E EU VIA QUASE DE PERTO

Exposição
15.05.2014 - 21.06.2014

Esta exposição apresentou obras recentes e inéditas dos artistas Felipe Abdala e Luiza Crosman. Ambos, situados no e partindo do campo do desenho, exibiram trabalhos acerca dos conceitos de peso e visibilidade. Conceitos que se estenderam para além do desenho e tomaram forma em ações, vídeos e fotografias. O desenho nessa exposição foi pensado também como um campo fecundo e propositivo de ações, de ativação do corpo.

O peso da matéria e da ação, a visibilidade, que na maior parte das vezes se dá em não-visibilidade, de traços e gestos. O peso do instante, de uma fissura no tempo. O peso não só como característica física da matéria, mas também como a sensibilidade opaca daquilo que não está lá, mas pode sentir-se. O peso das coisas não visíveis, o peso do olhar. Os paradoxos das substâncias, do “vácuo que é tão concreto quanto os corpos sólidos” (CALVINO, 2008 p.21).

Luiza Crosman parte do desenho, tido tanto como enunciado visual, quanto verbal, para articular proposições e questionamentos na relação entre ação, tempo e espaço. Essa investigação toma forma em mídias diversas e tem como busca uma possível performatividade da linguagem: uma operação na qual a ação e o resultado da ação estão intrinsecamente ligados. Torna-se visível o corpo que faz, a duração do fazer e o suporte como fonte de informações próprias: um espaço que não é virgem. Nesse sentido, seus trabalhos tocam em processos de visibilidade, camadas de percepção e a constante interrupção de acesso através da ideia de obstáculo.

O trabalho de Felipe Abdala tem como ponto de partida os questionamentos a respeito do meio de do fazer do desenho. A criação de sistemas que geram desenhos, onde conceitos fundamentais como a linha, o ponto e o plano são discutidos; o pensamento acerca do fracasso desses mesmos sistemas, que dizem respeito à uma teoria da forma que não responde mais às pesquisas artísticas contemporâneas; a tentativa de um desenho que não se prende nem a dimensões físicas nem aos processo tradicionais e históricos do seu fazer; a percepção de que, na fatura, todo o corpo é ativado; por fim e por síntese, a afirmação de que desenho é, antes de tudo, pensamento. Esses são alguns dos temas presentes na produção do artista.

Marcelo Campos é curador independente e professor adjunto do Departamento de Teoria e História da Arte do Instituto de Artes da UERJ. Professor da Escola de Artes Visuais do Parque Lage. Doutor em Artes Visuais pelo PPGAV da Escola de Belas Artes/ UFRJ. Possui textos publicados sobre arte brasileira em periódicos e catálogos nacionais e internacionais. Autor do livro “Emmanuel Nassar: engenharia cabocla” e organizador dos livros “História da Arte: Ensaios Contemporâneos” e “História da Arte: escutas”.

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