Senado Tomado #11

Acontece
Quarta, 30.10.2019

Convidamos todxs para mais uma noite de ateliês abertos na DespinaSENADO TOMADO #11 – que acontece na próxima quarta-feira, dia 30 de outubro, a partir das 19 horas.

Nesta edição, destacamos as falas das curadoras Rachel Grant e Adriana Nascimento, que participaram do nosso programa de residências; uma mostra especial com os trabalhos desenvolvidos pela artista carioca Diana Sandes durante participação na oficina-processo Solvente (coordenada pelo artista Pablo Ferretti na Despina em setembro); e uma apresentação ao vivo da artista sonora/multimídia Leandra Lambert.

RACHEL GRANT, da Escócia, apresenta a sua pesquisa recente sobre a ecologia política do petróleo, desenvolvida durante residência no nosso espaço. Uma ‘ecologia política do petróleo’ concentra-se nas interações pegajosas de infraestrutura (política), cultura e ecossistemas, envolvendo-se com a geografia cultural, o eco-feminismo e a política para analisar criticamente as formas espaciais e simbólicas dos óleos. Sua pesquisa circula entre a micropolítica, a transformação e os conflitos de populações locais como a Baía de Guanabara, a identidade política mais ampla do petróleo do Brasil – da campanha “O Petróleo é Nosso” até as explorações do pré-sal.

ADRIANA NASCIMENTO, professora do Programa Interdisciplinar de Pos-Graduação em Artes, Urbanidades e Sustentabilidade (PIPAUS) da Universidade Federal de São João Del Rei (UFSJ), apresenta parte de uma curadoria inter e transdisciplinar que atravessa fronteiras e se vincula com questões subjetivas, simbólicas e afetivas, numa espécie de inventário de leituras urbanas. Durante o período de sua residência na Despina no último mês de janeiro, Adriana trouxe uma proposta curatorial – “Urbanidades Latinoamericanas” – que se desdobrou em uma compilação de entrevistas presenciais e virtuais permeadas pelas seguintes questões: O que é o urbano, que não é, necessariamente, a cidade? Que urbanidades em metrópoles e em cidades de pequeno e médio portes? Como as urbanidades latino-americanas vêm sendo expressas nos campos artístico e urbanístico? Que linguagens abarcam tais complexidades? O que dizem a respeito da urbanidade? Que elementos ou qualidades do urbano dignificam a cidade? E os corpos que a habitam, de que urbanidades são portadoras? A presença da natureza oferece urbanidade? E a sua ausência? Como aparecem representados, incorporados ou mesmo rejeitados em distintos campos disciplinares? Abstrato, real, imaginário? Que repertórios e referências?

Após as conversas, a artista sonora/multimídia LEANDRA LAMBERT apresenta ao vivo seus dois projetos solo, “Lori Yonï” e “Cut-up Tragedy”, que nasceram entre 2014 e 2016 (com um álbum lançado pelo Sê-lo! Netlabel em 2018).

“Lori Yonï” é bruxaria sônica, tecnoxamanismo, ancestrofuturismo: experimenta com o canto, línguas inventadas e outras possibilidades vocais, usando tecnologias diversas, programação e livre improviso. Já “Cut-up Tragedy”, é um multi processo-projeto nômade, surge de caminhadas em “desregramento dos sentidos”, escutas, gravações de campo, cut-ups e falas de uma mulher ocupando espaços nas cidades.

Algumas músicas desses dois projetos constam em programas, coletâneas e seleções internacionais, como BBC Londres, rádio da Documenta de Kassel 2017, SWIT, Hystereofônica I, Female Pressure, Feminoise, etc. Ao vivo, músicas de projetos atuais ou mais antigos, como Voz del Fuego e inhumanoids!, podem se misturar. A videoartista / lightdesigner Rebecca Moure, do Photon Duo, frequentemente realiza projeções especialmente produzidas para as apresentações.

