No Calor da Batalha!

Crack Rodriguez, Jesus Bubu Negrón, Luciana Magno
28.10.2016 - 25.11.2016

Arte e Ativismo na América Latina – ano I (2016)

Sob o signo dos trópicos, o projeto Arte e Ativismo na América Latina nasce do desejo de articular ideias e práticas artísticas enraizadas num continente tão diverso quanto unificado diante do constante embate entre o passado histórico colonial e a sempre renovada promessa de um futuro redentor (utópico?), bem como entre as forças de dominação econômica e cultural e o sonho de maior independência política e ampla experiência democrática.

Ao relativizar não apenas os laços culturais comuns a unir os países latino-americanos, mas também as diferenças inerentes a geografias e heranças coloniais distintas, este programa busca instituir uma plataforma de debate e ação que investigue novas estratégias artísticas para fazer face ao conjunto de dilemas e crises políticas atualmente enfrentadas em escala local, regional ou mesmo global.

Para tanto, Despina, em parecria com o Prince Claus Fund, promove um inusitado encontro entre artistas cujas preocupações políticas se estabelecem no coração de suas práticas criativas. Neste ano I do projeto (2016), três artistas foram convocados a viver conjuntamente no Rio de Janeiro para que, individual e coletivamente, desenvolvessem ações artísticas, pesquisas e estratégias de ocupação e tensionamento das variadas noções de espaço público.

A exposição “No Calor da Batalha!” conta com um conjunto de trabalhos especialmente desenvolvidos pelos artistas Bubu Negrón (de Porto Rico), Crack Rodriguez (de El Salvador) e Luciana Magno (de Belém do Pará) durante o período de dois meses, em que viveram em solo carioca. Entre obras audiovisuais, instalativas e performáticas, destacam-se as ações públicas que respondem ao calor do momento político que mobiliza o debate em território nacional.

Inspirado nas fanfarras e blocos carnavalescos cariocas, Jesus Bubu Negrón orquestra um ato performático que explora a “surdez” e o “mutismo” que caracterizam a ausência de transparência na circulação de informações e o desprezo pelas vozes minoritárias no Brasil e na América Latina contemporâneos. Neste sentido, tambores e trombones são tocados sem que seja possível ouvir os sopros e as batucadas, produzindo, assim, um descompasso entre a tensão dos movimentos desempenhados pelos músicos e a ausência absoluta do som. Ainda, o artista porto-riquenho investiga os trabalhadores informais de rua – camelôs – para estabelecer o debate sobre a cultura de consumo e descarte de mercadorias, bem como sobre as estratégias de sobrevivência num mercado que descarta cidadãos e suas forças de trabalho.

Crack Rodriguez parte das manifestações que acaloraram confrontos entre policiais, professores e estudantes em cidades brasileiras que se deram na esteira da ocupação de escolas públicas em 2016 e que ganharam fôlego renovado recentemente em função das MPs 746 e 241, que reveem o programa de ensino médio no país e os fundos destinados à educação, respectivamente. Utilizando carteiras escolares como elemento escultórico, simbólico e performático, o artista de El Salvador promove um movimento de queda coletiva simbolizando a derrubada das estruturas verticais de poder nas instituições de ensino.

Já Luciana Magno estabelece uma crítica direta ao sistema político em vigor no Brasil, o qual enseja a formação de siglas de aluguel sem efetiva representatividade popular e reflete o absoluto descompromisso com programas políticos de clareza ideológica. Em meio às turbulentas eleições municipais – que se desdobram pari passu ao processo de impeachment de Dilma Roussef e às investigações da Lava-jato -, a artista do Pará lança o partido político BLA (Brasil Libertário Anárquico), o qual desloca-se pela cidade, entre comícios e outras manifestações de rua, difundindo seu discurso indecifrável e suas palavras de ordem na expressão da onomatopeia BLÁ-BLÁ-BLÁ, que serve como sigla para a agremiação de caráter anarquista.

Enquanto as ações e performances aconteceram no espaço público – mote das residências e debates que ocorreram neste primeiro ano do projeto Arte e Ativismo na América Latina -, o espaço expositivo da Despina apresentou registros em vídeo das performances, elementos residuais das experiências nas ruas e obras escultóricas e instalativas que remetem às pesquisas levadas a cabo pelo grupo de artistas em seus dois meses no Brasil.

Ao relativizar o papel da arte – seu usual compromisso com a produção material e, portanto, com a circulação de objetos/mercadorias de valor tanto simbólico quanto comercial -, o projeto estabelece o debate acerca da desmaterialização da obra de arte e de sua ampla circulação em ambientes não institucionais.

