Integra diversas propostas coletivas, tais quais o Grupo MAd, voltado para performances, pesquisas sobre relações entre-corpo e de criação de dispositivos relacionais, desde 2012; a Bendita Gambiarra, projeto de ilustração e construção artesanal, desde 2014; e também o grupo Antessala, grupo editorial que possui como principal publicação o jornal de mesmo nome, cuja pesquisa perpassa assuntos sobre ditadura, proposição curatorial e memória. Na área de proposições artísticas-educativas, destaca-se o projeto Transcrições, de início em 2015, voltado para pessoas transexuais e travestis e o laboratório Coser, que acontece desde 2015

JANDIR JR.
Desenvolve o site processofolio.tumblr.com e, junto com Antonio Gonzaga Amador, performa a Amador e Jr. Segurança Patrimonial LTDA., que consiste em ações específicas realizadas pelos artistas trajando uniformes de segurança em espaços dedicados à exposição de obras de arte.

LYZ PARAYZO
Vive e trabalha entre Rio de Janeiro e São Paulo. Manicura e puta-pornô-terrorista, iniciou seus estudos na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e começou a invadir galerias de arte com intervenções estético-políticas. Como um vírus, subverteu os protocolos de poder dos espaços institucionais borrando as fronteiras do que é oficial. Tem o corpo como principal suporte de trabalho e sua performatividade diária como plataforma de pesquisa. Suas bombas-plásticas desestabilizam as tecnologias heteronormativas e coloniais, são projeções anabolizadas da sua existência. Vem desenvolvendo video-instalações com conteúdo pós-pornográfico, joias bélicas e atualmente está pesquisando as performances de gênero e classe a partir da cor em seu “Salão Parayzo”, dispositivo itinerante no qual atua como manicura.

MARINA S. ALVES
Ativista visual que encontrou na fotografia de espetáculos de dança e na fotogradia documental a motivação para desenvolver uma autoria. É fotografa do núcleo de criação e produção audiovisual AGÔYÁ, sediado no Centro Afrocarioca de Cinema, Lapa/RJ, composto por mulheres que utilizam a imagem como meio de visibilização critica de temáticas político-sociais e atua como professora de fotografia digital na Coordenadoria de Arte e Oficinas de criação da UERJ.

MILENA LÍZIA
Mestranda de Estudos Contemporâneos das Artes – UFF. Graduada em Comunicação Visual (2009) e com especialização em Montagem Cinematográfica (2012). Começa em 2010, por meio de oficinas na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, sua pesquisa em arteS. Foi o uso da tecnologia (geralmente em dispositivos low-techs de vídeo, animação e fotografia) que a despertou para uma poética voltada para x(s) corpx(s) e sua(s) relação/ões com o(s) mundo(s).

RAFA ÉIS
Natural de Porto Alegre – RS. Desde 2007 colabora com projetos pedagógicos de museus, centros culturais e projetos independentes vinculados às artes visuais. Integrante-fundador do Coletivo E, grupo independente de artistas-educadores. Em 2017 concluiu seu mestrado em processos artísticos pelo PPGARTES-UERJ. Atua como orientador de oficinas artísticas (artes visuais) no Centro Cultural UERJ/COART.

RENATA SAMPAIO
É artista multidisciplinar. Seus trabalhos orbitam o corpo negro feminino e questões ligadas à identidade, intimidade e territorialidade. Trabalhou em diversas instituições e exposições artísticas como arte educadora investigando as possibilidades da educação com a performance.

T.ANGEL
Trabalha com educação pública em Osasco, Grande São Paulo. Graduadx em história, é artista e ativista pelos direitos dos animais humanos e não humanos. Nas últimas décadas tem pesquisado as modificações corporais sob uma perspectiva histórica. Parte dessa pesquisa tem atravessado o seu próprio corpo, na realidade é de onde tudo se iniciou. O ponto de partida foi a própria carne. Em 2015, publicou o livro “A Modificação Corporal no Brasil”, 1980-1990 (Editora CRV) e em 2016 publicou eletronicamente o “Manifesto Freak”. Partindo dessas escritas e experiências, surge a proposta para se desenvolver uma conversa e um exercício de reflexão acerca das subjetividades e corporalidades que não se encaixam nos padrões do discurso hegemônico.

THAINÃ DE MEDEIROS
Museólogo e jornalista, nascido e criado na Penha, reside há 4 anos no Complexo do Alemão, onde atua no Coletivo Papo Reto utilizando a tecnologia para a disputa de narrativa sobre a favela e garantia de direitos humanos. Usa a capoeira como forma de relaxar e funk para entender a cidade.

SAMUEL LOURENÇO FILHO
Ex-presidiário, membro do “Eu sou Eu: Reflexo de uma vida na prisão” (grupo composto por egressos) e aluno de Gestão Pública para o Desenvolvimento Econômico e Social – UFRJ.CINEMA KUIR surge da necessidade de criar um dispositivo que opere como um espaço para reflexão de temas que gravitam entre anarquismo e modos de vida e estar junto que escapam às normas vigentes atrelados a arte e audiovisual.

