Rosana Sancin é uma artista, curadora e pesquisadora nascida na Eslovênia. Atualmente, vive e trabalha em Berlim, na Alemanha. Seu interesse transita pela estética descolonialista, antopofagia, tropicalidades, feminismo black e posições artísticas instáveis e migratórias que emergem do “sul global”. Recentemente, Rosana recebeu uma bolsa de estudos integral do Independent Curators International (Nova York) e passou a fazer parte desta rede. Também afiliou-se ao Curatorial Bureau, um projeto capitaneado pelo curador e artista cubano Derme Leon, com sede em Berlim. Sua residência no Rio de Janeiro serviu como laboratório de investigação sobre o tema “antropofagia”, entre outras questões associadas ao colonialismo contemporâneo. Neste contexto, a artista imergiu no cotidiano da cidade do Rio de Janeiro, conectou-se com artistas locais e gravou conversas alusivas à sua investigação.
Texto curatorial
por Alexandre Sá
É curioso discorrer sobre um trabalho que faz do seu assunto, da sua preocupação e do seu desejo, o mote para as diversas reverberações que adquire na materialidade difusa da sua constituição. É no hiato entre a horizontalidade semântica e a fragilidade (no melhor sentido) física que a artista eslovena Rosana Sancin resolve mergulhar para produzir suas negociações e sua pesquisa expandida sobre os eixos de aproximação e distanciamento, repletos de confrontos e estranhezas, entre diversas culturas e entre os mais distintos modos de circulação de arte.
Trata-se de um trabalho quase arqueológico de investigação profunda das fronteiras e dos limites que sustentam as disparidades e similitudes culturais. Durante o período de sua residência, algo lhe surge como preocupação inevitável e paradoxalmente, inóspita: a antropofagia. Não especificamente aquele eixo antropofágico amarrado a um determinado momento histórico, mas as reverberações possíveis da antropofagia hoje na cidade e no sistema. Se há de fato, um resquício de antropofagia em nós, em que medida ele se coloca? Ou melhor, como ele pode vir a ser colocado dentro de um universo ligeiramente claustrofóbico sustentado por um cubo branco? Como certamente são perguntas sem respostas precisas, seu trabalho é espraiar-se por encontros, agenciamentos, vozes e imagens que ela recolhe ao longo do tempo, como se tentasse construir um pequeno repositório de imagens que, obviamente, estarão sempre fadados ao fracasso.
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