Futurama

20.05.2023 - 21.05.2023

A DESPINA, com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura, tem o prazer de anunciar o Festival Futurama, que acontecerá no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas nos dias 20 e 21 de maio de 2023.

Idealizado por Daniel Toledo e Consuelo Bassanesi, o Festival Futurama é um projeto no campo expandido das artes visuais que propõe pensar e experimentar coletivamente ideias de futuros a serem construídos. A programação do Festival inclui instalações e intervenções, programa de performances, oficinas, mostra de videoartes, feira de artes e ativismos, DJs e espaços de convivência.

Futurama é uma coleção de futuros, onde novas práticas coletivas e comunitárias produzem políticas de cuidado, com as subjetividades, relações sociais e o meio-ambiente integrados. Nosso desafio com este projeto é criar momentos públicos, gatilhos para encontros comuns e trocas horizontais, criando brechas e trilhas para novas percepções, prazer, experimentações e para a construção de simbolismos mais justos, abundantes e diversos.

Residência Cidade Floresta

12.04.2023 - 01.05.2023

Está aberta a convocatória da II Edição do Programa de Residências Cidade Floresta. Podem participar artistas, cientistas, curadores, curadoras, pesquisadores e pesquisadoras residentes no Rio de Janeiro e região metropolitana. 

Nossa proposta é jogar sementes, fertilizar relações, reflorestar imaginários. Olhar para a mata como uma biblioteca de memórias e de projeções de futuros. Colher da cidade suas tecnologias humanas e culturais capazes de germinar mundos. Fincar raízes na possibilidade de que estes dois universos possam não somente co-habitar como também aprender um com o outro.

Sentiu o chamado? Vem!
Inscreva-se e acesse o edital completo no site do Cidade Floresta.

Essa iniciativa é realizada através de uma parceria entre o Goethe Institut, o Serviço de Cooperação Cultural do Consulado da França, e as residências Despina, Casa Figueira e Silo – Arte e Latitude Rural.

JAVIER MONTES

JAVIER MONTES
03.01.2023 - 03.03.2023

Esta residência recebeu o Apoio para Promoção da Mobilidade Internacional de Autores Literários da Dirección General del Libro do Ministério da Cultura e do Esporte da Espanha (Financiado com cargo ao “Plan de Recuperación, Resiliencia y Transformación por la Unión Europea – Next Generation EU”)..

Javier Montes vive e trabalha em Madri. É romancista e ensaísta, autor de dez livros. Seu trabalho recebeu, entre outros prêmios, o Prêmio Anagrama de Ensaio, o Prêmio Eccles da British Library/Hay Festival, o Prêmio Internacional Pereda de Novela, a bolsa Leonardo da Fundación BBVA, a Santa Maddalena Foundation Fellowship e a Civitella Ranieri Fellowship, e foi escritor residente na Residência de Literatura MALBA (Museu de Arte Latino-Americana de Buenos Aires). Suas obras foram incluídas nas antologias Os Melhores Jovens Romancistas de Língua Espanhola, da revista Granta, em 2010, e no The Penguin Book of Spanish Short Stories (ed. por Margaret Jull Costa, Penguin Books, 2021).

Javier colabora com as seguintes publicações: El País, Granta, The Lit Hub, Brick ou The Brooklyn Rail, e participou de festivais literários como Hay Festival Querétaro, Jaipur LitFest, FLIP de Paraty, FILBO de Bogotá, Feria del Libro de Lima e BookExpo NY. Seu trabalho foi traduzido para o inglês e outros oito idiomas. Escreve sobre arte contemporânea na Artforum, Art Agenda, Artnews, El País, Texte zur Kunst e Revista de Occidente. Ele foi curador de exposições, dirigiu cursos ou deu palestras no Museo Reina Sofía, Museo del Prado, IVAM, CAAC ou no Institute of Fine Arts da NYU.

Foi professor de História da Arte na Escola Espanhola de Malabo (Guiné Equatorial) e no Mestrado de Cultura Contemporânea da Fundação Ortega y Gasset. Formou-se em História da Arte pela Universidade Complutense e concluiu o Cours de License no Institut de l’Art et l’Archeologie da Universidade de Sorbonne.

