Adam Golub

Adam Golub
01.09.2016 - 30.11.2016

Vídeo-jornalista, documentarista e contador de histórias que vive e trabalha em Nova Iorque. Seu trabalho está centrado na busca por pontos de intersecção entre jornalismo, arte e academia e de que maneira a teoria pode se aproximar da vida cotidiana. É graduado pela Escola de Jornalismo da Universidade Columbia. Também completou uma residência na UnionDocs – centro de arte documentarista com sede em Nova Iorque. Seu trabalho tem sido exibido em festivais em várias cidades dos Estados Unidos e da Europa. O foco da sua prática está no segmento marginalizado e sua força no espaço geopolítico como indicador de uma abertura para a sociedade. Recentemente, Adam passou a se concentrar nos espaços urbanos não-centrais das Américas, como lugares de consciência expandida, como reação à gentrificação e aos êxodos urbanos.

No complexo contexto do Rio de Janeiro pós-jogos olímpicos, impregnado pela retórica da crise político-econômica e das eleições municipais, como capturar este momento chave da narrativa urbana da cidade? Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, Adam pretende documentar este período único. Por meio de um retrato estético baseado no contexto das histórias político-sociais que surgem das particularidades cotidianas da vida urbana, seu projeto deve investigar as margens, bem como o status quo, para tecer pontos entre a mitologia criada pelo discurso público e as experiências reais dos moradores do Rio de Janeiro.

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http://www.megamotmedia.org

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Liana Nigri

Liana Nigri
01.09.2016 - 30.11.2016

Artista brasileira cuja prática está centrada na bio-arte, mais especificamente na intersecção entre arte e botânica. Durante os últimos 11 anos, Liana trabalha como designer de superfície – tendo concluído seu mestrado em Textile Futures, na Central Saint Martins, University of the Arts, em Londres – Reino Unido.

Mora em Nova Iorque há quatro anos, onde teve a oportunidade de participar de sua primeira residência artística na SVA (School of Visual Arts). Durante este período, dedicou-se ao projeto “Afterlife”, que vem se desdobrando em três séries: microscópio, espécies raras e folhas duráveis.

Através de fotografias microscópicas, a artista procura expor as transições que ocorrem no reino da flora, por meio de atributos como brilho, maciez e saturação e de que forma estas condições se alteram repentinamente em opacidade e rigidez. Este registro tem início a partir de materiais orgânicos frescos e segue o seu caminho através do processo de definhamento – cada etapa é capturada minuciosamente.

Em suas instalações, Liana busca testar a fragilidade das superfícies das flores. Utilizando suas carcaças, ela cria esculturas que remetem o espectador à expressão memento mori. Seu trabalho tem a intenção de transformar a dor e a melancolia relacionadas à morte em uma nova percepção de beleza, atribuindo novos elementos e sensações para o tema. Como essa estrutura frágil pode facilmente se quebrar, Liana utiliza a ilustração botânica, como nos velhos tempos, como uma ferramenta importante para auxiliar o registro e a identificação de novas espécies.

Como designer de superfície, seu primeiro instinto é produzir memórias visuais e táteis. Em 2015, começou a explorar um novo material celular produzido por bactérias inofensivas chamado “scoby”. Esta espécie orgânica lhe deu a oportunidade de criar um novo tecido, imortalizando certas texturas e formas das plantas.

Seja através da fotografia, desenho ou instalação, o trabalho de Liana é todo inspirado em elementos da natureza versus as ideias de passagem do tempo e impermanência. Sua pesquisa consiste em observar as mudanças que acontecem na superfície de flores e plantas ao longo das suas várias etapas da vida e de que forma esta decomposição pode revelar uma beleza onde muitos não podem enxergá-la.

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http://liananigri-art.com/

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Jesus Bubu Negrón

Jesus Bubu Negrón
01.09.2016 - 31.10.2016

Arte e Ativismo na America Latina – ano I (2016)

Vive e trabalha em San Juan, Porto Rico. Seu trabalho é caracterizado por intervenções mínimas, pela recontextualização de objetos do cotidiano e por uma aproximação relacional com a produção artística como uma ação reveladora de proporções históricas, sociais e econômicas. Negrón vive no bairro de Puerta de Tierra, na capital de Porto Rico, San Juan, onde é parte da Brigada PDT, uma organização comunitária voltada para a preservação e bem-estar do bairro, da sua história e do seu povo.

