Rafael Bqueer

Rafael Bqueer
01.05.2017 - 30.06.2017

Arte e Ativismo na América Latina – ano II (2017)

Belém, PA. 1992. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Graduou-se em Licenciatura e Bacharelado no curso de Artes Visuais pela Universidade Federal do Pará (UFPA). Transita por diversas linguagens como: performance, vídeo, fotografia, entre outras práticas a partir das investigações sobre: corpo, decolonialidade, gênero e sexualidade. Participou de diversas residências e exposições, entre elas: Projeto Arte e Ativismo na América Latina- Despina, RJ (2017) ; Red Bull Station – SP (2017); Exposição “How to Read El Pato Pascual: Disney’s Latin America and Latin America’s Disney “- MAK Center, Los Angeles (2017). Artista finalista do prêmio EDP nas Artes – Instituto Tomie Ohtake- SP (2018); Participou do curso “Formação e deformação” da Escola de Artes Visuais do Parque Lage- RJ (2018) ; Artista selecionado pela EAV Parque Lage para a bolsa de residência Artística na AnnexB em Nova York (2019); Artista indicado para a 7º edição do Prêmio Indústria Nacional Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas – SP (2019); Atua também em pesquisas como Drag Queen com sua persona Uhura Bqueer .

Salões, prêmios e exposições

Salão da Universidade da Amazônia de Pequenos Formatos com a instalação “Imersão” (2013);

Artista participante do Prêmio Diário Contemporâneo de Fotografia (vídeo-performance: “Alice” – 2015);

Exposição-residência  “Belém Insular” – Resultado do projeto Arte Sesc Confluências (2015);

Exposição “Carrol’s Day” – Memorial Minas Gerais Vale, Belo Horizonte (2015) ;

Premiado com o primeiro lugar no edital LGBT da Galeria Transarte Brazil, com a série “Alice e o Chá através do espelho”. São Paulo (2015);

Performance realizada na exposição “Experiência número 5” – Espaço Cultural A Mesa_ Rio de Janeiro (2016);

Performance “Alice?”, realizada na Mostra Pavilhão da Casa França-Brasil através do edital “Ocupa Maluca”, do coletivo És Uma Maluca, Rio de Janeiro (2016);

Selecionado para a exposição do edital Novas Poéticas com a vídeo-performance “Remoções”- Curitiba/PR (2016);

Exposição individual “Safári- A marginalização do corpo negro”- Galeria Transarte Brazil- São Paulo (2016);

Selecionado para a exposição Abre-Alas , na  Galeria A Gentil Carioca, com a série: “Alice e o Chá através do espelho” – Rio de Janeiro (2017);

Participou da exposição “Imersões”, com a performance “Babel”, na Cara França-Brasil, Rio de Janeiro (2017);

Participou do 5º Salão de Outono da América Latina, com o tríptico “Insular – Série Alice”, Fundação Memorial da América Latina, São Paulo (2017).

Mais informações
bandeiraufpa@gmail.com


Galeria de Fotos
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Gracey Zhang

Gracey Zhang
01.05.2017 - 31.05.2017

De origem chinesa e taiwanesa, nasceu e cresceu em Vancouver (Canadá). Vive atualmente em Nova York (EUA).

Recém-graduada pela RISD (Escola de Design de Rhode Island), Zhang trabalha como ilustradora freelancer. Sua prática artística lida frequentemente com narrativas, seja através da observação das motivações e ações decorrentes da vida dos outros, seja pela investigação dos ambientes físicos que tais pessoas habitam. Seu trabalho oscila entre grandes pinturas, desenhos e ilustrações editoriais que procuram transmitir o que guia as emoções de um indivíduo ou grupo.

Zhang foi premiada com uma bolsa pela Lighton International Artists Exchange Program (LIAEP) para participar do Programa de Residências Despina durante o mês de maio de 2017.

Mais informações
website: www.graceyzhang.com
instagram: @graceyyz
tumblr: graceyzhang.tumblr.com
vimeo: vimeo.com/graceyzhang

Apoio

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Texto curatorial
por Carla Hermann

A artista canadense radicada em Nova York Gracey Zhang tem como base de atuação o desenho e a ilustração. Formada na Rhode Island School of Design, está acostumada a trabalhar por demanda contando histórias visuais. Em sua primeira visita ao Brasil, durante sua pesquisa de um mês em residência na Despina, contrariando uma expectativa inicial de praticar o desenho de observação, Zhang partiu para uma experiência mais empática. Tocada pelo momento politicamente turbulento e nervoso que encontrou pelas ruas da cidade, ela pintou o sentimento de inconformidade e angústia que percebeu, sob a metáfora de uma pedra que personagens não identificados precisam carregar e manipular.