Bernardo José de Souza
curador

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Para saber mais sobre os artistas e a primeira edição do ARTE E ATIVISMO NA AMÉRICA LATINA, clique aqui.

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GALERIA DE FOTOS (navegue pelas setas na horizontal)
por Frederico Pellachin

 

Coisa Pública

Ana Costa Silva, Ana Matheus Abbade, Anitta Boa Vida, Coletivo Cotidiano & Mobilidade, Grupo Poro, Letícia Parente, Mayra Martins Redin, Neil Beloufa, Regina Parra, Traplev
20.09.2016 - 01.10.2016

Sob curadoria geral de Bernardo Mosqueira e Bernardo José de Souza, com colaboração de Alexandre Ponzi, Caetano Vidal, Fernanda SarkisIsabella Lescure, Ludimilla Fonseca, Marina Marchesan e Mônica Klemz, este projeto tem como premissa curatorial a reflexão sobre as relações que constituem a esfera pública, e pretende abordar os aspectos políticos e culturais que caracterizam a experiência coletiva.

A rua – campo politicamente orientado, território de poder e criação, é onde propomos um percurso de experiências que nos permitam vivenciar e ressignificar a coisa pública.

Como alguém que, ao se deparar com um beco sem saída, sobe no muro para ver o que existe do outro lado, a galeria é entendida como portal – passamos por ele para alcançar o que há lá fora. E, na superação das paredes erguidas, repensamos e provocamos a atuação humana na cidade por meio de processos artísticos.

Assim, espaço expositivo e espaço urbano se expandem e se fundem, permitindo explorar a cartografia da esfera pública para a (des)construção do lugar de discussão e diálogo entre partes interessadas.

Na malha urbana retorcida e ruidosa multiplicam-se os não-lugares, os silêncios. Para a coisa acontecer, é necessário lançar mão da comunicação, sugerir encontros e pensar a prática artística como zona de produção simbólica e como plataforma para investigar e tensionar as tramas do tecido social.

Coisa Pública demonstra, então, a implicação político-social e a força disruptiva de projetos artísticos que convocam à aproximação e ao entrosamento, repercutindo transitoriedade e reorganização espacial. Uma mostra construída para revelar pontos de contato inauditos e mapear novos modos de transitar e transpor, derivar e desviar.

Artistas

Anna Costa e Silva
Ana Matheus Abbade
Anitta Boa Vida
Coletivo Cotidiano & Mobilidade
Grupo Poro
Letícia Parente
Mayra Martins Redin
Neil Beloufa
Regina Parra
Traplev

Abertura: 20 de setembro, às 19h
Encerramento: 1º de outubro, às 15h
Local: Despina | Largo das Artes

Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado
Centro – Rio de Janeiro, RJ

O projeto Coisa Pública foi concebido durante o curso “Práticas Curatoriais Contemporâneas”, ministrado por Bernardo Mosqueira e Bernardo José de Souza na Despina | Largo das Artes, no período de junho a setembro de 2016.

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Ações de encerramento

A convergência entre espaço expositivo e espaço urbano materializa-se exatamente no encerramento do projeto, que acontece no sábado, dia 1º de outubro (não por acaso, véspera das eleições municipais).

A partir das 15h, as ruas e imediações do Largo São Francisco de Paula e SAARA (centro do Rio), serão ocupadas por artistas, ativistas, agentes culturais e coletivos que realizarão performances, percursos, ações e intervenções urbanas. Toda essa movimentação no entorno da galeria é pensada para sugerir encontros, levantar questionamentos e refletir a prática artística como zona de produção simbólica e como plataforma para investigar e tensionar as tramas do tecido social.

Entre os participantes desta ação estarão artistas convidados pela curadoria como Anna Costa e Silva, Anitta Boa Vida, Coletivo Cotidiano & Mobilidade, Coletivo Ocupeacidade, Grupo Poro e OPAVIVARÁ!; e também artistas selecionados via convocatória pública, repercutindo aproximação, entrosamento e comunicação – preceitos indissociáveis quando discutimos a coisa pública. Assim, o projeto se encerra cumprindo o desejo inicial de demonstrar a implicação político-social e a força disruptiva de projetos artísticos que se propõem a repensar e provocar a atuação humana na cidade e na sociedade.