Após a conclusão da sua primeira residência artística na M & M Proyectos em 2002, em Porto Rico, o trabalho de Negrón passou a circular em galerias e instituições ao redor do mundo,  em exposições individuais  e coletivas. Algumas de suas colaborações mais notáveis ​​incluem: Abubuya Km0 project, organizado pela Kiosko Galeria, Bolívia; The Obscenity of theJungle, em parceria com Proyectos Ultravioleta para a SWAB Barcelona, Espanha (2013); 1ª Bienal Tropical, em Puerto Rico (2011), onde foi premiado com o “Abacaxi de Ouro” – melhor artista; Interpretation of the Sonetode las estrella (curadoria: Taiyana Pimentel)na Sala de Arte Público Siqueiros, Mexico (2013); Trienal Poligráfica (curadoria: Adriano Pedrosa, Julieta González e Jens Hoffmann), em Puerto Rico (2009); Sharjah Biennial (curadoria: Mohammed Kazem, Eva Scharrer e Jonathan Watkins), em Sharjah, Emirados Árabes Unidos (2007); Whitney Biennial (curadoria: Chrissie Iles e Phillipe Vergne), em Nova York (2006);  T1 Torino Trienale (curadoria: Francesco Bonami e Carolyn Christov–Bakargiev), Itália (2005) e Tropical Abstraction (curadoria: Ross Gortzak)no Museu Steidelijk Bureau, em Amsterdam (2005).

Seu trabalho tem sido mencionado em grandes publicações como o Flash Art, New York Times, Journal des Arts, LA Times, The Art Newspaper, Art Nexus, Frieze, entre outros.

Mais informações
http://www.jesusbubunegron.com/

 

ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta primeira edição (2016), o projeto teve como tema o ESPAÇO PÚBLICO e se estendeu de julho a outubro. Mais informações, cobertura completa e galeria de vídeos e fotos, por aqui.

Crack Rodriguez

Crack Rodriguez
01.09.2016 - 31.10.2016

Arte e Ativismo na América Latina – ano I (2016)

Vive e trabalha em San Salvador, El Salvador. A sua prática e suas ações estão intimamente relacionadas com o contexto social e com a cultura popular, por onde ele constrói laços fortes com o público, que muitas vezes se torna elemento ativo e catalisador de suas obras no âmbito público.

É membro da “The Fire Theory”, em San Salvador. Em 2014, foi indicado ao prêmio “Emerging Artists Grant MISOL” – Fundação MISOL, Bogotá, Colômbia. Já foi membro da Summer Akademy Paul Klee (curadoria: Hassan Khan), em Berna, Suíça. Tem participado de várias exposições e projetos coletivos, entre eles: “Curating Agency” e “Agency for Spiritual Guest Work”, com curadoria de Anne Marca Galvez; “From the Tangible to the Intangible”, 4th Edition Nomadic Centro de Arte Contemporânea “Tropical Interzone” e “The Virtual Residency Programme”, em Zurique, Suíça; “Relocating SAL”, com curadoria de Claire Breukel e Lucas Arevalo, na Ernst Hilger Gallery, em Viena, Áustria; “Peripheral Spectacular”, com curadoria de Eder Castillo, na Cidade do México e “Poporopo Project”, na Cidade da Guatemala e la-embajada.org.; “Documenting Memory”, Art Center / South Florida (EUA); Performance Festival – acciones en el espacio publico, em Tegucigalpa, Honduras; “Landings 5”, Art Museum of the Americas, em Washington (EUA); “Landings 6 and 7”, Haydee Santamaria Gallery, Casa de las Americas, em Havana, Cuba; “Landings 8”, Taipei Fine Arts Museum, em Taipei, Taiwan. Exposições e projetos individuais incluem: “Circunstancias de los restos”, Lokkus Arte Contemporáneo, em Medellin, Colombia; “Neutropolitan Attack” Arts Festival Eclética, FEA, em El Salvador.

Mais informações
http://thefiretheory.org/crackrodriguez/

 

ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta primeira edição (2016), o projeto teve como tema o ESPAÇO PÚBLICO e se estendeu de julho a outubro. Mais informações, cobertura completa e galeria de vídeos e fotos, por aqui.