Em uma das conversas que tivemos, ela me contou sobre um ditado que ouvia de seu pai quando criança: “to eat bitter rocks”. “Comer pedras amargas” significava também ter que processar as coisas e encarar as dificuldades na vida: viver implica em passar por situações penosas. Passados os anos, ao se deparar com a realidade brasileira (dentro da qual, dia após dia, estamos sendo desbastados dos nossos direitos), as pedras voltaram à sua memória.

Esse sentimento incômodo e inominado da tensão política e o seu efeito no cotidiano é mostrado em uma série de pinturas, nas quais pessoas e pedras se relacionam de modo hesitante. Com a economia de linhas, tal como desenha, a artista nos mostra alguém repousando, pequenino, sobre uma grande rocha em forma de um coração humano. Outra pessoa carrega uma rocha redonda, tal qual o Atlas carrega o peso do mundo. Uma terceira figura abraça e as outras brincam, tal como num piquenique, com pequenas pedrinhas. Na sombra do desenho de observação, uma cabeça equilibra outras duas pequenas rochas. Ao brincar com as diferentes escalas das pedras, Zhang mostra que os problemas assumem maior ou menor importância de acordo com o peso que eles têm – e como lidamos com eles.

Poeticamente, o trabalho de Gracey Zhang nos lembra que sem saber como proceder, seguimos carregando um fardo. Ficamos entre a vontade de atirar pedras contra o Congresso e recuar para cuidar do que é nosso, enterrando nossa memória em jardins particulares e pessoais, entre fantasmas do passado e expectativas frustradas. Seguimos mastigando nossas próprias pedras amargas.

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por Frederico Pellachin

 

Catarina Cubelo

Catarina Cubelo
01.04.2017 - 30.04.2017

Vive e trabalha em Londres (Inglaterra). É mestre em Artes Visuais pela Central Saint Martins, University of the Arts London. Foi recentemente selecionada para o Mullehnlowe Nova Award e Red Mansion Art Prize.

Na sua prática artística, Catarina se interessa pela performatividade e a temporalidade das imagens. O seu trabalho envolve uma pesquisa sobre o tempo que as coisas precisam para se conhecerem e a importância do movimento do corpo como condição da tridimensionalidade das coisas. Essa pesquisa, por sua vez, é materializada em performance, escultura, escrita, desenho ou vídeo.

Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, Catarina pretende investigar a diferença que marca a língua em potência. De conhecer esta língua, que é a sua, através da experiência simbólica do corpo em movimento. Uma pesquisa que constitui temporalidade como uma atividade de dinâmicas e afetos, que tenta engendrar hipóteses de teorias de percepção como uma teoria da experiência.  O estranho que se encontra no caminho do passeio é uma postura a adotar para recuperar a experiência.

Mais informações
www.catarinacubelo.eu

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Texto curatorial
por Raphael Fonseca

A escrita é um elemento importante na produção de Catarina Cubelo – seja como elemento essencial para sua investigação como artista e teórica, seja como elemento formal a aparecer explicitamente em alguns de seus trabalhos. Outras vezes também, como em alguma de suas proposições de performance, o texto se faz importante para a colaboração com grupos heterogêneos de pessoas. Durante a residência na Despina, a artista se colocou a caminhar por diferentes trechos do Rio de Janeiro – em especial aqueles que fazia entre Botafogo e o Centro da cidade. A alteridade inevitável que o seu corpo vivenciou em uma cidade cujo urbanismo dialoga com a de sua terra natal (Portugal), mas ao mesmo tempo se diferencia da cidade que habitou nos últimos anos (Londres), certamente é um estopim poético para sua escrita. Do mesmo modo que seu corpo se locomoveu por diferentes paisagens e situações narrativas, sua escrita parece se basear em diferentes narradores e personagens efêmeros. Até mesmo a diagramação de suas palavras e a opção por espaçá-las por diferentes pontos da arquitetura da Despina apontam para o fato de que, fazendo uma pequena adaptação do original, “caminhar é preciso, viver não é preciso” – a potência de seu texto é proporcional à vitalidade de suas experiências.