Lista de artistas selecionados

Amanda Costa
Andressa Boel
Ateliê Coletivo
Caetano Rocha
Danielle Spadoto
Juliana Wähner
Julia Brandão
Leo Ayres
Luan Machado
Lucas Freire de Oliveira
Lucas Vidal
Renata Richard
Simone Moraes

Galeria de Fotos (navegue pelas setas na horizontal)
por Frederico Pellachin e Marina Marchesan

 

 

Cidades Invisíveis

Amadeo Azar, Ana Holck, Anton Steenbock, Fernando Pinto, Heigorina Cunha, Hildebrando de Castro, Joana Traub Csekö, Le Corbusier, Marcos Chaves, Milton Machado, Pedro Urano, Pedro Varela, Terry Gillian, Wouter Osterholt
28.07.2016 - 30.08.2016
Curadoria: Felippe Moraes
Artistas: Amadeo Azar, Ana Holck, Anton Steenbock, Fernando Pinto, Heigorina Cunha, Hildebrando de Castro, Ingrid Hapke, Joana Traub Csekö, Le Corbusier, Marcos Chaves, Milton Machado, Pedro Urano, Pedro Varela, Terry Gillian, Wouter Osterholt
Abertura: Quinta-feira | 28 de Julho | 19:00
Exposição segue até 30 de agosto
Visitação: de terça a sexta-feira, das 11:00 às 19:00
Local: Despina | Largo das Artes
Rua Luis de Camões, 2 – Sobrado
Centro, Rio de Janeiro – RJ
Entrada gratuita

CIDADES INVISÍVEIS é uma proposta poética de discussão de urbanismos reais ou imaginários, utópicos ou distópicos que se organiza sob três eixos: destruição, construção e delírio. Têm-se como fio condutor o Rio de Janeiro e as mudanças simbólicas, assim como narrativas e urbanísticas, que a cidade sofre desde sua invenção. Em uma cidade como esta, talvez fosse ainda mais pertinente chamar tais eixos de setores, como se faz no contexto de um enredo de carnaval, artefato imprescindível para a elucubração de qualquer narrativa, dramática ou farsesca sobre um folclore materializado em ambiente urbano.

Como a forma de uma discussão parece assumir aquela do seu próprio assunto, este projeto estabelece-se sob as mesmas formulações empíricas assumidas por qualquer cidade: caoticamente desenvolvida por diversos indivíduos que, com ou sem um plano, constroem e destroem, inventando folclores e mitologias e vendo o factual tornar-se cada vez mais próximo de uma pantomima. Desta maneira, CIDADES INVISÍVEIS se deu a muitas mãos, remendos, delírios e epifanias em um complexo e curioso rizoma, no qual artistas se misturam a médiuns, arquitetos se tornam personagens carnavalescos e o carnaval se converte em um curioso compêndio de uma dialética consciente a descrever não só o Rio de Janeiro, mas a própria condição das cidades como manifestações simbólicas.

No início da obra de Ítalo Calvino, que dá o título a este projeto, o autor diz que: “Não se sabe se Kublai Khan acredita em tudo o que diz Marco Polo quando este lhe descreve as cidades visitadas em suas missões diplomáticas”, entretanto ambos os personagens parecem compreender que o que se conta sobre uma cidade é, em geral, mais belo e interessante do que a experiência da mesma. Desta forma, não sabemos se acreditamos nas cidades em que vivemos, e talvez até seja mais fácil de acreditar naquelas que não vemos. Contudo, devemos compreender que cidades são delírios e, como tais, mesmo depois de materializadas, seguem sendo histórias. Acreditando nelas ou não.

Felippe Moraes
curador

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BIBLIOTECA

Além dos artistas convidados, o espaço expositivo irá contar com uma pequena biblioteca com a bibliografia de referência da exposição recomendada para o visitante, que poderá encontrar títulos como o supra mencionado “Cidades Invisíveis”, de Ítalo Calvino, além de “Horizonte Perdido” de James Hilton, “1984” de George Orwell, “Da Bauhaus ao nosso caos” de Tom Wolfe, entre outros.

ENCONTROS E DEBATES

Dentro do período em cartaz, também estão programados dois encontros para a exibição de filmes seguidos de debates com o público para discutir a dialética entre arte e o espaço urbano:

10/08 – 19:00 – Longa metragem “Metrópolis”, de Fritz Lang
Conversa com Milton Machado e  Bernardo José de Souza. Mediação do curador Felippe Moraes

Clássico do cinema mundial, esta ficção científica alemã de 1927 impressiona pela sua atualidade, visto que todas as previsões feitas para uma distopia futurista 100 anos depois de sua produção parecem se tornar realidade. O filme mostra as relações de dominação e submissão entre uma elite que, do alto de arranha-céus, controla os meios de produção ,e a massa de trabalhadores, oprimida e manipulada em seus horrores cotidianos.