Luciana Magno

Luciana Magno
01.09.2016 - 31.10.2016

Arte e Ativismo na America Latina – ano I (2016)

Vive e trabalha entre Belém e Fortaleza, Brasil. Graduada em artes visuais e tecnologia da imagem pela Universidade da Amazônia, Belém, e mestre em artes pela Universidade Federal do Pará, na mesma cidade. Trabalha com performance, frequentemente direcionada para fotografia e vídeo, objeto e website. Com uma pesquisa focada no corpo e em ações performáticas, a artista tem se dedicado a questões políticas, sociais e antropológicas, relacionadas ao impacto do desenvolvimento da região amazônica. A integração do corpo à paisagem e ao entorno é um elemento determinante e recorrente no seu trabalho. Suas obras já foram exibidas no Centro Cultural Banco do Nordeste, Fortaleza (2014); no Arte Pará, Museu de Arte do Estado do Pará, Belém (2014), onde foi artista premiada e no Museu de Arte do Rio de Janeiro (2013). Foi ganhadora da 10ª edição do Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais com o projeto “Telefone Sem Fio”, que cruzou o país do Oiapoque ao Chuí por rodovias e hidrovias, a partir do qual se constituiu um arquivo de vídeo e áudio acerca da diversidade cultural, histórica e geográfica do Brasil.

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http://www.lucianamagno.com

ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, workshops, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta primeira edição (2016), o projeto teve como tema o ESPAÇO PÚBLICO e se estendeu de julho a outubro. Mais informações, cobertura completa e galeria de vídeos e fotos, por aqui.

Jennifer Taylor

Jennifer Taylor
01.08.2016 - 31.08.2016

Vive e trabalha em Londres, onde desenvolve projetos relacionados à performance ao vivo, filme experimental e instalação em grande escala. É mestre em escultura pelo Royal College of Art e graduada em artes visuais pela Escola Ruskin da Universidade de Oxford. Jennifer já expôs na Fondation Cartier pour l’art contemporain, em Paris; The Wapping Project e The Institute of Contemporary Arts (ICA), em Londres; Art First em Bolonha; e Oxford Arte Moderna.

A prática de Jennifer se relaciona com a energia existente enquanto sistema e com as tecnologias e comportamentos excessivos que são incitados a uma situação de crise ou colapso e que crescem fora de controle. A ansiedade antecipatória destes momentos se manifesta na forma de performances ao vivo com balões gigantes que ameaçam estourar, instalações caóticas em estado terminal e desenhos processuais que tendem a impulsionar a mente e o corpo, bem como o suporte, aos seus limites.

Seu trabalho também percorre conceitos como o trans-humanismo e a relação corpo-tecnologia, que abrem questões como o controle das máquinas sobre o humano e o nosso potencial desamparo frente à falência tecnológica ou à sobrecarga dos sistemas. Jennifer busca explorar o temor de nos aprisionarmos fisicamente por máquinas corrompidas. Suas ações normalmente descambam para uma pantomima de cyborgização low-fi. Balões gigantes parecem fundir-se na forma de uma figura feminina solitária, que lembra alguns parasitas repugnantes. Estes, por sua vez, parecem reduzí-la lentamente a uma versão mal formada, primordial de si mesma. Perdida dentro de paisagens desoladas, em meio a relíquias antigas e obscuras, esta figura singular e isolada parece presa dentro de um pesadelo impossível, sem chance de resgate. Seria ela o último elemento humano remanescente na Terra?

Selecionada para participar do Programa de Residências Despina, Jennifer pretende expandir a sua pesquisa e prática através da introdução de elementos têxteis nas suas ações, que devem buscar referenciais culturais locais como o teatro, carnaval e outras manifestações de rua.

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http://jennifertaylor.co

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Kira Shewfelt

Kira Shewfelt
01.07.2016 - 31.07.2016

Vive e trabalha em Los Angeles, EUA. Seu interesse está centrado na teoria e na “prática” do idealismo. Natureza, intimidade, movimentos e gestos são temas recorrentes em sua obra. Seu imaginário está fundado nas relações pessoais e também em algumas representações gestuais: manuais de instrução, fotografias de viagem, ilustrações de exercício e de dança, meninas que praticam ioga, hieróglifos, a documentação visual dos movimentos sociais, etc. As políticas do prazer, e como elas se manifestam, também são conceitos que circundam a sua prática.

A ação de pintar a figura e o fluxo do movimento envolvido neste processo de criação também se tornam gestos carregados de idealismo, criando imagens que destacam estados de transição, potência e curiosidade. Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, Kira pretende pesquisar o movimento da pintura moderna brasileira no que concerne à performance e a inclusão do corpo como um importante vínculo para a subjetividade e a cultura. A artista planeja desenvolver uma série que aponte saídas por meio da ação performática.

Dilema: eu sinto sua falta eu te amo, eu sinto sua falta eu te amo. Resolução: vamos dançar.