Além das convidadas especiais, nossxs residentes Mark Hilton, Stine Kvam e Per Brunskog abrem seus ateliês, onde apresentam alguns trabalhos em processo. E os ateliês dxs artistas associadxs à Despina também estarão abertos à visitação pública – venha conhecer os trabalhos mais recentes de Ana Clara Mattoso, Carol Medeiros, Daniela Vasconcellos, Lara Lima, Laura Lydia, Luiz Arthur Ribeiro, Pablo Ferretti e Sarah Knill-jones.

Esperamos vocês a partir das 19 horas na Rua do Senado, 271 – Centro. Entrada gratuita.

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SOBRE AS CONVIDADAS DA NOITE

ADRIANA NASCIMENTO vive e trabalha em São João Del-Rei, Minas Gerais, onde é professora e pesquisadora na UFSJ (Universidade Federal de São João Del-Rei). Atua como investigadora de processos urbanos, urbanização e urbanidades. Durante a sua formação e práticas profissionais, tem estudado a relação artecidade/arteurbanidade. Seu processo de pesquisa é pendular, atuando em frentes distintas por cada fase da vida/projeto, e tem sido tanto o da deriva, quanto o da apropriação, da experiência e o da vivência com uma escrita/narrativa que se busca autoral e, portanto, parcial. Simultaneamente à sua pesquisa, orienta dissertações no programa de mestrado interdisciplinar da UFSJ, articuladas ao projeto Intervenções Efêmeras em Contextos Urbanos: A ação cultural e artística na transformação da imagem da cidade. Link: www.facebook.com/urbanidadeslatinoamericanas/

LEANDRA LAMBERT é atuante na música eletrônica/experimental desde os anos 90. Desenvolve trabalhos em arte sonora/multimídia desde 2009, com duas individuais. Shows na Varanda Sonora do Parque Lage e no CCBB-SP (2019), no Festival Novas Frequências 2016 e em diversos locais do Rio e SP, como: Circo Voador, CCSP (Centro Cultural São Paulo), Espaço das Américas, Fundição, D-Edge, Quartinho da Void, Audio Rebel, Fosso e Aparelho. Doutora em Artes UERJ/Paris 1. Link: www.leandralambert.net

RACHEL GRANT é uma curadora feelancer que vive e trabalha em Aberdeen, no nordeste da Escócia (Reino Unido). Recentemente, estabeleceu sua própria plataforma curatorial, a Fertile Ground, onde desenvolve projetos comissionados dentro de contextos e abordagens específicas. Os projetos geralmente envolvem colaborações entre disciplinas numa tentativa de permanecerem sensíveis a locais geográficos. Neste momento, trabalha como curadora do Peacock Associates: Curatorial Fellowship Program, administrado pela Peacock Visual Arts Aberdeen. Dentre os projetos futuros a que tem se dedicado, estão: Climate reflections: Human Stories of Hope and Fear – em parceria com o Scottish Communities Climate Action Network, Environmental Justice Foundation e com o apoio do Scottish Universities Insight Institute (novembro de 2019) e States of Living; Architecture, Body, Object – em parceria com a artista Zsa Zsa MacGregor (janeiro de 2020). Suas áreas de pesquisa atuais incluem culturas do petróleo, artes ecológicas e práticas feministas. Link: www.fertileground.info

DIANA SANDES é artista visual e fotógrafa. Graduada em História e mestre em Literatura, Cultura e Contemporaneidade pela PUC-Rio, também frequentou oficinas e cursos livres com artistas como Eustáquio Neves e Iole de Freitas, que foram essenciais na sua formação. Seu trabalho, que tangencia áreas como a fotografia, o vídeo e a pintura, cria tensões entre a presença e o distanciamento, a familiaridade e o estranhamento para investigar noções como a ausência, o deslocamento e o exílio. A artista parte do desconforto que estabelece com os espaços que atravessa para criar novos espaços (deslocados) através de um corpo de trabalho que lida com a constituição do território pictórico e a investigação dos seus limites como um de seus pontos estruturantes. Nesse processo, manchas, veladuras e sobreposições frequentemente arranham sua relação com o mundo. Link: www.dianasandes.com

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IMAGEM
Still de “Lori Yonï”, de Leandra Lambert