Durante sua residência no Rio de Janeiro, Javier está trabalhando em “Trópico de Londres”, que completará uma trilogia da qual fazem parte os livros “Varados en Río” e “Luz del Fuego” (Anagrama, 2016 e 2020 e Editora Fósforo no Brasil, 2022). Híbridos de busca policial, ensaio literário e reconstrução ficcional de figuras históricas, eles se propõem a rever o mito do Brasil moderno das décadas de 30 a 60, da invenção do samba à exportação da bossa nova e à explosão do tropicalismo, de Clarice Lispector a Niemeyer, de Hélio Oiticica a Lygia Clark, de Drummond de Andrade a Jobim.

“Trópico de Londres” parte desse interesse para reconstituir o episódio brilhante de polinização cultural com o Reino Unido, ainda mais memorável e urgente diante da atual conjuntura política brasileira. Após o golpe militar de 1964, grandes artistas brasileiros foram para o exílio, e muitos escolheram Londres. Era o auge do Swinging London e a mistura era explosiva: lendas vivas da música do século 20, como Caetano Veloso e Gilberto Gil, moraram lá de 1969 a 1972. Tocaram no Wight Festival e no Glastonbury, viram Beatles e Rolling Stones ao vivo, gravaram discos e descobriram o reggae e os novos ritmos jamaicanos ou caribenhos de suas comunidades de imigrantes. Sua casa na Rua Redesdale, 16, em Chelsea, tornou-se a “Capela dos Dezesseis”, sede do exílio cultural brasileiro no Reino Unido. Por lá passaram o cineasta Glauber Rocha, a cantora Gal Costa e o poeta Haroldo de Campos. Os irmãos Claudio e Sérgio Ramos fundaram uma comuna contracultural no coração de Londres, co-produziram o primeiro Glastonbury e convidaram grupos de vanguarda como Os Mutantes e Novos Baianos para a Inglaterra. O mais relevante artista brasileiro do século XX, Hélio Oiticica, expôs sua Tropicália em lendária individual em 1969 na Whitechapel Gallery: quebrou recordes de público, revolucionou a conservadora cena artística inglesa com suas experiências “penetráveis” e sensuais e o próprio modelo de exposição ao mercado europeu. O dramaturgo Antônio Bivar e o escritor Caio Fernando Abreu mais tarde contaram em histórias e memórias a experiência agridoce do exílio em Londres.

Em Trópico de Londres, Javier busca ampliar a visão deste momento efervescente evocando os exilados londrinos de outros países latino-americanos e espanhóis, como Mario Vargas Llosa, Carlos Fuentes, Guillermo Cabrera Infante, Miriam Gómez, Manuel Puig (co-estrela do primeiro livro da trilogia, Stranded in Rio) e Roberto Echavarren, figura fundamental na compreensão do desenvolvimento da teoria queer e do ativismo gay na América Latina.

Além desta pesquisa por personagens e suas histórias, Javier busca, ao estabelecer possíveis vínculos entre todos eles, integrar o Brasil a um perfil cultural ampliado da América Latina e traçar um mapa de Londres como uma capital do exílio latino-americano, menos lembrada que Paris ou Barcelona. Também interessa ao escritor, ao mergulhar neste período histórico da brilhante e lendária Londres dos anos 1960 e 1970, buscar protagonistas e testemunhas inesperadas, revelando como autores brasileiros e latino-americanos trouxeram diversidade linguística, racial, e uma nova consciência política para o tecido social da época.

Podemos ser mais do que imaginamos ser

abril - julho 2022

Podemos ser mais do que imaginamos ser foi realizado com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura, entre abril e julho de 2022.

O projeto ofereceu suporte financeiro e artístico para o desenvolvimento de sete performances inéditas criadas por jovens artistas LGBTQIA+ do Rio de Janeiro: Anis Yaguar, Cuini, Diambe da Silva, Sabine Passareli, Sumé Yina, Tuca e Vicente Baltar. Estas performances foram gravadas e posteriormente exibidas numa mostra itinerante, que percorreu diferentes regiões da cidade: Maré, em parceria com o Galpão Bela Maré e participação de Jean Carlos Azuos; Pequena África, com apoio da Lanchonete <> Lanchonete e participação de Jéssica Dutra; Taquara, em colaboração com o Cine Taquara e participação de Gleyser Ferreira; e no Centro, no Centro Municipal de Arte Hélio Oiticica, com participação de Sol Miranda.