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http://kirashewfelt.com
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Bernardita Bertelsen

Bernardita Bertelsen
01.06.2016 - 31.06.2016

Vive e trabalha em Santiago, Chile. Mestre em Artes Visuais pela Universidad de Chile. O seu trabalho está centrado principalmente em três conceitos gerais: repetição, transformação de materiais e multiplicidade, tendo em vista a contradição contínua e as dualidades a que estamos expostos. Para a artista, tudo pode ser percebido de múltiplas formas e pode passar por uma variedade infinita de interpretações. Neste sentido, somos todos multiplicidade corporal e mental.

Bernardita compreende a repetição como uma contradição perfeita, devido às possibilidades e impossibilidades desta. O tempo passa e se esvai; mesmo assim, ainda estamos constantemente a nos repetir, dia-a-dia. Podemos repetir formas, imagens, objetos, atos. Música e teatro são pura repetição. O que varia, o que torna impossível a repetição são as diferentes manifestações do essencial. A artista acredita que a repetição ocorre de várias maneiras, tais como: a validação de pensamentos e sentimentos para com os outros e para nós mesmos; repetição como um método de pesquisa para a compreensão; a repetição como uma ilusão de ordem e controle. E acima de tudo, a repetição como mimesis dos movimentos cíclicos e formas do universo, consequentemente, a repetição interminável.

Na sua prática, Bernardita mantém uma relação muito íntima com os materiais, seja manipulando-os, a fim de descobrir as suas possibilidades de transformação, ou retirando-os de sua origem funcional com a expectativa de expandi-los e prosseguir no intangível. Essência e material são de alguma forma forçados a co-existir.

Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, a artista irá desenvolver um projeto intitulado “Imagens pendentes”, que consiste na elaboração de vários projetos e imagens que ainda não foram materializados. Desta forma, é muito importante para Bernardita incluir o contexto local e as perspectivas implícitas na vivência de sua estadia no Rio de Janeiro.

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http://bbertelsenm.wix.com/bernardita-bertelsen

 

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Camila Cavalcante

Camila Cavalcante
01.06.2016 - 30.06.2016

Camila Cavalcante é uma artista visual com histórico em jornalismo e crítica de arte cujo interesse está em investigar a percepção conceitual, sentimental e social da arte. Por meio do uso indispensável da fotografia documental, seu trabalho se entrelaça com bordado, colagem e instalação para criar um diálogo em que os conceitos de “público” e “íntimo” se sobrepõem e se complementam.

Natural de Maceió, há mais de dez anos divide seu tempo entre o Brasil e o Reino Unido desenvolvendo um estudo da paisagem e explorando seus desdobramentos: espaços abstratos, o corpo como paisagem, sensibilidade e território comum. O uso da fotografia projeta a artista no objeto fotografado, dissolvendo fronteiras, diferenças culturais e nacionalidades.

Durante a sua residência no Rio de Janeiro, Camila está desenvolvendo o projeto Nós Por Todas, que explora a ideia do corpo feminino como território de confrontamento. O projeto criou uma rede de colaboradoras que rebate investidas conservadoras de reprimir/diminuir os direitos reprodutivos da mulher no Brasil.

Camila é formada em Comunicação Social pela Universidade Federal de Alagoas, pós-graduada em Jornalismo e Crítica Cultural pela Universidade Federal de Pernambuco e mestra em Artes pela University of Westminster, em Londres. Já foi premiada em dois concursos nacionais e já participou de mais de 20 exposições no Brasil, Reino Unido e Estados Unidos. Esta é a sua terceira residência artística. Além disso, tem trabalhos publicados em diversas revistas de arte no Reino Unido, onde trabalha para The Sutton Gallery e London School of Photography.

 

Mais informações

www.camilacavalcante.com
www.camilacavalcante.tumblr.com
www.flickr.com/photos/cavalcantecamila
www.facebook.com/camilacavalcantevisualartist

 

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Silvia Binda Heiserova

Silvia Binda Heiserova
01.05.2016 - 31.05.2016

Silvia Binda Heiserova vive e trabalha em Bratislava, Eslováquia. É graduada pela Faculdade de Belas Artes da Universidade Politécnica de Valência (Espanha), onde atualmente participa de um programa de doutorado em práticas e pesquisas artísticas.

A sua prática está debruçada na crítica das estruturas de poder falocêntricas do Ocidente, bem como na simbologia e nos vestígios associados a esta temática. Ela se concentra em conceitos de poder masculino simbólico, seus contextos históricos, os mecanismos do seu estabelecimento, enquanto procura repensar os padrões de percepção social e a psicologia das cores. Assim,  tem desenvolvido trabalhos que envolvem a hibridização de elementos, cores e formas, com o objetivo de questionar a legitimidade do poder por meio dos seus símbolos.

