Catherine Boisvenue vive e trabalha em Montreal, Canadá. É recém-graduada em Artes Visuais e Midiáticas pela Universidade de Quebec (Montreal). Também estudou psico-educação, além de um curso de formação em intervenções artísticas no Machincuepa Circo Social, localizado no México. Paralelamente à sua prática artística, Catherine está interessada no poder que a arte pode exercer sobre o ser humano e uma comunidade. Após participar de uma exposição em maio do ano passado no Memorial da América Latina em São Paulo, decidiu estreitar seus laços com o Brasil através de uma residência artística. Selecionada para participar do Programa de Residências Despina, Catherine concentrou-se em uma prática que combinou a pintura com as relações construídas com o outro e a cultura local.
Texto curatorial
por Michelle Sommer
O artista norte-americano Robert Smithson cunhou a dialética entre site e non-site no final dos anos 60. Para ele, o site representava o mundo em si, o lugar original da produção artística extra-muros, enquanto o non-site seria o trabalho de arte dentro da galeria, representado pela articulação de uma parte do concentrado do lugar original, que em certa medida remetia para o site, em si.
O site da artista canadense Catherine Boisvenue é a rua, em seu caráter público. A sua relação com o lugar dá-se na disponibilidade para ver-ouvir-sentir a cidade e seus habitantes e as ações realizadas por eles no espaço urbano. Lá, nos muros da urbe, estão pôsters, folders, pequenos anúncios, colados em camadas de tempo: declarações para quem se gosta; consultas de tarô e búzios; ofertas de imóveis; amour, amour.
O que você busca? O que você busca, Catherine?
No encontro com a paisagem da cidade, papéis são arrancados pela artista em gestos fortes e um mural é configurado indoors. Um non-site. Que se espalha, se expande na parede da galeria e toma, também, a forma – alegre – de mobiliário para posterior uso urbano. Quantos olhos atentos residem na última camada de ilustração inserida pela artista nesse mural? O que você vê? Com seus olhos, Catherine nos oferta a arte do invisível no resíduo da cidade. Os encontros também são de papel.
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