Quatro eixos principais orientaram o projeto: 

– Intervir, apostando na potência de articulação entre as práticas artísticas e a disseminação de mediações sensíveis de pautas corpo-dissidentes;

– Conviver, criando mecanismos de partilha criativa que respeitem a autonomia criativa das artistas convidadas;

– Mediar, partindo de preceitos de educação popular e reconhecendo conhecimentos que transcendem as institucionalidades;

– Performar, entendendo todo o processo de desenvolvimento do projeto, desde a captação das imagens até as discussões públicas, como um ato performativo no mundo.

Acesse no canal do YouTube da Despina as documentações das sete performances

Ficha técnica

Realização: Despina

Artistas: Anis Yaguar, Cuini da Silva, Diambe da Silva, Sabine Passareli, Sumé Yina, Tuca Mello, Vicente Baltar.

Direção artística: Sabine Passareli e Vicente Baltar

Direção executiva: Julia da Costa

Direção financeira: Consuelo Bassanesi

Direção de fotografia e edição: Marina Benzaquem

Assistente de fotografia: Lucas Affonso

Sonoplastia: Julia da Costa e Renato Junior

Identidade visual: Julia Aiz

Tradução em libras: Daniel Monteiro Pereira

Apoio logístico: Vinicius Santos

Artistas convidadas:

Performance de Diambe da Silva: Cuini da Silva, Edna Toledo, Jamilly Marques, Marcus Souza, Sabine Passareli, Tuca Mello, Vicente Baltar

Performance de Vicente Baltar: Cuini da Silva, Joa Assumpção, Sabine Passareli

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miguel keerveld

miguel keerveld
01.05.2022 - 31.05.2022

Reabrindo a agenda de residências internacionais, e dois anos após o planejado, o artista e curador Surinamês Miguel Keerveld está na área para participar do nosso programa. Durante o mês de maio, Keerveld vai avançar na pesquisa curatorial que visa contextualizar experiências de sua persona performática @tumpiflow, com foco na urbanização social e no que se conhece (e reconhece) como “favela”. Keerveld está especialmente interessado na distribuição de conhecimento e nas atividades sociais enquanto forças políticas.

 

zum zum auê – coletiva de coletivos

abril - julho 2022

Zum Zum Auê – Coletiva de Coletivos foi realizado com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura, entre abril e julho de 2022.

Este é um projeto no campo das artes e do ativismo estético-político desenhado para suporte, visibilização, formação de rede, e auto-representação de coletivos formados por corpos que são historicamente subalternizados e suas narrativas apagadas, como pessoas LGBTQIA+, afrodescendentes, indígenas e mulheres. Os coletivos selecionados nesta primeira edição foram: Anarca Filmes, Coletiva Ocultas, Slam das Minas RJ e Trovoa.

O programa foi organizado em torno de uma residência com duração de seis semanas, entre maio e junho de 2022, onde quatro coletivos de artistas, selecionados por convocatória aberta e através de comitê de seleção, participaram de uma agenda que incluiu suporte às práticas de cada grupo, ativações coletivas e eventos abertos ao público.

O suporte foi estruturado a partir de cachê de participação, verba de produção, conversas com curadores/artistas educadores e encontros semanais de acompanhamento dos projetos. Zum Zum Auê também propôs uma agenda pública que abarcou dois eventos: apresentação dos portfólios e pesquisas dos coletivos selecionados no início do projeto, e evento expositivo de encerramento no formato de ateliê aberto para apresentar os processos e trabalhos desenvolvidos ao público. Além disso, cada grupo realizou ao menos uma ativação coletiva, resultando em seis oficinas gratuitas.