Durante a sua participação no Programa de Residências Despina, a artista desenvolveu um projeto em torno da memória urbana do Rio de Janeiro a partir de uma perspectiva feminista. Sua pesquisa esteve focada na maneira como a história é representada e interpretada no espaço urbano através de elementos comemorativos em um contexto de hierarquia de gênero.

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http://www.silviaheiserova.com/

Texto curatorial
por Bernardo José de Souza

A jovem artista eslovena Silvia Heiserova chegou ao Rio de Janeiro interessada em explorar o espaço urbano enquanto arena política, onde o embate entre os gêneros ganha corpo na arquitetura e nos monumentos que contam a História. Sua ideia inicial era partir dos obeliscos e monolitos encontrados pelas cidades para investigar as dinâmicas de poder que se estabe-lecem a partir das formas verticais, bélicas e duradouras; que consolidam a supremacia masculina e reforçam a força bruta, ao passo em que desprezam o papel de mulheres cujas atuações foram tão fundamentais à construção histórica quanto desprezadas pelas grandes narrativas.

Via de regra, a história é contada pelos mais fortes, pelos vencedores. Esses relatos, sejam eles escritos no papel ou erguidos em praça pública, partem de uma ideia de permanência, e mesmo de monumentalidade, e raras vezes se ocupam dos perdedores, das minorias, dos mais frágeis; em geral, tratam das trincheiras nos campos de guerra, mas frequentemente esquecem-se das batalhas travadas em outras esferas, quiçás menos públicas e de economia privada.

A premissa feminista que vinha orientando Silvia foi mantida, embora sua pesquisa tenha tomado um rumo um tanto mais figurativo. Anteriormente, a forma fálica dos obeliscos havia funcionado como padronagem, mosaico, conjunto de formas que encontravam na promiscuidade das geometrias seu teor e força políticas. Entretanto, já era possível identificar ali a construção de um repertório que enxergava, na confusão das formas, a possibilidade de articular um discurso que justamente tornasse a suposta objetividade do relato histórico uma grande e vaga abstração.

O projeto que a artista ora apresenta na Despina | Largo das Artes traça percurso similar à sua proposta original, embora desta vez vá buscar não mais na geometria do obelisco a abstração do “sexo forte”, mas sim na própria representação de figuras históricas a quase onipresença do herói masculino. Seu foco recai, portanto, sobre os bustos que ocupam os espaços públicos do Rio de Janeiro – praças, parques, passeios, esplanadas etc. Esta forma tradicional de escultura, destinada a preservar à posteridade nomes eminentes da História, constituiu-se, ao longo do tempo, não apenas em uma das mais conservadoras vertentes da escultura, como também em uma das mais reacionárias estratégias para consagrar no imaginário coletivo um sem fim de generais e militares afins.

O que vemos como resultado da pesquisa de Heiserova são um tríptico e um díptico. O primeiro, composto por três bustos ou figuras históricas em bronze: ao centro, vemos apenas a parte de trás da cabeça da cantora lírica Carmem Gomes (1900 – 1955), ladeada por dois perfis masculinos – o do líder da Revolução Acriana José Plácido de Castro (1873 – 1908) e o do abolicionista Conde de Affonso Celso (1860 – 1938) -, cujos olhares para ela convergem. O segundo, resultado da fragmentação dos bustos de Mestre Valentim (1745 – 1813), artista colonial e autor do projeto do Passeio Público no Rio de Janeiro, e de Clóvis Bevilacqua (1859 – 1944), jurista, filósofo e historiador brasileiro. Solitária em meio a duas figuras masculinas, Carmem Gomes é excessão na estatuária pública brasileira, bem como de grande parte das cidades do Brasil e do mundo. Vista de costas, torna-se emblemática das perversas lacunas históricas promovidas por uma história pública contada por homens.

A ação de Silvia Heiserová ecoa, de algum modo, o gesto do artista Fred Wilson, que em 1992, na Maryland Historical Society, em Baltimore, apresenta a instalação Mining the Museum, na qual reorganiza as peças do museu e, em uma de suas salas, exibe ao centro um globo terrestre ladeado, pela direita, por uma série de pedestais de mármore branco sobre os quais repousam as cabeças de figuras notórias dos EUA, e, pela esquerda, por outra série de pedestais de pedra negra, em cima dos quais paira a ausência de três importantes personagens negros na história daquele mesmo país.


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