Nascido em Lima, Peru. Vive e trabalha em Santiago do Chile desde 2000. Artista visual e fotógrafo formado pela Universidade do Chile, La Rosa participou de exposições coletivas e individuais em instituições como o Museu de Arte Contemporânea e o Museu Nacional de Belas Artes, ambos no Chile. Atualmente é professor assistente do Departamento de Fotografia da Faculdade de Artes da Universidade do Chile.
Seu trabalho é uma busca pessoal para compreender os processos e comportamentos humanos evocados através de elementos orgânicos e inorgânicos, bem como das concepções filosóficas de trabalhos experimentais ou científicos que estão presentes na prática artística em geral. Recentemente, está debruçado na sua experiência migratória no Chile e a sua ligação com seu país de origem.
Na Despina, La Rosa buscou conexões com os diferentes imaginários que cercam a sua atual pesquisa artística, seja através da incidência da mistura racial e sociocultural no Brasil, seja pela alusão à sua origem e experiência migratória e identitária no Chile. E também pela reconfiguração social que acontece atualmente no Chile, com base no que o Brasil já viveu em tempos coloniais, vinculando uma visão tripartite e atemporal sobre as distinções daquilo que concebemos como sociedades latino-americanas e que estão relacionadas por meio das mesmas doenças históricas.
Durante seu processo, La Rosa transportou essas problematizações para processos experimentais, nos quais se aproveitou de elementos vernaculares (orgânicos e inorgânicos) e poetizou de alguma forma as concepções de origem, reformulação e constante transformação.
Mais informações
Web site: manuel-larosa.com
Instagram: @mnuelarosa
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Texto crítico, por Victor Gorgulho
A produção artística de Manuel La Rosa orbita em torno da ideia de deslocamento, geográfica e alegoricamente. Nascido em Lima, no Peru, e radicado em Santiago, no Chile, o artista investiga sua própria condição migratória e as implicações identitárias e sócio-culturais que ela revela em sua vida pessoal e trabalho.
A instalação que exibe após seus dois meses de residência reúne experimentos produzidos em diferentes suportes e técnicas. Em comum, investigam os signos e códigos que a transferência geográfica de Santiago para o Rio de Janeiro revela. La Rosa debruça-se sobre este desplazamiento, por exemplo, ao induzir a ação da salinização da água do mar em materiais como o látex de luvas de laboratório. Em resultado, manifestam-se transpirações, cristalizações, mutações de toda ordem.
A escolha por trabalhar com determinados materiais é indicativa de sua vivência da cidade, da praia a Zona Norte, atravessando o período do carnaval. A estrutura metálica que corta o espaço sugere um caminho em processo, ongoing, remetendo tanto aos andaimes utilizados para construir edificações efêmeras quanto aos pinos metálicos empregados na fixação óssea em contextos cirúrgicos – ambos vistos pelo artista com frequência em suas caminhadas pelo espaço urbano.
O embate entre estruturas orgânicas e inorgânicas, campo de interesse de Manuel, reforça a atmosfera de experimento científico do conjunto de trabalhos. A união entre a metade de uma batata e a de um inhame – tubérculos típicos de origem andina e brasileira, respectivamente – ganha valor escultórico ao serem enlaçados por barbante ou envoltos pelo látex preto das luvas. A desconsertante junção das partes não só referencia as condições de origem díspares dos vegetais como aponta para a possibilidade da construção de um corpo terceiro: disforme, uno, novo.
O curador e pesquisador Victor Gorgulho acompanhou o processo de pesquisa e prática de Manuel La Rosa durante a sua residência na Despina.
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Galeria de fotos (navegue pelas setas na horizontal)
por Frederico Pellachin