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Maria Gracia Ego-Aguirre

Maria Gracia Ego-Aguirre
01.04.2017 - 30.04.2017

Vive e trabalha em Lima, Peru. Especializada em Escultura pela Pontifícia Universidade Católica do Peru, Maria explora a natureza como um corpo manifesto e a vulnerabilidade humana intrínseca à sua amplitude e escala.

Atualmente em residência na Despina, a artista trabalha em uma série de “entidades” territoriais que se relacionam à desordenada geografia do Rio de Janeiro e em sintonia com a presença humana. Uma visão pessoal sobre as “fissuras” e “rupturas” das paisagens e seus terrenos indômitos.

Entre as exposições recentes que participou, destaque para a mostra coletiva “Haciendo La Audicion” – Museu de Arte Contemporânea de Lima (MAC) – 2016.

Mais informações
instagram: @mujernevado
gmail: mgegoaguirrealvarez@gmail.com

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Texto curatorial
por Carla Hermann

A peruana Maria Gracia pesquisa ocupações e entendimentos do espaço. Ciente de que mapas são representações da realidade mas que jamais podem ser confundidos com ela, a artista busca em suas obras despertar a consciência das pessoas sobre os lugares, e se interessa direta e constantemente por conceitos geográficos. Ao mesmo tempo, Maria conta ficções sobre o espaço. Buscando fazer paisagem, utiliza construções que são elas mesmas cartografias efêmeras. E nos apresenta ao fim da sua residência no Rio de Janeiro um conto sobre a interação entre natureza e a ação humana, onde formas retiradas no mundo natural abraçam uma peça de mobiliário com gavetas e superfícies investigativas. Há uma série de partes da natureza na instalação de Maria Gracia. Cascos de árvores colados parecem crescer sobre o pequeno armário desfigurado, como os arbustos e trepadeiras que tomam de volta as ruínas de uma civilização antiga. Mostrando que é possível moldar e guardar o mundo exterior, os compartimentos carregam pedaços de matéria encontrada. Musgo, moldes de pedras, terra, uma folha de costela de adão amarelada formam uma pequena coleção bizarra, de um mundo que se pretende biológico mas que já nasce artificial. O armário abriga ainda objetos moldados pelas mãos humanas e que são projeções da natureza: vela de cera emula o crescimento de fungos, um pequeno modelo de morro feito de isopor recoberto de lascas de pedra portuguesa finge geomorfologia, mapeamentos trazem cartografias livres do Rio de Janeiro. Na soma das partes, o objeto que Maria Gracia cria é um corpo híbrido e de formas estranhas, e que desperta a curiosidade exatamente pela sua dualidade entre e o vivo e morto.

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Paola Bascón

Paola Bascón
01.04.2017 - 30.04.2017

Vive e trabalha em Berlim e La Paz. Graduada pela Universidade de Artes e Design de Karlsruhe, Paola trabalhou durante vários anos como assistente e produtora de teatro e performance na Alemanha.

Seu trabalho pode ser definido como uma prática curatorial e artística sobre os rituais sincretistas. Tendo o trabalho de campo como ponto de partida, ela procura retratar o papel e o uso de objetos artesanais e a relação dos rituais com a memória pessoal e coletiva.

Recentemente, Paola desenvolveu um projeto sobre Alasitas, uma festa religiosa que envolve a produção e comercialização de objetos em miniatura – uma representação de desejos – bem como suas práticas rituais. O material reunido foi exibido em uma exposição que combinou vídeo, som e instalação.

Durante sua residência na Despina,  a artista irá realizar uma pesquisa complementar para aprofundar o entendimento dos “ex-votos” – um ritual e uma tradição semelhante, que acontece no Brasil e é também celebrado através da oferta de objetos que representam desejos. Tomando o vídeo como a principal ferramenta/meio, Paola pretende criar um diálogo entre esses dois rituais.