Quatro curadores/artistas educadores atuaram no projeto formativo, com o seguinte programa:
– “Estratégias de arquivo e salvaguarda digital de histórias dissidentes”, com Guilherme Altmayer, pesquisador e professor adjunto da Escola Superior de Desenho Industrial UERJ, criador de Tropicuir – Arquivos Transviados.
– “Diversidade de saberes e articulação de práticas anticoloniais”, com Camila Rocha Campos, artista, pesquisadora e educadora.
– “Performance e coletividade, construindo o comum a partir da experimentação de intimidade e escuta”, com a artista e terapeuta Sabine Passareli.
– “Afeto na cidade, intervenções urbanas como proposições políticas de inclusão”, com
Jean Carlos Azuos, artista, educador e pesquisador.
Estes curadores/artistas também fizeram parte do comitê de seleção, ao lado de Consuelo Bassanesi, diretora do projeto e da Despina, e Naomi Savage, produtora de Zum Zum Auê.
Zum Zum Auê – Coletiva de Coletivos tem como principais objetivos:
– Apoiar, fortalecer e visibilizar a produção cultural de coletivos do Rio de Janeiro formados por corpos historicamente subalternizados como pessoas LGBTQIs, negras, indígenas e mulheres;
– Incentivar a formação de redes e trocas afetivas, políticas, sociais, e de produção artística entre os coletivos;
– Instrumentalizar e fornecer ferramentas para o desenvolvimento das práticas de cada coletivo através do programa de conversas com curadores/artistas educadores;
– Compartilhar práticas de criação através de quatro oficinas públicas gratuitas propostas pelos coletivos;
– Apresentar ao público o trabalho artístico de coletivos relevantes na cena cultural carioca;
– Pensar e promover o fazer artístico enquanto campo ampliado da cultura;
– Criar possibilidades de acesso público aos bastidores de processos criativos;
– Visibilizar as práticas e pautas contidas nas atuações dos coletivos e seus membros;
– Garantir a continuidade do trabalho da Despina e das profissionais que fazem parte da rede da Associação, expandindo o apoio financeiro para coletivos de artistas.

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wanja kimani

wanja kimani
15.05.2022 - 30.06.2022

Wanja Kimani foi a artista selecionada para o Artists in Residence do Programa Plural, uma realização do British Council Brasil em parceria com a Despina.

Wanja Kimani nasceu no Quênia e vive no Reino Unido. Seu trabalho flui entre performance, filme, texto e materiais têxteis. Movida por histórias sobre pessoas e lugares reais e imaginários, ela se insere em narrativas e usa seu corpo para explorar rituais, objetos e a paisagem rural.

Durante sua residência, Wanja partiu de uma pesquisa ao arquivo feminista Compa – Arquivo das Mulheres para encontrar o fio condutor para desenvolver um novo trabalho em vídeo. Através do acervo da coletiva Slam das Minas, a artista chegou à poesia de Genesis Poeta, que rendeu um trabalho colaborativo filmado no Rio e no Reino Unido: Pele/Skin.

O Artists in Residence é um programa on-line de residências artísticas na área da arte e cultura que tem como objetivo desenvolver ideias, experimentar novas práticas e criar conexões.
As demais artistas selecionadas e suas respectivas organizações brasileiras parceiras, são: Susan Thompson – Instituto Mesa (RJ), Annabel McCourt – Diversa (SP) e Jelly Cleaver – PretaHub (SP).

Texto curatorial sobre Pele/Skin:

Pele de contato

por Camilla Rocha Campos

“A pele manifesta quem somos e é também uma fronteira entre o cuidado do outro e o autocuidado” (Gênesis Poeta)

“Nossa cultura é nosso sistema imunológico” (Marimba Ani)

Duas artistas em composição. A elaboração do vídeo arte começa com a pesquisa em um arquivo, com uma voz e uma escrita. Organizado pela Despina em colaboração com Lanchonete <> Lanchonete, Compa – Arquivo das Mulheres “é o primeiro arquivo digital colaborativo brasileiro totalmente dedicado à memória, histórias, lutas, conquistas, iniciativas, micropolíticas e revoluções cotidianas das mulheres e do movimento feminista no Brasil”, segundo o site do projeto.

Antes da divisão geopolítica do mundo definir em mapas o contorno exato das divisões administrativas através de fronteiras, a circulação de pessoas, sobretudo com a intenção do comércio, gerou o que foi chamado de línguas de contato. As línguas de contato eram o resultado entre a relação de duas línguas para se formar uma terceira e assim tornar possível a comunicação entre diferentes povos. Eram línguas pertencentes a territórios temporários que ao mesmo tempo traziam a ideia de respeito e troca cultural, interação e influência.