17/08 – 19:00 – Longa-metragem “HU (HU Enigma)”, de Pedro Urano e Joana Traub Csekö
Conversa com os realizadores e a pesquisadora Michelle Sommer. Mediação do curador Felippe Moraes

Um edifício partido ao meio: de um lado, o hospital; do outro, a ruína. E no horizonte, a Baía de Guanabara, o Rio de Janeiro, a saúde e educação públicas. Inteiramente filmado no monumental e apenas parcialmente ocupado prédio modernista do Hospital Universitário da UFRJ. Uma metáfora em concreto armado da esfera pública brasileira.

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PUBLICAÇÃO DO PROJETO

E, ao final, será lançada a publicação do projeto, que apresenta a experiência da realização desta exposição na Despina | Largo das Artes. Além disso, pensadores como Julia Lima, Bernardo de Britto, Bernardo de Souza, Bruno Mendonça, Michelle Sommer e Frederico Pellachin foram convidados a escrever sobre a mostra escolhendo os aspectos que mais lhes interessam, dentro do que eles percebem como “cidade invisível” e sob a ótica das suas pesquisas.

FICHA TÉCNICA

Realização: Despina | Largo das Artes
Patrocínio: Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e Secretaria Municipal de Cultura
Projeto e execução: Consuelo Bassanesi e Felippe Moraes
Curadoria: Felippe Moraes
Gestão e Assessoria Jurídica: Clarice Goulart Correa
Cenografia: Felippe Moraes
Cenotécnica: Anton Steenbock
Assistente de Cenotécnica: João Marcos Mancha
Design Gráfico: Pablo Ugá
Assessoria de Imprensa: Rafael Millon
Comunicação (web site e redes sociais): Frederico Pellachin
Produção: Pablo Ferretti, Consuelo Bassanesi, Frederico Pellachin
Fotografia: Denise Adams
Pesquisadores convidados: Bernardo de Britto, Bernardo José de Souza, Bruno Mendonça, Frederico Pellachin, Julia Lima e Michelle Sommer

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A realização de CIDADES INVISÍVEIS acontece sob patrocínio da Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro | Secretaria Municipal de Cultura para o ano de 2016, através do fomento para o Circuito Cultural Olímpico, que se realiza dentro da programação cultural sob o contexto dos Jogos Olímpicos Rio 2016.

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Clipping

Acesse o clipping completo da exposição “Cidades Invisíveis” por aqui.

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Galeria de Fotos
por Denise Adams

 

 

 

Jugador como pelota, pelota como cancha

Manuel Casanueva e “Los Torneos”
25.05.2016 - 24.06.2016

Manuel Casanueva e “Los Torneos”

Organização: Felipe Mujica
Abertura: 25 de maio, 19:00
(dentro da programação da SAARA NIGHTS)
Exposição segue em cartaz até 24 de junho
Horário de visitação: de terça a sexta-feira, das 11 às 19 horas
Entrada gratuita

“Los Torneos” é o nome de um jogo criado e desenvolvido pelo arquiteto e professor Manuel Casanueva, junto com alguns colegas e estudantes da Escola de Arquitetura da Universidade Católica de Valparaiso (Chile) entre 1974 e 1992. Concebido como um exercício lúdico e coletivo, sua estrutura (espaço, equipamentos, regras e artefatos) buscava gerar diferentes situações de interação corporal e espacial, com ênfase na casualidade e improvisação. A exposição que chega à Despina | Largo das Artes reúne uma documentação (fotos e vídeos) de alguns “torneos” selecionados, bem como imagens dos cadernos de estudo de Casanueva. Ambos, imagens e documentação, são exibidos pela primeira vez no Brasil.

Acompanha esta mosta uma re-edição da publicação “Jugador como pelota, pelota como cancha”, editada e ilustrada por Felipe Mujica. Impressa em risografia e com uma capa de seda, esta é a terceria edição de um total de 100 exemplares, reunindo imagens e textos descritivos de cada “torneo” (escritos por Manuel Casanueva – em espanhol e inglês). Uma quantidade limitada desta publicação estará à venda na noite de abertura.

Esta exposição só foi possível graças ao apoio de:
Despina | Largo das Artes, Marcio Botner, Pablo León de la Barra, Bernardo José de Souza, Archivo Historico José Vial Armstrong, Escola de Arquitetura e Design, Universidade Católica de Valparaiso, DIRAC, Ministério das Relações Exteriores (Governo do Chile), Ximena Iommi, Olivia Casanueva, Sylvia Arriagada e Esmeralda Rodriguez.

Informações sobre a imagem acima

Alunos e professores reunidos antes (ou depois) do “torneo” CARRERA A CIEGAS, 1974, Sporting, Viña del Mar, Chile. Crédito: Arquivo Histórico José Vial Armstrong, Escola de Arquitetura e Design, Universidade Católica de Valparaíso, Chile.

