Vive e trabalha em Amsterdã, Holanda. Durante a sua residência na Despina, Opty trabalhou com temas que envolvem aprendizado, fracasso e sucesso no fazer artístico. Experimentação e método em si atuaram como ponto de partida para essa exploração – muitas vezes revelando o trabalho por trás do trabalho, a fim de tornar a realização final mais acessível para o espectador.
A repetição intencional de motivos figurativos e não figurativos é um ponto chave dentro de sua prática, como um meio de sistematizar a sua pesquisa. Materiais de secagem rápida – como acrílico e nanquim – são fundamentais para que essas reincidências ocorram, assim como o desenho em papel e sua tradicional associação com o esboço e com os estudos preparatórios.
***
Texto crítico, por Victor Gorgulho
Nos trabalhos realizados durante seus três meses de residência na Despina, Andrew Opty investiga as possibilidades da pintura enquanto meio, articulando-as ao seu interesse pelo design generativo. Tentáculo do design contemporâneo, a ideia de “generative” design utiliza algoritmos de inteligência artificial para gerar resultados, em um processo automatizado de produção de imagens que caminha, naturalmente, na contramão da pintura.
Em suas telas abstratas, o artista parte de sequenciais experimentos técnicos feitos em seus “charts”, cartelas compostas por “grids” em que explora técnicas pictóricas diversas, relacionando cor, tinta e composição. Como numa espécie de catálogo, são obras que funcionam como referência para composições maiores, onde a pintura é produzida – gerada – a partir dos restos de tinta acumulados nas paletas de tinta advindas destes testes e também de trabalhos antigos, como seus primeiros experimentos no campo do retrato. São composições que oscilam entre o randômico e a engenhosidade de arranjos em que a presença da mão humana se revela necessária, indispensável.
Operando em uma similar subversão do léxico tradicional da pintura, seus “portraits” consistem em uma série em curso em que o artista trabalha a materialidade da tinta sobre a imagem de dois rostos, um masculino e um feminino, gerados por algoritmo. Opty deforma, esconde e esgarça expressões faciais vazias, inabitadas. Camadas de tinta sobre seres gerados pela computação, em uma era em que a arte parece ser pós (e pré?) tudo.
O curador e pesquisador Victor Gorgulho acompanhou o processo de pesquisa e prática de Andrew Opty durante a sua residência na Despina.
***
Sobre: Trabalhos abstratos
Nesta série de trabalhos, Andrew Opty explora seu interesse no design generativo, na inovação técnica e na materialidade da própria tinta como um artefato. Usando tintas acrílicas acumuladas em paletes antigas, Opty reformula as sobras em colagens abstratas. Como efeito colateral dessa abordagem, a tinta deixada nas paletas de pinturas anteriores é frequentemente reciclada em trabalhos subsequentes. Em Untitled # 4, por exemplo, o que sobrou se torna um assunto chave, enquanto Untitled # 6 é formado inteiramente por sobras de paletas utilizadas em experimentos técnicos fracassados ou em uma série de retratos. Chart (“Gráfico”) é uma forma de catálogo para vários desses experimentos técnicos. Funciona como um registro prático, bem como uma referência para a geração de composições maiores, como Untitled # 1-4.
Sobre: Retratos em curso
Neste grupo contínuo e inacabado de retratos, Andrew Opty olha para o papel sempre em evolução da tecnologia e a resposta que damos a isso como seres humanos e artistas. Os retratos utilizam como ponto de partida uma pesquisa acadêmica recente sobre Redes Adversariais Generativas (uma técnica em Inteligência Artifical) e sua capacidade de sintetizar rostos humanos oriundos de fotos realistas inteiramente fictícias, mas convincentes. Opty, em seguida, serve-se desse assunto como uma espécie de criatividade assistida por máquina para apoiar seu próprio aprendizado e exploração no antigo ato de pintura de retratos.
***
Galeria de Fotos (navegue pelas setas na horizontal)
por Frederico Pellachin e Andrew Opty