Foi a partir do poema Pele de Gênesis Poeta, artista brasileira, que Wanja Kimani, artista queniana baseada na Inglaterra, propôs o contato que antevê o corpo e que as une, a princípio, pela sonoridade pois uma não compreende a língua da outra. Poema encontrado no Compa – Arquivo das Mulheres que aqui funcionou como o território temporário de encontro, unindo linguagens distintas pela pesquisa cultural. Aqui, é possível identificar, portanto, uma pele de contato que justapõe a interação e a vontade franca de comunicação e troca entre as duas artistas. No vídeo Pele/Skin, criado por Wanja em resposta ao poema citado, o corpo é marca presente. Corpo que apresenta gesto, ou necessidade, de se guardar e proteger-se, corpos que desenvolvem um vocabulário feminino comum. E que enquanto propriedade de si se fazem instrumentos de suas culturas, possibilitando, como diz Marimba Ani, o fortalecimento de seus próprios sistemas imunológicos.

Ao assistir a um vídeo de um senhor contando sobre sua doença de pele, Gênesis dá corpo para sua poesia, entrelaçando sua pele ao depoimento pessoal desse homem. Ao escutar a poesia de Gênesis, Wanja coloca seu corpo em uma arquitetura inacabada em ruínas, estabelecendo entre seu corpo e a casa sem teto uma relação que se cruza em histórias inconclusas, histórias de porvir. Na narrativa de Gênesis o flow guia a jornada que no começo do vídeo recai sobre os movimentos do corpo de Wanja em uma casa de estilo Elizabetano (séc. XVII) exposta a luz do sol e outras intempéries. No Brasil e na Inglaterra o tijolo de barro cru e descascado é o pano de fundo comum do tempo resgatado em superfície. Estrutura de parede que, tal qual pele, é extensão de lugar e relaciona dentro de si as dimensões de morte e mudança ao longo do tempo. Nesse ponto, o envelhecer da pele se aproxima ao envelhecer da arquitetura e a poesia que antes é som sem lugar, ganha dimensão visual. Ambas apontam para o caráter do que ainda pode ser desenvolvido, elementos que por não anunciarem o fim, indicam aberturas: de enredo, de caminhos e de futuro.

Na busca de ser antídoto de si, a pele-corpo de ambas buscam contato e aparatos de proteção e ressignificação na palavra e na matéria bruta. A casa é a carapaça que muitas vezes o corpo precisa para se resguardar, mas a superfície que anuncia o limite precisa de brilho, de memória de força. E nesse momento nossa cultura é corpo, memória é incorporação do conhecimento, sugerindo transformações em todas as estruturas, alteração de paradigmas pessoais e sociais, em coletividade transatlântica. As metáforas que cabem a partir dessa estética são muitas. A pele, que é o maior órgão do corpo humano, usada como superfície de contato, limite, relações com sensível e como premissa de cada argumento estrutural que instaura a partir da colonialidade a ordem mundial que subjuga a partir da raça. Nesta videoarte, pele traz encontro, manifesta doença, marca histórias pessoais, desenlaça o prazer: aqui transformação e desejos estão imunes.

Convocatória aberta!

22.03.2022 - 18.04.2022

A DESPINA, com apoio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro, através do Programa de Fomento à Cultura Carioca da Secretaria Municipal de Cultura, convida coletivos de artistas e ativistas para a convocatória do projeto ZUM ZUM AUÊ – COLETIVA DE COLETIVOS.

SOBRE O PROJETO

Zum Zum Auê é um projeto no campo das artes e do ativismo estético-político desenhado para suporte, visibilização, formação de rede, e auto representação de coletivos do Rio de Janeiro formados por corpos cujas narrativas são historicamente apagadas, como pessoas LGBTQIA+, afrodescendentes, indígenas e mulheres.

O projeto consiste em um programa de residências de seis semanas (16 de maio – 25 de junho de 2022), no qual quatro coletivos farão parte de uma agenda que inclui suporte às práticas de cada grupo, ativações coletivas e eventos abertos ao público.

SOBRE O PROGRAMA

O programa inclui bolsa de participação, verba de produção, conversas com curadores/arte-educadores e encontros semanais de acompanhamento dos projetos.