Galeria de Fotos

Da urgência de cada um

Aline Baiana, Ana Beatriz Souza, Ana Luiza Firmeza, Dani Soter, Daniel Santiso, Fernando Schubach, Gabriel Moraes, Guerreiro do Divino Amor, Gustavo Duarte, Lou Caldeira, Lyz Parayzo, Maria Isabel Iorio, Mauro Santa Cecília, Pedro Paulo Honorato, Tamara Ganem e Vinicius Monte.
14.04.2016 - 06.05.2016

“Da urgência de cada um” é uma exposição que reúne alguns alunos-artistas integrantes do programa Práticas Artísticas Contemporâneas (PAC) e do curso Circuito Aberto e Fechado que ministramos naEscola de Artes Visuais do Parque Lage; e que em certo sentido já tinham um trabalho de arte consolidado e/ou foram encontrando seus rumos ao longo dos encontros.

É importante destacar que o exercício de curadoria neste caso é ligeiramente mais amplo, pois não se trata da construção de uma teoria específica, de uma provocação para a história da arte e nem mesmo um simples exercício de expor trabalhos desejados de artistas específicos. Em certo sentido, não são trabalhos fechados; e exatamente por isto, também não caberia a utópica proposta de uma curadoria hermética. De qualquer forma, há o interesse claro de que provoquemos uma atmosfera de pensamento que nasça do entrecruzamento dos trabalhos e dos desejos expostos.

Talvez esta pseudo-curadoria se coloque como um acompanhamento de processos em desenvolvimento na fatídica busca de algo que seja próximo de uma poética pessoal e coletiva. Ao longo da exposição são previstos dois encontros com todos os envolvidos no projeto, para que possam junto ao público interessado, discutir as poéticas adotadas e a exposição compreendida como um trabalho em conjunto, da mesma forma que seu resultado em andamento, além de outros assuntos que eventualmente revelem-se pertinentes.

O título nasce de uma obviedade: a situação urgente. Não apenas a que nos envolve todos os dias. Mas aquela íntima, subjetiva e que vagarosamente parece ganhar força ao longo do tempo. Talvez tenhamos querido pensar visualmente em que medida a urgência de cada um é capaz de problematizar, potencializar e/ou revelar-se com um germe daquilo que recebemos como uma enxurrada de informações desencontradas e não necessariamente somos capazes de decifrar. A política aqui é compreendida de modo espraiado, ampliado e profuso. Como um eixo de desejo que nos atravessa, nos congrega, nos aparta, nos seduz e no mesmo movimento, provoca repulsa.

A parceria com a Despina | Largo da Artes surge em virtude de consideramos este espaço, o lugar ideal para tal projeto, já que se trata de um importante centro cultural que abriga uma produção jovem a partir de mostras e projetos de residências artísticas; e que vem se estabelecendo como um espaço profícuo para a reflexão da produção contemporânea.

Alexandre Sá & João Modé
curadores

Artistas
Aline “Baiana” Cavalcanti
Ana Beatriz Souza
Dani Soter
Daniel Santiso
Fernando Schubach
Gabriel Moraes
Guerreiro do Divino Amor
Gustavo Duarte
Lôu Caldeira
Lyz Parayzo
Maria Isabel Iorio
Mauro Santa Cecília
Pedro Paulo Honorato
Tamara Ganem
Vinicius Monte

Crédito da imagem
Pedro Paulo Honorato
Concha, 2016

Gazua #947

ANDREW DE FREITAS, RICARDO CÀSTRO, OPAVIVARÁ
28.10.2015 - 13.11.2015

Em 28 de outubro de 2015, Gazua #947 foi aberta ao público como a primeira ação expositiva da plataforma Gazua*, reunindo os trabalhos dos artistas Andrew de FreitasRicardo Càstro e do coletivo Opavivará. A exposição prosseguiu até o dia 13 de novedmbro.

Sobre os artistas

ANDREW DE FREITAS frequentemente utiliza variadas ferramentas e processos de produção de forma a explorar as peculiaridades da experiência cotidiana. Seus trabalhos reconfiguram materiais e situações pré-existentes, alterando a familiaridade que temos com objetos do dia a dia. O artista estudou arte e filosofia em sua cidade natal, Auckland, bem como no Canadá e em Frankfurt am Main, como aluno de Simon Starling e Peter Fischli. Atualmente vive e trabalha no Rio de Janeiro, onde participa do Programa Capacete.

www.andrewdefreitas.com

OPAVIVARÁ é um coletivo carioca formado em 2005. O grupo cria dispositivos que proporcionam experiências coletivas e ações em locais públicos, galerias e instituições culturais, propondo inversões dos modos de ocupação dos espaços urbanos. Opavipará participa ativamente no panorama das artes contemporâneas no país e no exterior.

