Arte e Ativismo na América Latina – ano I (2016)
Nesta primeira ação do Projeto Arte e Ativismo na América Latina, a psicanalista e professora da PUC-SP, SUELY ROLNIK – cujo foco de trabalho é a subjetividade pensada de um ponto de vista transdisciplinar, indissociável de uma pragmática clínico-política – conversa com o público sobre a noção de “inconsciente colonial-capitalístico” e a relevância da resistência micropolítica que vem se alastrando em alguns setores da sociedade brasileira.
PENSAR A PARTIR DO SABER-DO-CORPO
Uma micropolítica para resistir ao inconsciente colonial-capitalístico
Com a noção de “inconsciente colonial-capitalístico”, pretende-se descrever a política de desejo dominante na cultura moderna ocidental, cuja origem, como sabemos, é indissociável da economia capitalista e da empresa de colonização. Trata-se de uma micropolítica antropo-falo-ego-logocêntrica: ela opera pela obstrução do acesso aos efeitos das forças do mundo em nosso corpo. Tal bloqueio do saber-do-corpo nos torna surdos às demandas da vida para que se crie deslocamentos dos modos de existência que a sufocam, pois nos separa do poder de avaliação de que são portadores os afetos, condição para estar à altura desta exigência. Com diferentes desdobramentos e derivas ao longo da história, este regime cultural, econômico e subjetivo atualiza-se hoje na figura do capitalismo financeirizado que, por meio do estado neoliberal e das novas tecnologias da comunicação, conseguiu colonizar o conjunto do planeta, eliminando violentamente toda e qualquer barreira a seu poder. Isto nos lança numa situação de extrema gravidade, impossível de ser decifrada se insistirmos numa abordagem exclusivamente macropolítica. Ativar o saber-do-corpo é condição incontornável para sairmos da perplexidade e da impotência em direção a ações criadoras contundentes que transformem efetivamente a lógica que rege o atual estado de coisas.
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SUELY ROLNIK – Psicanalista e Professora Titular da PUC-SP, cujo trabalho tem como principal foco a subjetividade, pensada de um ponto de vista teórico transdisciplinar, indissociável de uma pragmática clínico-política, privilegiando as artes visuais como campo de atuação, nos últimos vinte anos. Autora de A hora da Micropolítica (SP: N-1, 2016), Anthropophagie Zombie (Paris: Black Jack, 2012), Archivmanie (dOCUMENTA 13, 2011); Cartografia Sentimental (Porto Alegre: Sulinas, 1989) e co-autora com Félix Guattari de Micropolítica. Cartografias do desejo (Petrópolis: Vozes, 1986), publicado em 8 países. Realizadora do Arquivo para uma Obra-Acontecimento (65 filmes de entrevistas em torno das proposições de Lygia Clark).
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SERVIÇO
Conversa com Suely Rolnik – Projeto Arte e Ativismo na América Latina
Quando: 16 de setembro, a partir das 19h30
(a conversa terá início às 20 horas)
Onde: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado
Centro, Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita
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ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA é um projeto da Despina, realizado em parceria com a organização holandesa Prince Claus Fund, que se estende por três anos (2016, 2017 e 2018). A cada ano, um tema norteia uma série de ações que incluem ocupações, oficinas, conversas, projeções de filmes, exposições, encontros públicos com nomes importantes do pensamento artístico contemporâneo e um programa de residências artísticas. Nesta primeira edição (2016), o projeto tem como tema o ESPAÇO PÚBLICO e se estende de julho a outubro. Mais informações, por aqui.