Unnur Óttarsdóttir é um artista islandesa que trabalha com questões inerentes à participação e à arte relacional e que se manifestam em objetos, instalações, performances, vídeo, pintura e desenho público participativo. Seu mais recente trabalho – Reflections – está centrado na maneira pela qual as pessoas se “revelam” por meio da interação com os seus semelhantes. Unnur tem participado de exposições individuais e coletivas nas seguintes galerias e museus: Museu de Akureyri, Museu de Isafjordur, Museu de Arte de Reykjavik, The Faroe Islands National Art Museum e Edsvik Kunstall, em Estocolmo.
Unnur também trabalha como arteterapeuta (é pós-graduada em arteterapia pela Universidade de Hertfordshire, Inglaterra). Além de dirigir um consultório particular, já lecionou na Universidade de Akureyri, na Iceland Academy of the Arts, na Associação de Arteterapia da Romênia e na própria Universidade de Hertfordshire. Também realiza pesquisas pela Reykjavik Academy, além de escrever artigos sobre o tema para publicações islandesas e de outros países.
Durante o período de sua residência no Rio de Janeiro, que contou com o financiamento do The Icelandic Visual Art Copyright Association e da The Association of Icelandic Artists, Unnur explorou questões sobre relacionamento e pertencimento, ver e ser visto, por meio da prática do desenho e do uso de espelhos. Este método foi inspirado, em parte, pelos trabalhos desenvolvidos pela artista brasileira Lygia Clark. O resultado desta experiência pôde ser visto também no seu país, na Galeria de Arte Mosfellsbær, em novembro de 2015.
Mais informações: www.unnurottarsdottir.com
Texto curatorial
por Michelle Sommer
Qual é a potência que reside exclusivamente na troca visual – entre eu e você – quando abolimos palavras? Aqui, a artista islandesa Unnur Óttarsdóttir dá seguimento à série Reflections, inspirada nas proposições de Lygia Clark, na década de 70. Na dualidade objetual (arte-terapia), entre espelhos, em “exercícios para a vida”, opera-se por identificação. Apreendemos nossa unidade corporal quando nos refletimos no espelho; criamos uma unidade pela imagem (dupla) quando nos reconhecemos, por semelhança, no outro. No campo fechado do objeto ocular, impedidos de escapes da visão e mobilizados por afeto, nos tornamos instantaneamente presentes. Ao propor a criação de uma “escultura pessoal invisível”, a artista simultaneamente revisita e expande a posição do estádio do espelho da teoria lacaniana e oferta possibilidades de experiências de sensibilização. Reflections pode ser lida como exercício para (re)estrutururação do self que escapa às palavras.
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