www.opavivara.com.br

RICARDO CÀSTRO é artista visual, performer e criador da Arte Abravanada. Atua como pesquisador na relação corpo-espaço e atualmente se dedica à realização de obras abertas à participação do público. Através de instalações, vídeos, performances e objetos, Ricardo Càstro propõe o deslocamento do indivíduo que se abre a novos espaços mentais e ao redesenho de um pensamento livre. Ideias de magia, ciclo, morte e renascimento estão presentes na produção do artista. Graduado em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade Mackenzie (São Paulo, 1995), com especialização em Artes Visuais pela Fundação Armando Álvares Penteado – FAAP (São Paulo, 2000), Ricardo vive e trabalha entre São Paulo e Rio de Janeiro.

www.abravana.com


Mais informações

www.gazua.net
www.facebook.com/gazua.net

 

Galeria de fotos

 

* Gazua é o termo que designa uma ferramenta qualquer que tenha por função abrir fechaduras e cadeados. Gazua surge como uma plataforma que reúne artistas e pessoas envolvidas em outras áreas de produção. O objetivo é promover o rápido acesso a espaços de exposições e espaços não convencionais no Rio de Janeiro, bem como desenvolver formas de materializar projetos variados. Os artistas que compõem Gazua – Anton Steenbock, Pablo Ferretti e  Rafael Perez Evans – têm ateliês na Despina, que serve como base para a elaboração e realização de propostas.

29 DE SETEMBRO

Adriana Ferraz, Anitta Boa Vida, Caroline Pavão, Cláudia Laux, Fábio Scaglione, Jânio Mendes, Jorge Cupim, Leila Bokel, Maria Fernanda Lucena, Piti Tomé, Regina Pereto e Talita Tunala.
29.09.2015 - 16.10.2015

“29 DE SETEMBRO” reuniu 12 artistas que desenvolveram seus trabalhos durante o curso Teoria e Portfolio, da Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage, em 2014, sob o olhar atento de Efrain AlmeidaMarcelo Campos.

“Esta exposição celebra um ano de convivência com um grupo formado por artistas que se dedicaram a exibir, discutir e alterar a estabilidade de seus trabalhos. Reunimos observações sobre assuntos ampliados, como pertencimento, escala, endereçamentos que atingiram, com maior ou menor grau de reação, meios e materiais, tais como o vídeo, a fotografia, a pintura, o desenho, entre outros. (…) Expõem-se, assim, poéticas plurais em distintos estágios de criação, saindo da invisibilidade dos procedimentos para o confronto com a exterioridade.”

Efrain Almeida e Marcelo Campos

Artistas: Adriana Ferraz, Anitta Good Life, Caroline Peacock, Claudia Laux, Fabio Scaglione, Janio Mendes, Jorge Termite, Leila Bokel, Maria Fernanda Lucena, Piti Thomas, Regina Pereto e Talita Tunala.

LUZ NEGRA

Pablo Ferretti, Rafael Perez Evans
30.07.2015 - 12.09.2015

Em “Luz Negra”, os artistas Pablo Ferretti e Rafael Pérez Evans confrontam práticas pictóricas que transitam entre a abstração e o figurativo, partindo das relações entre história e memória individual, entre superfície e profundidade. Em um exercício de arqueologia subjetiva e coletiva, ambos lançam luz sobre aquilo que Giorgio Agamben chama de “a escuridão do presente”.

Sobre os artistas

RAFAEL PEREZ EVANS é um artista espanhol/britânico que vive e trabalha no Rio de Janeiro. Formado em Belas Artes pela Universidade Goldsmiths de Londres, seus trabalhos já foram exibidos no México, Estados Unidos, Londres, Berlim, Madrid e São Paulo. Explorando a pesquisa etnográfica na sua prática, Rafael lida com histórias locais e coletivas, que irão resultar em instalações de técnica mista, sobre as quais incidem fotografia, mobiliário, vídeo, pinturas abstratas e imagens coletadas. Esta reunião de elementos díspares visa produzir uma nova confusão nas histórias e possíveis problemas inerentes à sua leitura. Algumas obras em vídeo e outras ações ativam um exercício de rastreamento, algo como seguir os passos, cavar a informação. A arte como arqueologia.