Mais informações
instagram.com/paolabascon
paolabascon@gmail.com

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Texto curatorial
por Raphael Fonseca

A produção recente de Paola Bascón está baseada em investigações sobre as relações entre a produção de objetos artesanais vistos como tradicionais e/ou populares e sua potência como elemento de adoração e fé. Sua pesquisa se iniciou em sua terra natal, a Bolívia, e a análise sobre a confecção de miniaturas para as chamadas Alasitas, uma festa e feira anuais. Nesses eventos, diferentes artesãos produzem miniaturas de casas e de objetos que são adquiridos e conservados como símbolos de desejos materiais (e espirituais) a serem realizados no futuro. A artista, portanto, além da pesquisa iconográfica sobre esses objetos, se colocou no lugar de artista-antropóloga e realizou entrevistas e filmagens que enriqueceram seu material de pesquisa de campo. Após realizar algumas experiências expositivas na própria Bolívia e na Alemanha, ela viajou para o Brasil com a finalidade de investigar outro fenômeno dialógico, mas ao mesmo tempo com princípios bem diferentes: os ex-votos. Nessa produção há algo oposto ao desejo de se conversar e preservar as miniaturas, ou seja, realiza-se (ou se compra) um objeto e este é depositado no espaço público como símbolo de uma graça alcançada. Geralmente articulados à saúde física e espiritual, os ex-votos também já podem ser vistos em relação com os bens materiais. Se o uso desses objetos entre o sagrado e o mundano são diferentes, a sua relação com a confecção artesanal é latente e esse é um dos elementos que une as duas tradições seculares na Bolívia e no Brasil. Por fim, como uma ponte para uma futura pesquisa, a artista também faz um cruzamento dessas pesquisas com a tradição da “mano milagrosa”, popular no México e que, de certa maneira, aponta para um roteiro da sacralidade das mãos na América Latina.


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Ben Burgess

Ben Burgess
01.04.2017 - 30.04.2017

Vive e trabalha em Melbourne, Austrália, onde se graduou em fotografia pela Universidade RMIT. Seu trabalho multidisciplinar envolve um processo de compreensão cultural que se utiliza da criação de objetos como uma maneira de visualizar as suas relações com pessoas e lugares.

Desde a sua primeira viagem ao Brasil em 2014, Ben vem desenvolvendo uma inquieta curiosidade pela nossa identidade e como as artes contribuíram para a formação de um “eu” brasileiro.

Agora, já na sua quarta visita ao Rio, Ben procura entender mais profundamente a sua conexão pessoal com essa terra estrangeira e seu papel como um “gringo” inconfundível.

A janela do quarto do apartamento que ocupa em Copacabana inspirou o seu projeto na Despina. Essa “zona de conforto” irrompe em um espaço contemplativo, que vem lapidando a sua relação com o Brasil (e com a sua parceira brasileira). A janela tornou-se assim um portal de voyeurismo: um espaço para observar, acessar e reter informações. Utilizando a fotografia e o gesto performativo como métodos, Ben serve-se de ventos e janelas como motivos poéticos para a sua exploração pessoal da cidade.

Mais informações
www.benburgess.com.au
www.instagram.com/_benburgess/

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Texto curatorial
por Carla Hermann

Onde vivem as pipas? Às vezes é preciso o outro para perceber a beleza do nosso cotidiano. Ao longo dos anos recentes, o australiano Ben Burgess vem construindo uma relação com o Brasil, se interessando por aquilo que identifica como particularidades do nosso país ou percebendo semelhanças com sua terra natal. E as pipas, elementos ordinários presentes no nosso dia a dia, chamaram a sua atenção. Dedicou a elas o seu mês de residência no Despina. Tentando, errando e acertando, se debruçou sobre os papeis de seda, varetas e cola para pesquisar a forma, a cor e o movimento a partir destes objetos. Em uma conversa no ateliê, Ben me contou que gostava de se imaginar de dentro de uma janela segurando uma pipa, vendo o mundo. Levar a sua janela pelo mundo significa sempre construir uma abertura em sua fortaleza, um canal para ver a natureza. A pipa, elemento móvel que rasga os céus, é o prolongamento do ser. Um elemento que paira e se desloca no ar e que é controlado pelo seu jogador, unindo a manufatura com o natural. Como uma marionete, a pipa é ativa no espaço celeste. Ela dança, deixa rastros e pode até causar estragos. A corporalidade do pipeiro em terra desenha os céus, corta outras pipas, constrói sentidos e arquiteturas. Ben Burgess tomou a construção da pipa como um ritual meditativo e fez disso a sua janela para entender a cidade. Se apropriou das formas coloridas e enigmáticas do outro, revelando movimentos celestes que nós cariocas nem sempre percebemos – como rotas, campeonatos, linguagens pertinentes a essa prática. Seus vídeos, poesias e objetos nos convidam a procurar nos céus as rabiolas e trajetórias que se camuflam no céu.