AGENDA PÚBLICA

Zum Zum Auê também propõe uma agenda pública que abarca dois eventos: apresentação dos portfólios e das pesquisas e atividades dos coletivos selecionados, e evento expositivo de encerramento no formato de ateliê aberto para apresentar ao público os processos e trabalhos desenvolvidos durante o programa de residência. Além disso, cada grupo irá propor uma ação/ativação coletiva, resultando em quatro oficinas gratuitas abertas ao público.

>> Bolsa de participação: R$ 4.000 para cada coletivo selecionado.

>> Verba de produção: R$ 1.300 para cada coletivo selecionado.

COMO SE INSCREVER

Inscrições devem ser enviadas até o dia 18 de abril de 2022 para o email res@despina.org com o assunto “Zum Zum Auê” e as seguintes informações em um arquivo no formato PDF:

  • Carta de apresentação com nome do coletivo, e-mail, endereço e número de telefone.
  • Texto descrevendo a prática/pesquisa e áreas de interesse do coletivo (300 palavras).
  • Texto descrevendo o projeto/pesquisa/ação que o coletivo pretende desenvolver durante a residência (300 palavras).
  • Portfolio contendo entre 10 e 20 imagens de trabalhos ou ações recentes.
  • CV ou bio.

CRITÉRIO DE SELEÇÃO

Coletivos serão selecionados com base em seu corpo de trabalho e proposta para o programa de residência. Todos os inscritos serão informados do resultado do processo seletivo por email.

QUEM PODE SE INSCREVER

Podem participar coletivos da cidade do Rio de Janeiro em atividade há pelo menos dois anos, formalizados ou não. As propostas a serem desenvolvidas pelos coletivos durante a residência não precisam ser projetos fechados. No entanto, espera-se resultados e desdobramentos que possam ser compartilhados no evento final de ateliê aberto.

Os coletivos selecionados devem se comprometer a participar das seguintes atividades e ações:

  • evento público de apresentação do coletivo;
  • propor e realizar uma ação/ativação coletiva aberta ao público no formato de oficina;
  • participar dos encontros com curadores e arte-educadores (serão 4 encontros);
  • participar do evento final de apresentação dos projetos desenvolvidos durante a residência.

Não é necessário que todos os integrantes dos coletivos estejam presentes nas atividades.

Boa sorte a todes!

Baixe aqui o PDF da Convocatória Zum Zum Auê.

MAYARA VELOZO

MAYARA VELOZO
14.02.2022 - 22.04.2022

Mayara Velozo vive e mora no morro do Salgueiro, zona norte do Rio de Janeiro. Graduanda em história da arte na UERJ, é agricultora, artista visual e pesquisadora. Atua com performance, fotoperformance, poemas, videoinstalação e, recentemente, com pesquisas escultóricas, têxteis e materiais de construção. Sua poética vem de uma dimensão construtiva e subjetiva de relações familiares, abordando sua casa e lugares de convívio. Fala de construção pessoal e coletiva, do feitio autônomo de sua família em construir e reconstruir sonhos arquitetônicos e de como a natureza pode ser sinalizadora desses acontecimentos. É integrante do coletivo Trovoa, e passou por residencias no MAM Rio, Parque Lage, Paço Imperial entre outros. A artista participa do Programa de Residências Despina de março a abril de 2022.

carnaval impossível

SÁBADO, 26.03.2022

Marina Lattuca, Mayara Velozo e Stefanie Ferraz, artistas atualmente participando do Programa de Residências Despina, propõem a ativação do espaço através de uma mostra de performance  com as artistas convidadas Alex Reis, Dani Câmara, Mila Marques, Sanguessuga, Shion, Luiza Casé e Pat Fudyda.

“Desde o início de janeiro ecoa essa possibilidade, ou melhor, impossibilidade de Carnaval. O Carnaval morreu? Sim e não.
Não sabemos ao certo, mas sabemos que, se há Carnaval em fevereiro, se há Carnaval em abril: falta o Carnaval de março.
Carnaval pede performance. E performance pede carnaval.”

Todes bem vindes, entrada gratuita.

Vacinação obrigatória.

 

SERVIÇO

Data: sábado, 26 de março de 2022

Hora: 18h às 22h

Local: Despina. Rua Hermenegildo de Barros, 73. Santa Teresa, Rio de Janeiro