PABLO FERRETTI é um artista gaúcho que vive e trabalha no Rio de Janeiro. Sua pesquisa em pintura trabalha com questões de acúmulo e suspensão, controle e impermanência. Graduado em pintura pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS (2001), com Mestrado em Pintura pelo Royal College of Art, Londres, Inglaterra (2006-08). Em 2008, ganha bolsa anual para desenvolvimento do trabalho pelo Ridley Scott Associates, RSA Films Artist in Residence. Indicado em 2012 a Destaque em Pintura no VI Prêmio Açorianos de Artes Plásticas, em Porto Alegre, RS. Em 2014, é indicado ao Prêmio Investidor Profissional de Arte – PIPA.

Galeria de fotos

 

NATUREZA MORTA

Ines Linke, Louise Ganz
18.06.2015 - 03.07.2015

A fim de explorar a flora urbana da cidade do Rio de Janeiro, as artistas Ines Linke e Louise Ganz fizeram coletas de capins, matos, ervas em diversos locais e pontos, como terrenos baldios, calçadas, beiras de estradas, margens da praia, morros, canais e muros. Essas coletas foram levadas para floristas profissionais para confeccionarem arranjos.

Capins, ervas daninhas, matos, pragas – são todas designações daquilo que é considerado o mais vulgar e ordinário dentre os vegetais. A coleta de tais plantas na área urbana constitui um arquivo da vegetação incidental, de resistência, convívio ou imposição. Já o arranjo floral é símbolo de luxo, riqueza e festejos, principalmente porque agrega usualmente em sua feitura flores e plantas de alto valor no mercado, como plantas raras ou exóticas.

Neste projeto, contemplado pelo Prêmio Funarte Mulheres nas Artes Visuais – 2ª edição, os trajetos foram guiados pelas grandes avenidas, como a Avenida Brasil, e diversas coletas ocorreram nas zonas norte e oeste da cidade, em bairros como Ramos, Penha, Madureira, Irajá, Deodoro, Realengo, Acarí, dentre outros.

Thislandyourland é uma parceria iniciada em 2010 entre as artistas Louise Ganz e Ines Linke, que desenvolvem trabalhos que relacionam arte, natureza e cidade. Em seus projetos, elas realizam imagens e ações que investigam questões do uso e do acesso à terra, através de proposições em diversas mídias. A dupla de artistas expõe pela primeira vez no Rio de Janeiro.

Nesta primeira experiência em terras cariocas, foram exibidos um vídeo e uma instalação sonora, além de oito fotografias de arranjos confeccionados por floristas cariocas.


Sobre Thislandyourland

Ines Linke e Louise Ganz iniciaram parceria em 2007, e formaram o grupo Thislandyourland onde desenvolvem trabalhos em diversas mídias que relacionam arte, natureza e cidade. Em seus projetos, elas realizam imagens e ações que investigam questões do uso e do acesso à terra, assim como modos de vida e ocupação do espaço.

Entre suas exposições e projetos recentes estão: Domínio Privado, Utopiana Residence, Genebra, 2014; Bicicletas Ambiente: economias de quintal (pesquisa, ações e publicação de livro), Belo Horizonte, 2013; Cozinhas Temporárias: pelos quintais do Jardim Canadá (pesquisa, ações e publicação de livro), prêmio Residência Artística Ja.Ca Nova Lima, 2012/2013; Clareiras, prêmio Funarte Microprojetos Rio São Francisco, Rio Acima, MG (2013); exposição Outros Lugares, onde desenvolveram durante todo o ano a obra-espaço Museu Campestre e obras para o Museu de Arte da Pampulha, Belo Horizonte (2012); Área a Construir, evento Noite Branca, no Parque Municipal e Palácio das Artes, Belo Horizonte (2012); Expedição na Bahia, prêmio da 8a. Edição Rede Nacional Funarte Artes Visuais (2011/2012); BikeFoods, menção honrosa na exposição Esculturas Urbanas, São Paulo (2011); Muro Jardim, prêmio Muros: Territórios Compartilhados, Belo Horizonte (2011); Praia Atlântico Clube e Como Pular a Cerca, curtas-metragens produzidos com o prêmio Matizar, Rio de Janeiro (2010); Praia, Tirana International Contemporary Art Biannual, na Albânia (2009); exposição Percursos, Palácio das Artes, Belo Horizonte (2007); Metros Quadrados, documentário realizado com o prêmio DOCTV 3 (2006).


Sobre as artistas

INES LINKE nasceu na Alemanha e vive no Brasil desde 1996. É artista plástica e cenógrafa, doutora pela Escola de Belas Artes da UFMG. Professora da Escola de Belas Artes – UFBA.

LOUISE GANZ nasceu em Belo Horizonte, onde vive e trabalha. É artista plástica, arquiteta, doutora pela Escola de Belas Artes da UFRJ. Professora do curso de Artes Plásticas da Escola Guignard – UEMG.