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Daniel Gnattali

Daniel Gnattali
01.03.2017 - 30.04.2017

Carioca, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em Design Gráfico,  atua como ilustrador desde 2009.

Em 2015-2016, participou das exposições “Desdobramentos” e “Segmentos” (Centro Cultural Laurinda Santos Lobo e Sesc Engenho de Dentro, respectivamente), que abordaram a ilustração como obra de arte no mercado, estudando o impacto da arte como forma primordial de comunicação e como ela se faz presente e necessária em diversas camadas da sociedade, de vitrines de lojas a galerias de arte.

Atualmente, como monitor na Escola de Artes Visuais do Parque Lage e residente na Despina, Daniel começa a observar, em facetas paralelas à sua produção artística, claros registros gráficos de uma transição – uma tomada de consciência do seu desenvolvimento como artista. Neste novo contexto, o artista caminha para uma nova fase de experimentações, que deixa sua pesquisa suspensa e não suspensa – a busca pela pesquisa torna-se a própria pesquisa.

O contraponto entre suas ilustrações de traço concreto – embora dançante – e suas pinturas de expressão dinâmicas e espontâneas deixa claro o extrapolar das linhas de contorno como uma metáfora para as limitações às quais o artista está sujeito no mercado de trabalho.

Natureza, arquétipos, ancestralidade e transmissão de sensações, temas presentes em seus trabalhos atuais como ilustrador, poderão, em contato com a infinitude de linguagens que a arte contemporânea oferece, desaguar em novas paragens.

Mais informações:
http://www.danielgnattali.com
instagram: @danielgnattali

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Texto curatorial
por Carla Hermann

Daniel Gnattali é um artista que tem o desenho como base. Sua participação na residência artística teve como propósitos o amadurecimento de uma poética artística e conectar as suas duas áreas de atuação: a ilustração e aquilo que ele considerava como “arte sem demanda”. O trabalho que Daniel apresenta hoje resulta das suas pesquisas na residência e do entendimento de que seu desenho se mostra para o mundo de múltiplas formas. No campo ampliado do desenho (onde habitam a pintura, a colagem, a fotografia), o artista se sente livre para desenvolver seu imaginário gráfico e espalhá-lo pelo mundo, seja nas suas gravuras e colagens, que podem habitar as paredes do cubo branco, ou seja nos rótulos de cerveja que levam a sua assinatura e que vivem em bares e mercados. Essa multiplicidade de modos de fazer arte trouxe para Daniel a auto percepção de que se apresenta ao mundo sob diversas roupagens. Não seríamos, afinal, múltiplas facetas de nós mesmos diariamente? Vemos então uma série de documentos de identificação de Daniel Gnattali. A partir de muitas impressões da sua carteira de motorista, ele faz uma leitura crítica da padronização e da necessidade de nos colocarmos no mundo a partir daquilo que definimos – ou que nos é imposto – como identidade. Cada indivíduo pode ser um monstro, uma projeção, um sonho, um animal, a natureza ou um super-herói do mundo bizarro. Depende da máscara escolhida para cada momento. E assim, Daniel mostra quantos dele cabem em uma única identificação oficial.

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Luisina Sosa Rey

Luisina Sosa Rey
03.01.2017 - 31.01.2017

Nascida na Argentina, Luisina Sosa Rey vive e trabalha em Montreal, Canadá. É formada em Artes Visuais, com especialização em Pintura e Desenho pela Universidade Concordia.

Por meio do desenho, da instalação, da escrita e de diversas estratégias de “infiltração na realidade”,  seu trabalho funciona como uma meio de implementar experiências que renovam nossa atenção íntima e sensível em relação ao mundo.

Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, a artista pretende se dedicar a uma forma de experimentação que explora o lúdico e o processual em conexão com o tempo cotidiano – situações de solidão meditativa que alimentam um diálogo introspectivo, além de ações e “tropeços” em materiais que ressoam de formas peculiares.

Sua pesquisa incide sobre as noções do “eu’ como uma construção social, sobre a permeabilidade da nossa existência e de que maneira podemos nos transformar através da alteridade e da adversidade.

Esta residência foi parcialmente financiada pelo Conseil des Arts et Lettres du Québec (CALQ) e Les Offices Jeunesse Internationaux du Québec (LOJIQ).