02 DE SETEMBRO

CINEMA KUIR
É um coletivo de cineclube que opera como um espaço de reflexão sobre questões que orbitam em torno do  anarquismo e dos modos-de-vida-e-estar-junto, desprendido dos circuitos normativos e institucionalizados da arte e do audiovisual. Começa suas atividades no ano de 2016 na Galeria Índica, em Ipanema, onde permanece por uma temporada até migrar para a Casa Nem, espaço de resistência e acolhimento da população trans. Em 2017, o Cinema Kuir assume uma estratégia mais itinerante e pensa seu funcionamento através da autogestão. A curadoria busca estabelecer laços com espaços ligados à arte e à política, estabelecendo situações de parcerias e colaborações. As sessões do Cinema Kuir são sempre compostas por um ou mais filmes, seguidas de debates, tensionando temas suscitados pelas obras, a partir das pesquisas e vivências pessoais dos seus realizadores. As sessões acontecem sempre de forma gratuita e colocam-se como um dispositivo aberto. Cinema Kuir é Vinicius Nascimento, Calí dos Anjos, Daniela Avellar e Helena Assanti.

JEfFERSON ANDRADE
Artista, escritor e teórico-ativista. Com uma abordagem conceitual, suas obras referem a teoria pós-colonial, desenvolve trabalhos de investigação sobre inteligência coletiva, ciberespaço e novas narrativas. As obras são baseadas em situações inspiradoras: visões que refletem uma sensação de indisputabilidade e contemplação serena.

MARIA LUTTERBACH
Cofundadora da “Gênero e Número” e realizadora audiovisual. A “Gênero e Número” é uma organização de mídia independente que trabalha com jornalismo de dados para qualificar o debate sobre gênero e direitos humanos no Brasil e na América Latina. Além do conteúdo  publicado em www.generonumero.media, a iniciativa desenvolve pesquisas e organiza eventos voltados a amplificar o tema para além do nicho ativista.

SUSANA GUARDADO
Portuguesa radicada no Rio, é artista visual e dj. Idealizadora de diversas festas e ações coletivas , entre elas, “Bota na Roda”, “Finalmente” e “Novo Romance”. Atualmente, é uma das gestoras do espaço cultural “Boca”, localizado na região central da cidade.

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SERVIÇO

PRESENTE! CORPOS-SUJEITOS, RESISTÊNCIA E INSUBORDINAÇÃO
{{{ Circuitos de falas, escutas e trocas }}}
Quando: 26 de agosto e 02 de setembro (sábados)
Horário: 16h00 – 22h00
Local: Despina
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado – Centro
Rio de Janeiro, RJ
Entrada gratuita

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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o projeto tem como tema o CORPO e se estende de maio a outubro. Mais informações e programação completa, por aqui.

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CRÉDITO DA IMAGEM
T. Angel. Fluído. 6ª Mostra Exercícios Compartilhados, São Paulo
Foto: Leonardo Waintrub

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GALERIA DE FOTOS – DIA 1
(por Frederico Pellachin e Raquel Romero-Faz)

GALERIA DE FOTOS – DIA 2
(por Frederico Pellachin e Raquel Romero-Faz)

Performance “Lamento Kayapó” + Conversa com artistas em residência

Terça, 22.08.2017

Arte e Ativismo na América Latina – ano II (2017)

Dando sequência às ações e atividades do ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA, um projeto da Despina realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, convidamos todxs para uma conversa com os artistas em residência selecionados para a edição deste ano – Carlos Martiel, Cristiano Lenhardt e Mariela Scafati. Antes da conversa, será apresentada pela primeira vez ao público a performance “Lamento Kayapó”, concebida pelo artista cubano Carlos Martiel. Atenção que esta ação terá início antes da conversa, às 19 horas, portanto, chegue cedo! Haverá um bar no espaço vendendo cerveja e água (pagamento somente em dinheiro).

Sobre os artistas em residência

Carlos Martiel (Cuba) é conhecido por suas ações performáticas viscerais que expõem críticas sobre questões contemporâneas associadas ao seu país de origem e ao resto do mundo. Seu trabalho tem no corpo um espaço para o discurso, refletindo sobre as relações de poder e o contexto social.

Mariela Scafati (Argentina) é considerada uma das artistas argentinas mais importantes de sua geração. Seu trabalho é muitas vezes pautado por questões de gênero e transita pela pintura, bordado, escultura, instalação, serigrafia e educação.

Cristiano Lenhardt (Brasil) tece sua prática artística como um jogo ilusório entre o plano bidimensional e o espaço tridimensional. A partir de vídeos, performances, observações, fotografias, desenhos e gravuras, o artista busca na realidade ordinária e mundana ferramentas para construir uma obra que acontece por atração e transformação dos materiais e símbolos.

Sobre “Lamento Kayapó”

Esta performance, que é parte do processo de pesquisa de residência do artista cubano Carlos Martiel na Despina -, procura refletir sobre a violência a que têm sido historicamente submetidas as populações indígenas no Brasil. Também lança luz a respeito das formas de resistência praticadas por essas mesmas populações – especialmente os Kayapós – para preservar seus costumes, demarcar seu território e para combater pacificamente as ameaças dos ruralistas e das indústrias mineradora e madeireira.

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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta segunda edição (2017), o projeto tem como tema o CORPO e se estende de maio a outubro. Mais informações e programação completa, por aqui.

Serviço
Performance “Lamanto Kayapó” + Conversa com artistas em residência
Quando: terça-feira, 22 de agosto
Horário: 19 horas*
Local: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado – Centro
Rio de Janeiro, RJ
Entrada gratuita

Crédito da imagem
Estudo para “Lamento Kayapó”
Desenho de Carlos Mariel

 

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