Galeria de fotos

 

 

 

TRANSIÇÃO E QUEDA

Eduardo Montelli, Jonas Arrabal, Mayra Martins Redin
12.05.2015 - 12.06.2015

O intercâmbio artístico proposto pelos artistas Eduardo Montelli, de Porto Alegre (RS), Mayra Martins Redin, do Rio de Janeiro (RJ), e Jonas Arrabal, de Cabo Frio (RJ), não acontece no deslocamento físico deles, mas através de correspondências: cartas, e-mails, fotos, telefonemas.

A proposta do grupo foi investigar as possibilidades de uma prática artística coletiva à distância: “Queríamos ir para além do sentido comum, e repensar a ideia de intercâmbio, no sentido de troca de experiências, por meio da produção de trabalhos e relações recíprocas”, contam.

O projeto foi selecionado pelo Programa Rede Nacional Funarte Artes Visuais 11º edição, do Ministério da Cultura. Os artistas não saíram das suas cidades, mas as idas e vindas de materiais, descolamento de mensagens, falhas e desvios do processo enfrentado pelos três marcam o projeto.

São essas transições e quedas que dão nome ao título da exposição, que aconteceu simultaneamente em Porto Alegre e no Rio de Janeiro, entre maio e junho de 2015. Na verdade, trata-se da mesma obra, que se complementa nas duas cidades. Durante o processo de correspondência e criação, Eduardo, Mayra e Jonas contaram com a interlocução artística de duas curadoras, Daniela Mattos e Gabriela Motta.

A motivação de “Transição e queda” (proposições para construção de meios) é a partir de um sentimento latente do mundo atual: a falta de tempo. Todos querem ter tempo e recursos para produzir trabalhos em conjunto, apesar das distâncias geográficas e, principalmente, do afastamento que o ritmo veloz da vida cotidiana impõe a todos, e até mesmo aos artistas.


Ficha Técnica

Artistas
Eduardo Montelli
Jonas Arrabal
Mayra Martins Redin

Interlocução artística e curadoria
Daniela Mattos | Gabriela Motta

Produção
Andrea Santiago – Turbina Criativa
Camila Machado

Assessoria de Imprensa
Bárbara Secco

Estagiária de Produção
Silvia Bertelli


Sobre os artistas e curadores

EDUARDO MONTELLI – Tem 25 anos, vive e trabalha em Porto Alegre (RS). É mestrando em Poéticas Visuais pelo PPGAV/UFRGS. Trabalha com projetos gráficos, projetos para a internet, fotografia, vídeo, texto e instalações a partir de leituras, de experiências cotidianas e de memórias pessoais, dele e dos outros.http://cargocollective.com/eduardomontelli

JONAS ARRABAL – Nascido em Cabo Frio (RJ), tem 30 anos e é mestrando em Processos Artísticos pelo PPGARTES/UERJ. Vive e trabalha no Rio de Janeiro. Na sua obra, questões como permanência/impermanência, memória/esquecimento, estabelecendo relações com o teatro, cinema e a literatura, através da escrita, da voz e da narrativa. http://jonasarrabal.com

MAYRA MARTINS REDIN – Nasceu em Campinas, tem 32 anos, vive e trabalha no Rio de Janeiro. Doutoranda em Processos Artísticos pelo PPGARTES/UERJ. Em sua trajetória artística, trabalha as questões relacionadas à imagem e palavra, pensando os limites entre o visível e o invisível, o registro e a memória, a intimidade e a troca a partir de objetos, colagens, instalações e desenhos.http://issuu.com/mayraredin/docs/2015_janeiro_portfolio_

DANIELA MATTOS – Artista, educadora e curadora independente, na área de performance, fotografia, videoarte e escrita de artista. Doutora pelo Núcleo de Estudos da Subjetividade, PEPG/PC-PUC-SP. Participou de exposições, mostras de vídeo e publicações no Brasil e exterior. Como educadora, dentre outros trabalhos, atuou na Escola de Artes Visuais (EAV) do Parque Lage e elaborou atividades temporárias e performances em contextos educacionais na École d’art d’Avignon (França) e no Departamento de Artes Visuais da University of Chicago (EUA).

GABRIELA MOTTA – É curadora, crítica e pesquisadora em artes visuais. Desenvolve pesquisa de doutorado sobre o artista Nelson Felix na Escola de Comunicação e Artes (ECA) da USP. Fez parte da curadoria do Prêmio Marcantonio Vilaça CNI-SESI/2014, Rumos Itaú Artes Visuais e do grupo de críticos do Centro Cultural São Paulo. Desenvolveu projetos com as instituições MAC – USP, MAC Niterói e Fundação Iberê Camargo.


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