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Texto curatorial
por Bernardo José de Souza

Radicada no Canadá, filha de pais argentinos, Luisina Sosa Rey veio ao Brasil para empreender uma espécie de viagem interior, buscar pistas tanto para sua trajetória artística quanto afetiva. Neste sentido, os períodos de solidão e deambulação nos trópicos revelaram-se profícuos e inspiradores, ensejando pesquisas pessoais e autorais ao largo de sua residência no Rio de Janeiro.

Se sua relação com a pintura já anunciava uma preocupação com o espaço e com a intimidade, e também com a maneira como entes e objetos afetam nossas vidas e percepções sobre o mundo, suas experiências na cidade sinalizaram uma avidez pelas narrativas do afeto e da experiência fenomenológica, razão pela qual a artista seguiu por essas bandas observando os gestos e movimentos rotineiros, cotidianos (menores?).

Na Despina, sua produção relacionou-se sobretudo à observação do que se processa ao redor, à atenção ao movimento involuntário do corpo, às urgências do momento experimentado em toda a sua intensidade e abstração. Quando na praia, defrontou-se com a mensagem cifrada das ondas, às quais atribuiu uma confidencialidade única, inaudita. E esta relação de intimidade pouco mediada com a natureza a fez refletir sobre as nuances culturais e políticas que acabaram por informar a pesquisa aqui desenvolvida. Daí, a artista evoluiu para um confrontamento entre as questões insondáveis da alma e do corpo, este receptáculo de informações e sentimentos por vezes codificadas ou mesmo incompreensíveis.

Extratos de uma correspondência versando sobre as motivações íntimas e culturais,  que orientam as relacões entre sujeito e objeto nos trópicos, revelaram-se material a ser explorado numa futura pesquisa sobre a descontextualização dos códigos culturais e materiais que constituem a esfera política por onde transitamos. E as coreografias emotivas do corpo foram estudadas e captadas em vídeo de modo a formar uma espécie de alfabeto das limitações e expressões mais profundas do espírito humano, torturado ou refém de nossa extenuante tentativa de extrair sentido do constante embate corpo e alma.

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Galeria de Fotos

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Em breve

Romeo Gongora

Romeo Gongora
01.11.2016 - 30.11.2016

Romeo é um artista visual canadense-guatemalteco. Sua prática envolve principalmente a participação e está baseada em uma metodologia pedagógica radical, cujo propósito é ativar a consciência humana e sócio-política por meio de projetos coletivos. Entre algumas de suas colaborações no campo artístico, destaque para: Rencontres de Bamako (Mali), CCA – Lagos (Nigéria), Centro de Arte Torun (Polônia), Festival Belluard (Suíça), HISK (Bélgica), The Office (Berlim) e Open School East (Londres). Em 2007, participou de uma residência de dois anos no Rijksakademie Van Beeldende Kunsten (Amsterdam). Em 2009, representou o Canadá como um artista em residência na Künstlerhaus Bethanien (Berlim) e no Acme Studios (Londres), em 2016.

O centro de arte contemporânea Diagonale e o Conseil des arts de Montréal, em parceria com a Despina,  contemplaram Romeo com uma bolsa integral para participar do nosso programa de residências em novembro de 2016.

Durante a sua estadia no Rio, Romeo coordenou o workshopSonhos despertos: novos modelos de identidade”, uma experiência coletiva que durou três semanas e que envolveu um processo de pesquisa sobre identidade e experimentos vestíveis para uma sociedade utópica (veja registros desse processo na galeria de fotos abaixo).

Os participantes do workshop criaram coletivamente uma coleção de roupas pensada para uma sociedade utópica. Algumas questões que foram abordadas durante os encontros: Qual é o significado de “identidade” em uma sociedade utópica? Como os cidadãos irão se vestir? Que tipo de vestuário e códigos comportamentais estes cidadãos terão acesso?

A metodologia participativa dessa atividade foi inspirada nas técnicas desenvolvidas por Augusto Boal no seu “Teatro do Oprimido”; na noção de consciência crítica, teorizada por Paulo Freire; e em algumas técnicas de pesquisa-ação participativa de Orlando Fals Borda.

O resultado foi exibido na última SAARA NIGHTS de 2016, em 29 de novembro. No espaço da nossa galeria e dos ateliês, aconteceu uma performance nos moldes de um desfile de moda (trechos disponíveis no vídeo a seguir)

Um fanzine também foi lançado e distribuído. Clique na imagem abaixo para baixar uma cópia digital no formato PDF.

