Risja Steeghs

Artistas em residência
01.09.2015 - 30.09.2015

Vive e trabalha em Amsterdã, Holanda. Já ocupou um ateliê no NDSM Treehouse e faz parte do coletivo londrino “Uncooked Culture”.

Ao contrário da maioria dos artistas, Risja não começou a sua carreira em uma escola de belas artes, mas imobilizada em uma cama em uma pequena cidade localizada na provínicia de Limburg. Um doença rara afetou principalmente o seu sistema nervoso motor, o que a impossibilitou de se dedicar à pintura e ao desenho, práticas com as quais já se ocupava. Esta condição adversa desvelou para a artista um novo campo de experimentação – a colagem -, potencializada num primeiro estágio por meio da apropriação de fotografias antigas de sua família.

Recuperada após um longo período de confinamento, Risja tem explorando novas práticas, combinando o seu trabalho artístico com música e poesia.

Selecionada para participar do nosso programa de residências durante o mês de setembro, Risja desenvolveu uma instalação que faz referência ao período em que esteve na cama, ou conforme a sua descrição, “um projeto multimídia que encontra a sua fundação sob os lençóis”.

A instalação Therapy Rooms é formada por pequenos “aposentos”, onde o espectador é atraído para um universo diferente, preenchido por sons e imagens. Além de propor a investigação dos limites da arte como prática terapêutica, esse projeto também sugere a criação de uma narrativa de isolamento social, condição fértil de introspecção e liberdade. Neste processo, a artista contou com a parceria do músico carioca Carlos Eduardo Soares.

Texto curatorial
por Alexandre Sá

Risja Steeghs ficou durante alguns longos anos deitada em uma cama em virtude de uma doença específica. Seu contato com o mundo se dava muito fortemente através dos sentidos, como se possível uma expansão do seu corpo (vibrátil?) pelo espaço que a rodeava. Naquele momento, o Outro, não tão infernal como Sartre defendia, surgia como um potente eixo de observação. Então, num golpe rápido para sua sobrevivência subjetiva, a artista percebe que a dor era/é fruto dos olhares e das palavras tão entrecortadas que vinham daqueles que a visitavam e promoviam seu cuidado. Aqui para esta mostra, influenciada pela nossa herança arquitetônica/subjetiva, aliada a algum desejo atmosférico de redenção que sustentou grande parte da produção brasileira dos anos 60, Risja constrói um espaço físico/poético de silêncio, suspensão e observação e pela primeira vez, assume seu corpo como elemento esfacelado (no melhor sentido); impresso e presente em toda a situação que erige, numa relação horizontal de aproximação e distanciamento com o outro que lhe surge como complemento imprescindível. A cama é o corpo.

Mais informações
www.risjasteeghs.com

Galeria de Fotos
(por Frederico Pellachin)