Vive e trabalha na cidade de São Paulo, onde é graduanda em Artes Visuais na Fundação Armando Álvares Penteado (FAAP). A sua prática percorre situações invisíveis ou esquecidas do cotidiano, que são reconfiguradas através de recortes mnêmicos particulares. Conforme absorve e traduz as situações que a circundam, a própria experiência sensorial da artista transforma aquilo que ela escolhe reconfigurar, permitindo a emergência de novos sentidos no resultado final. Este processo pode ser materializado em pintura, colagem, bordado e objetos.
Durante a sua residência na Despina, Lescure continuou a explorar os desdobramentos de sua pintura e aproveitou para mergulhar em suas experimentações mais recentes. A sobreposição da transparência e a fragilidade do papel formando grafismos silenciosos foram pontos de partida para a sua pesquisa neste processo. Uma das características do seu trabalho artístico é não engessá-lo dentro de moldes, possibilitando que os materiais e seus objetos de estudo tenham uma função ativa no processo criativo.
Texto crítico, por Daniela Mattos*
O trabalho de Isabella Lescure é como uma membrana entre nosso olhar e sua inteligência pictórica; entre nossas impressões do que uma obra de arte pode nos proporcionar e o que reverbera da história recente da pintura contemporânea brasileira.
Impossível não mencionar a maturidade de suas composições – ainda que se trate de uma artista jovem é notório que sua trajetória vem se desenvolvendo com fluidez e é bastante promissora.
As obras apresentadas na finalização de sua residência na Despina nos mostram alguns dos caminhos poéticos desenvolvidos ao longo de suas pesquisas, que puderam ser ainda mais aprofundadas. As pinturas remetem à referências da cultura pop e à Geração 80, com cores neon, formas orgânicas e inventivas, além de um grande domínio do espaço da tela e do gesto pictórico. Seja em suas pinturas ou nos trabalhos em que a artista explora outros objetos além da tela e tinta (tais como pregos enferrujados, plástico, lã e tecido) ela nos mostra a singularidade de sua poética, desenvolvendo uma linguagem individual que não cessa de costurar este “entre” que ocupamos quando nos propomos a ver uma obra de arte.
* A artista e curadora Daniela Mattos acompanhou Isabella Lescure durante a sua residência na Despina (Julho, 2018)
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Fotos: Frederico Pellachin