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Participantes do workshop
Alan Muniz, Carol Delgado, Carla Ferraz, Cedric Wiegel, Ivaldo Correia, Izabela Stuart, Juliana Salles, Ludymila Santana, Marcela Fauth, Mariana Avillez, Mariana Carvalho, Mariana Milleco, Michele Augusto, Raya Van Der Kroon, Viviane Cunha.

Mais informações sobre Romeo Gongora
www.romeogongora.com

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Texto curatorial
por Raphael Fonseca*

O percurso do artista Romeo Gongora (nascido no Canadá e de família guatemalteca) depende sempre de um elemento externo e indomável: a colaboração de outras pessoas. Com um percurso de mais de dez anos, sua pesquisa se caracteriza pela capacidade de criar situações propositivas em que a participação de grupos heterogêneos é mais do que importante, ou seja, se faz essencial. O artista também se caracteriza por estabelecer essas redes de contatos em diversas localidades do mundo. Essa opção faz com que camadas de alteridade cultural sejam somadas às diferentes existências que o ato de reunir grupos de diversos indivíduos por si só já traz.

De uma experiência com o cinema de ficção científica em Kinshasa, no Congo, à exploração de diferentes sentidos corporais em Torun, na Polônia, se percebe que vem em primeira instância o intercâmbio intelectual e de imagens entre o artista e os participantes ativos de suas propostas. Diferente de um artista-etnógrafo que se apropria ansiosamente de algum elemento cultural destoante de si, Gongora parece mais interessado na individualidade desses participantes, deixando os dados acerca de uma identidade nacional em segundo plano ou mesmo como informação dispersa no resultado final de seus diálogos.

O trabalho que o artista desenvolveu nesse mês de novembro na Despina, no Rio de Janeiro, dá prosseguimento a este processo de criação. Interessado na existência de sociedade utópicas, Gongora deseja pensar junto a uma multiplicidade de mãos e mentes a respeito das formas que este conceito de utopia poderia receber contemporaneamente. As utopias seriam apenas desejos impossíveis de uma imaginação frutífera ou haveria alguma brecha nas sociedades contemporâneas para experimentá-las? Essa pergunta central foi desenvolvida com cerca de quinze participantes que se debruçaram sobre um aspecto específico dessa possível sociedade utópica: o vestuário.

Como seriam as roupas de uma sociedade utópica? A partir dessa pergunta, esse grupo formado no Rio de Janeiro discutiu por meio de quatro encontros centrais e diversos outros momentos de troca informal na Despina. Foram debatidas as diferentes experiências que cada integrante já possuía e seus pensamentos sobre o corpo e o traje foram levados da fala para a criação de imagens. Colagens foram feitas coletivamente e problematizaram diferentes noções de identidade. Cartazes com palavras e frases a respeito das relações entre roupa e identidade também. Paralelamente a essa criação textual e de imagens, os participantes experimentaram com diferentes materiais e com seus próprios corpos novas formas de se pensar uma fisicalidade imersa na miríade de identidades contemporâneas e também as imagens que um corpo coletivo poderia tomar.

Ao observar as experimentações desse grupo e sua articulação com a pesquisa de Romeo Gongora, é interessante lembrar de artistas tão caros à história da arte e da imagem no Brasil que também pensaram a relação entre corpo e identidade. Se pensarmos na própria narrativa histórica de formação do Brasil, os muitos encontros entre culturas e vestuários dados pelo hibridismo entre africanos, europeus e indígenas por si só são dados de importante lembrança. Como resposta a essa confluência de tradições, um artista como Flavio de Carvalho e suas experiências desenvolvidas em São Paulo por meio de sua relação individual com as multidões é um caso possível de se relacionar com esse trabalho desenvolvido na Despina. Seu “New look”, de 1956, chamou a atenção da mídia e dos passantes que viam aquele senhor de mais de cinquenta anos passeando com uma saia e outros acessórios mais confortáveis para o clima tropical.

Se Carvalho foi um dos pioneiros nessa área de investigação, os parangolés de Hélio Oiticica, as roupas relacionais de Lygia Clark, o “Divisor” e seu pensamento sobre um corpo coletivo de Lygia Pape, todos desenvolvidos durante os anos 1960, também são boas referências. Por fim, mais recentemente, artistas como Ayrson Heráclito, Laura Lima e Márcia X desenvolveram pesquisas que apontam para outras rotas, mas que certamente podem ser apreendidos como frutos dessa articulação entre corporeidade, ficção e identidade.

Muito há por se pesquisar e propor dentro dessas articulações e os quatros conceitos propostos pelo manifesto que compõe o fanzine desenvolvido para a mostra de encerramento da residência de Romeo na Despina apontam para isso: liberdade de gênero; consciência e interconexão; simplicidade dos processos e horizontalidade. Em tempos de extrema liberdade de expressão no que diz respeito à virtualidade, mas de opressão escancarada em nossa vivência física cotidiana, esses desejos de mudança são mais do que bem-vindos – são essenciais. Faz-se urgente que percebamos a amplitude de narrativas identitárias que o vestir pode nos trazer tanto na esfera da prática artística, quanto na nossa vivência banal rotineira.

Parece-me, então, que essa proposta criada por Romeo Gongora e agora possuidora de vários autores diferentes, se faz importante e abre caminho para que outras proposições de múltiplas autorias  sejam desenvolvidas pelos próprios participantes desse workshop. Duas cabeças pensam melhor do que uma e mais de dez cabeças podem acender o estopim de uma pequena revolução.

* Raphael Fonseca é curador de exposições de arte contemporânea e de mostras de cinema. Doutor em História e Crítica da Arte pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e mestre em História da Arte pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Escreve para as revistas ArtNexus, Dasartes e Performatus. Venceu o Prêmio Marcantonio Vilaça para as Artes Plásticas na categoria curador em 2015.

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Fotos: Frederico Pellachin

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Andrea Ferrero

Andrea Ferrero
01.10.2016 - 31.10.2016

Vive e trabalha em Lima, Peru. Licenciada em Belas Artes, com especialização em Escultura na Pontifícia Universidade Católica do Peru. Em 2015, foi contemplada com uma menção honrosa no Prêmio Internacional da Crítica. Andrea tem participado de exposições coletivas e vários outros projetos, entre eles, mais recentemente: a concepção da peça “Naked Eye” para o Festival de Teatro de York, em Toronto, Canadá (2013); a exposição Art Laguna Prize, na Veneza Arsennale, em Veneza (2016) e a mostra coletiva “Error 404 | Não encontrado”, na Galeria Rottenslat, em Lima, Peru. Além da residência na Despina, alguns de seus próximos projetos incluem uma primeira exposição individual na Galeria Rottenslat, no Peru, e a participação na MANA Residency | FUGAZ @ MANA, em Nova Jersey, EUA. Andrea é representada pela Galeria Rottenslat, com sede em Lima, Peru.

Sua prática artística está diretamente relacionada com o corpo humano e a maneira como seus resíduos e fragmentos estão vinculados à arquitetura. Também a história e a memória permeiam seu trabalho, tendo em vista a ocorrência e a materialização destes dois temas na superfície de espaços inabitados. Atualmente, Andrea tem se dedicado ao projeto “Espacios Despellejados”, que busca explorar a relação entre corpo, espaço e memória, bem como a justaposição entre o espaço e os organismos que o habitam, permitindo a construção de um “mapa de memória” autobiográfico dos nossos corpos. Neste contexto, a investigação da artista aponta que os espaços inabitados podem carregar as mesmas marcas, impressões, sinais ou traços de memória que um corpo carrega. Surge, desta maneira, uma pele híbrida, uma confluência corpo-espaço na forma de instalações em grande escala, que representam uma memória espacial frágil e instável.

Mais recentemente, o foco de Andrea está nos locais abandonados e nos espaços atemporais escondidos entre o progresso e a decadência; passado e presente. Seus projetos atuais visam explorar questões sociais e culturais evidenciadas e reforçadas pelos lugares; monumentos poéticos ao fracasso que trazem uma beleza quase fantasmagórica, atemporal e surreal – espaços “invadidos” e (re)habitados por corpos que os reapropriam, não só em termos de estrutura, mas em termos de história e memória. Mesmo revitalizados, estes espaços ainda não conseguem escapar da sua própria realidade e infinitude.

Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, a artista pretende investigar os edifícios abandonados e as ideias modernistas utópicas concebidas para uma cidade que já se provara impossível de construir, questionando o que [e se] estes valores refletem não só sobre a atualidade do Rio de Janeiro mas também sobre a história, a cultura e a sociedade brasileiras.

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www.andreaferreropizarro.com
aferrero.p@gmail.com

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